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Todos os Gonçalenses são colonizados pelo Rio de Janeiro

Todos os Gonçalenses são colonizados pelo Rio de Janeiro

Todos os Gonçalenses são colonizados pelo Rio de Janeiro. Alguns são “escravizados”, outros sofrem fortes influências e alguns são cariocas não-praticantes. Ninguém está livre dessa incorporação.

Pensa nos seus amigos cariocas. Pensou?

Quantas vezes você foi no Rio e Quantas vezes eles vieram em São Gonçalo? Lembre-se sempre que a distância é a mesma, mas os argumentos dos cariocas não colarem aqui são os melhores;

Cafifa pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Pipa responde – Porque vou passar perrengue na volta.

Italiano pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Joelho responde – Porque é longe.

Ezequiel pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Picciani responde – Porque é perigoso.

Íbson pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Goleiro Bruno – Porque faz o calor de Bangu

Sim, as desculpas são as mais esfarrapadas possíveis. Parece que é molinho esperar o 110 ali na Lapa ou andar até o Menezes Cortes. Parece que é uma delícia ficar 1h esperando o ônibus do Galo Branco na Central agarrado com aqueles caras que ficam burlando o Bilhete Único ali no ponto de ônibus. Parece que é mole andar em Ramos ou ir na Praia de Copacabana sem ter medo de ser assaltado.

Carioca tem uma autoestima da porra. Se fizer pesquisa no Rio sobre a Baía de Guanabara é capaz deles colocarem a culpa em São Gonçalo pela sujeira.

—–

Imagino as reuniões no período colonial como devia ser a vida de Gonçalo Gonçalves, o colonizador gonçalense:

Filipi I, da Dinastia Habsburgo quando Gonçalo chegava devia olhar pra ele e perguntar…

“Gonçalo, porque estás a atrasar?”

Gonçalo, com cara de obviedade respondia…

“Filipe I, o caminho é demorado. Eu saio da minha sesmaria de cavalo, passo pelo fonsequistão, terras do Príncipe Rodrigo Neves, e depois atravesso a Baía de Guabanara com a CCR Navios de Exploração. É longe!.”

—–

Admiro muitos lugares, eventos e pessoas que moram ai, mas o Rio de Janeiro é uma espécie de município criado em apartamento se comparar com o resto da região metropolitana do Estado.

Se um carioca pisar em São Gonçalo, Itaboraí ou na Baixada Fluminense, já tem que tomar benzetacil na hora por que não tem imunidade pra complexidade dessas áreas.

Vocês tem Crivella? Nós tem Aparecida.
Vocês tem Picciani? Nós tem nomes que não podem ser citados.
Vocês tem Polícia violenta? Nós nem polícia tem.
Vocês tem Jacob Barata? Nós tem Zé do Boi.
Vocês tem metrô? Nós tem raiva da linha 2 pular pra linha 4.
Vocês tem a ligth? Nós tem a ENEL
Vocês tem a CEDAE? Nós tem o resto dos cocô que vem.
Vocês tem filme legendado? Nós tem tudo dublado.

Saca? Meu problema não é com o Rio. Gosto do Rio, mas o carioca precisa sair do seu cercadinho.

Querem beijar os gonçalenses? Chama pra ir no Arpoador, mas também vem na Zé Garoto.

Querem transar com os gonçalenses. Chama pra ir nesses muquifo de Santa Teresa, mas também vem no Paloma.

Quer ter amigos gonçalenses? Chama pra ir na Lapa, mas também vem na Praça do Gradim.

Quer fazer rolê underground com os gonçalenses? Chama pra andar na madrugada no Rio antigo mas também vem tirar dinheiro nos caixas eletrônicos do posto de gasolina da Trindade.

A gente já é a mão de obra barata de vocês. A gente já tem que ficar achando que trabalhar no Rio é mudar a vida econômica da família. A gente tem que dar até kit de sobrevivência para quando um adolescente vai pela primeira vez no Rio. Dá uma moral pra gente, levanta sua bunda desse rolê eixo zona sul achando que esse é o lugar mais bem frequentado do mundo e vem pra cá, vem conhecer gente nova, lugares novos, ser assaltado por outro tipo de bandido. Inova!

A distância é mesma. A ponte e a baía que nos separa tem a mesma distância para ir e para voltar. Os ônibus são os mesmos. Seja menos.

Tu é amigo de gonçalense mesmo? Tu está apaixonado por algum ou alguma gonçalense? Então larga esse apartamento no Estado chamado Rio de Janeiro e da um rolê pelo bairro inteiro.

Originalmente publicado no site pessoal de Romário Régis.

Romário Régis
Romário Régishttp://agenciapapagoiaba.com/
Romario Regis é diretor da agência Papagoiaba, dedicada à produção e comunicação de conteúdo que dê visibilidade para as potências socioculturais do Leste Fluminense.

