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Corpus Christi em São Gonçalo: uma recente tradição

Corpus Christi em São Gonçalo: uma recente tradição

Muito se tem escrito sobre a tradição cristã do Corpus Christi, Festa do Corpo e Sangue do Senhor. Em especial, sobre a tradição do tapete, enfeite do trajeto da procissão anexa à mesma festa. Como católico gonçalense, não poderia me isentar de comentar esta bela tradição de São Gonçalo pela ótica católica, para benefício tanto dos católicos gonçalenses, quanto dos que queiram entender a nossa cultura.

A Eucaristia

A Igreja Católica sempre entendeu nas palavras proferidas por Nosso Senhor Jesus Cristo, na chamada Última Ceia, que o pão e o vinho consagrados neste momento pelo sacerdote são, em real, o Seu corpo e o Seu sangue. A Igreja vive da Eucaristia. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” [1] mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. O Concílio Vaticano II[2] justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã”. De fato, “na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”. Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.[3]

Para o cristão católico, aquele pedaço de pão sem fermento é a real carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, e aquele vinho tinto o Seu precioso sangue. Inúmeros milagres durante dois mil anos dão ao fiel a comprovação dessa doutrina, como o Milagre de Lanciano, exaustivamente estudado pela Ciência.

Uma festa para sanar as dúvidas

A celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo) surgiu na Idade Média. Consta de uma missa, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento. Quarenta dias depois do Domingo de Páscoa é a quinta-feira da Ascensão do Senhor. Dez dias depois temos o Domingo de Pentecostes. O domingo seguinte é o da Santíssima Trindade, e na quinta-feira é a celebração do Corpus Christi. Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade.

No final do século XIII surgiu em Liége, atual Bélgica, um Movimento de revalorização da Eucaristia na Abadia de Cornillon. Foi a origem de vários costumes eucarísticos, como a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e a festa do Corpus Christi.

Santa Juliana de Mont Cornillon (1193-1258), à época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade.

Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significada a ausência dessa solenidade. Juliana comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, bispo de Liége, também a e Jacques Pantaleón, arquidiácono local, futuro Papa Urbano IV. O bispo Roberto ficou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte.[4]

O Papa Urbano IV, estava em Orvieto, cidade ao norte de Roma. Perto está Bolsena, onde em 1263 (ou 1264) aconteceu o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real., no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se empapando em seguida o corporal.

A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. Hoje se conservam os corporais [5] em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue. O Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, faz com que se estenda a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula “Transiturus” (de 8/9/1264) fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando muitas indulgências a todos que asistirem a Santa Missa e o ofício.

O ofício de Corpus Christi foi composto por São Tomás de Aquino, que usou parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas igrejas.

Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV. Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptos, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.

Corpus Christi – São Gonçalo

No Brasil, com tapetes

A confecção de tapetes de rua é uma magnífica manifestação de arte popular que tem como origem a comemoração do Corpus Christi. A tradição de fazer o tapete com folhas e flores vem dos imigrantes açorianos. Essa tradição praticamente desapareceu em Portugal continental, onde teve origem, mas foi mantida nos Açores e nos lugares onde chegaram seus imigrantes, como Florianópolis (SC).

A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses. Numa carta de 9 de agosto de 1549, o Padre Manuel da Nóbrega, da Bahia, informava: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”.[6]

As procissões portuguesas eram esplendorosas: tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças e cantos. A imagem de São Jorge, padroeiro de Portugal, seguia a procissão montada em um cavalo, rodeada de oficiais de gala.

A Liturgia Romana

Para as procissões eucarísticas, a cruz vai à frente ladeada por duas velas. Não se leva incenso junto à cruz. Atrás dela os ministros dois a dois, os acólitos, os diáconos e os concelebrantes. Estes últimos portam o pluvial, mas podem portar também a casula se a procissão foi feita logo após a missa. O celebrante principal, se não levar a sagrada eucaristia vai imediatamente à frente dela. Segue, então, a sagrada Eucaristia carrega por um clérigo vestido com alva, estola, pluvial e véu umeral de cor branca. É coberta pelo pálio ou pela umbela, carregado por quatro ou seis pessoas. À sua frente, vão dois acólitos com turíbulos fumegando. Se for o bispo a levar o Santíssimo, o báculo vai à frente dos turiferários e a mitra, bem como o livro atrás do pálio.

Além dos demais acólitos assistentes, vão na parte de trás da procissão, os clérigos em vestes corais. Os de maior dignidade vão mais perto da Sagrada Eucaristia. Durante a Missa o celebrante consagra duas hóstias: uma é consumida e a outra apresentada aos fiéis para adoração.

A procissão lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse povo foi alimentado com o pão maná, no deserto. Hoje, ele é alimentado com o próprio Corpo de Cristo em forma de pão.

Corpus Christi – São Gonçalo

O Corpus Christi em São Gonçalo

A festa passou a integrar o calendário religioso brasileiro em 1961, quando uma pequena procissão saiu da igreja de Santo Antônio e seguiu até a igreja de Nossa Senhora de Fátima em Brasília. A festa de Corpus Christi no município de São Gonçalo começou em 1995. [7]

Em 2010, os tapetes de Corpus Christi em São Gonçalo são patrimônio cultural imaterial do município, conforme a Lei Estadual 3141/10 de autoria do Deputado Altineu Cortes.[8] Sua extensão de 2000 metros o caracteriza como o maior em extensão da América Latina.

A cada ano, o Prefeito de São Gonçalo assina um decreto nomeando os componentes da Comissão dos Festejos de Corpus Christi no município, publicado no Diário Oficial da cidade.

Uma tradição católica e cultural gonçalense

A cidade de São Gonçalo foi fundada por portugueses e grande parte de sua arquitetura é de origem ibérica. Não somente as casas, mas o modo de ser das pessoas, do comércio, são típicos de antiguidade portuguesa. A religião católica é um dado característico dessa cultura e tornou-se também uma característica brasileira, desenvolvendo-se em formas próprias em uma chamada “brasilidade católica”.

A festa católica do Corpo de Cristo é assimilada em toda a Cristandade e não poderia deixar de ser em São Gonçalo também praticada. Com orgulho temos o maior tapete artístico de sal com motivos sacros de toda a América Latina. Isso demonstra não só a catolicidade de nossa cultura antiga, mas também a preservação de uma tradição para as gerações futuras, ansiosas de tradição e cultura seculares.

Corpus Christi – São Gonçalo

Fontes:

1 – Evangelho segundo são Mateus, capítulo 28, versículo 20.
2 – Reunião de todos os bispos da Igreja Católica, realizado de 1963 a 1966, em Roma, Itália.
3 – Carta Encíclica “Ecclesia de Eucaristia” (A Igreja da Eucaristia) do papa Paulo II, §1
4 – O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do ofício.
5 – guardanapos de pano branco onde se apóiam o cálice e a patena durante a Missa.
6 – Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931.
7 – Sítio oficial da Arquidiocese de Niterói, disponível em http://arqnit.org.br
8 – PROJETO DE LEI Nº 3141/2010 – DECLARA PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OS FESTEJOS RELIGIOSOS DE Corpus Christi E O TAPETE PARA A PROCISSÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ Autor(es): Deputado ALTINEU CORTES – A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º – Ficam declarados como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro os festejos religiosos de Corpus Christi e o tapete preparado para a procissão católica no município de São Gonçalo. Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua criação. Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 9 de junho de 2010.
Alexandre Martins
Alexandre Martinshttp://www.estudiomartins.com.br
Alexandre Martins é empresário cultural, desenhista, escritor, graduado pela EBA/UFRJ, catedrático da Academia Gonçalense de Letras, membro do Conselho Municipal de Cultura da cidade e presidente-fundador da SAL – Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo.

Muito se tem escrito sobre a tradição cristã do Corpus Christi, Festa do Corpo e Sangue do Senhor. Em especial, sobre a tradição do tapete, enfeite do trajeto da procissão anexa à mesma festa. Como católico gonçalense, não poderia me isentar de comentar esta bela tradição de São Gonçalo pela ótica católica, para benefício tanto dos católicos gonçalenses, quanto dos que queiram entender a nossa cultura.