Todos os Gonçalenses são colonizados pelo Rio de Janeiro. Alguns são “escravizados”, outros sofrem fortes influências e alguns são cariocas não-praticantes. Ninguém está livre dessa incorporação.

Pensa nos seus amigos cariocas. Pensou?

Quantas vezes você foi no Rio e Quantas vezes eles vieram em São Gonçalo? Lembre-se sempre que a distância é a mesma, mas os argumentos dos cariocas não colarem aqui são os melhores;

Cafifa pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Pipa responde – Porque vou passar perrengue na volta.

Italiano pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Joelho responde – Porque é longe.

Ezequiel pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Picciani responde – Porque é perigoso.

Íbson pergunta – Por que não vem em São Gonçalo?
Goleiro Bruno – Porque faz o calor de Bangu

Sim, as desculpas são as mais esfarrapadas possíveis. Parece que é molinho esperar o 110 ali na Lapa ou andar até o Menezes Cortes. Parece que é uma delícia ficar 1h esperando o ônibus do Galo Branco na Central agarrado com aqueles caras que ficam burlando o Bilhete Único ali no ponto de ônibus. Parece que é mole andar em Ramos ou ir na Praia de Copacabana sem ter medo de ser assaltado.

Carioca tem uma autoestima da porra. Se fizer pesquisa no Rio sobre a Baía de Guanabara é capaz deles colocarem a culpa em São Gonçalo pela sujeira.

—–

Imagino as reuniões no período colonial como devia ser a vida de Gonçalo Gonçalves, o colonizador gonçalense:

Filipi I, da Dinastia Habsburgo quando Gonçalo chegava devia olhar pra ele e perguntar…

“Gonçalo, porque estás a atrasar?”

Gonçalo, com cara de obviedade respondia…

“Filipe I, o caminho é demorado. Eu saio da minha sesmaria de cavalo, passo pelo fonsequistão, terras do Príncipe Rodrigo Neves, e depois atravesso a Baía de Guabanara com a CCR Navios de Exploração. É longe!.”

—–

Admiro muitos lugares, eventos e pessoas que moram ai, mas o Rio de Janeiro é uma espécie de município criado em apartamento se comparar com o resto da região metropolitana do Estado.

Se um carioca pisar em São Gonçalo, Itaboraí ou na Baixada Fluminense, já tem que tomar benzetacil na hora por que não tem imunidade pra complexidade dessas áreas.

Vocês tem Crivella? Nós tem Aparecida.
Vocês tem Picciani? Nós tem nomes que não podem ser citados.
Vocês tem Polícia violenta? Nós nem polícia tem.
Vocês tem Jacob Barata? Nós tem Zé do Boi.
Vocês tem metrô? Nós tem raiva da linha 2 pular pra linha 4.
Vocês tem a ligth? Nós tem a ENEL
Vocês tem a CEDAE? Nós tem o resto dos cocô que vem.
Vocês tem filme legendado? Nós tem tudo dublado.

Saca? Meu problema não é com o Rio. Gosto do Rio, mas o carioca precisa sair do seu cercadinho.

Querem beijar os gonçalenses? Chama pra ir no Arpoador, mas também vem na Zé Garoto.

Querem transar com os gonçalenses. Chama pra ir nesses muquifo de Santa Teresa, mas também vem no Paloma.

Quer ter amigos gonçalenses? Chama pra ir na Lapa, mas também vem na Praça do Gradim.

Quer fazer rolê underground com os gonçalenses? Chama pra andar na madrugada no Rio antigo mas também vem tirar dinheiro nos caixas eletrônicos do posto de gasolina da Trindade.

A gente já é a mão de obra barata de vocês. A gente já tem que ficar achando que trabalhar no Rio é mudar a vida econômica da família. A gente tem que dar até kit de sobrevivência para quando um adolescente vai pela primeira vez no Rio. Dá uma moral pra gente, levanta sua bunda desse rolê eixo zona sul achando que esse é o lugar mais bem frequentado do mundo e vem pra cá, vem conhecer gente nova, lugares novos, ser assaltado por outro tipo de bandido. Inova!

A distância é mesma. A ponte e a baía que nos separa tem a mesma distância para ir e para voltar. Os ônibus são os mesmos. Seja menos.

Tu é amigo de gonçalense mesmo? Tu está apaixonado por algum ou alguma gonçalense? Então larga esse apartamento no Estado chamado Rio de Janeiro e da um rolê pelo bairro inteiro.

Originalmente publicado no site pessoal de Romário Régis.

Romário Régis
Romário Régishttp://agenciapapagoiaba.com/
Romario Regis é diretor da agência Papagoiaba, dedicada à produção e comunicação de conteúdo que dê visibilidade para as potências socioculturais do Leste Fluminense.

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