A Eucaristia

A Igreja Católica sempre entendeu nas palavras proferidas por Nosso Senhor Jesus Cristo, na chamada Última Ceia, que o pão e o vinho consagrados neste momento pelo sacerdote são, em real, o Seu corpo e o Seu sangue. A Igreja vive da Eucaristia. É com alegria que ela experimenta, de diversas maneiras, a realização incessante desta promessa: “Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo” [1] mas, na sagrada Eucaristia, pela conversão do pão e do vinho no corpo e no sangue do Senhor, goza desta presença com uma intensidade sem par. O Concílio Vaticano II[2] justamente afirmou que o sacrifício eucarístico é “fonte e centro de toda a vida cristã”. De fato, “na santíssima Eucaristia, está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”. Por isso, o olhar da Igreja volta-se continuamente para o seu Senhor, presente no sacramento do Altar, onde descobre a plena manifestação do seu imenso amor.[3]

Para o cristão católico, aquele pedaço de pão sem fermento é a real carne de Nosso Senhor Jesus Cristo, e aquele vinho tinto o Seu precioso sangue. Inúmeros milagres durante dois mil anos dão ao fiel a comprovação dessa doutrina, como o Milagre de Lanciano, exaustivamente estudado pela Ciência.

Uma festa para sanar as dúvidas

A celebração de Corpus Christi (Corpo de Cristo) surgiu na Idade Média. Consta de uma missa, procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento. Quarenta dias depois do Domingo de Páscoa é a quinta-feira da Ascensão do Senhor. Dez dias depois temos o Domingo de Pentecostes. O domingo seguinte é o da Santíssima Trindade, e na quinta-feira é a celebração do Corpus Christi. Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi se celebra sempre numa quinta-feira após o Domingo da Santíssima Trindade.

No final do século XIII surgiu em Liége, atual Bélgica, um Movimento de revalorização da Eucaristia na Abadia de Cornillon. Foi a origem de vários costumes eucarísticos, como a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante a elevação na Missa e a festa do Corpus Christi.

Santa Juliana de Mont Cornillon (1193-1258), à época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinianas. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade.

Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que teve da Igreja sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significada a ausência dessa solenidade. Juliana comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, bispo de Liége, também a e Jacques Pantaleón, arquidiácono local, futuro Papa Urbano IV. O bispo Roberto ficou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, invocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte.[4]

O Papa Urbano IV, estava em Orvieto, cidade ao norte de Roma. Perto está Bolsena, onde em 1263 (ou 1264) aconteceu o Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração fosse algo real., no momento de partir a Sagrada Forma, viu sair dela sangue do qual foi se empapando em seguida o corporal.

A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. Hoje se conservam os corporais [5] em Orvieto, e também se pode ver a pedra do altar em Bolsena, manchada de sangue. O Santo Padre movido pelo prodígio, e a petição de vários bispos, faz com que se estenda a festa do Corpus Christi a toda a Igreja por meio da bula “Transiturus” (de 8/9/1264) fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes e outorgando muitas indulgências a todos que asistirem a Santa Missa e o ofício.

O ofício de Corpus Christi foi composto por São Tomás de Aquino, que usou parte de Antífonas, Lições e Responsórios já em uso em algumas igrejas.

Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV. Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptos, melquitas e os rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.

Corpus Christi – São Gonçalo

No Brasil, com tapetes

A confecção de tapetes de rua é uma magnífica manifestação de arte popular que tem como origem a comemoração do Corpus Christi. A tradição de fazer o tapete com folhas e flores vem dos imigrantes açorianos. Essa tradição praticamente desapareceu em Portugal continental, onde teve origem, mas foi mantida nos Açores e nos lugares onde chegaram seus imigrantes, como Florianópolis (SC).

A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses. Numa carta de 9 de agosto de 1549, o Padre Manuel da Nóbrega, da Bahia, informava: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”.[6]

As procissões portuguesas eram esplendorosas: tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças e cantos. A imagem de São Jorge, padroeiro de Portugal, seguia a procissão montada em um cavalo, rodeada de oficiais de gala.

A Liturgia Romana

Para as procissões eucarísticas, a cruz vai à frente ladeada por duas velas. Não se leva incenso junto à cruz. Atrás dela os ministros dois a dois, os acólitos, os diáconos e os concelebrantes. Estes últimos portam o pluvial, mas podem portar também a casula se a procissão foi feita logo após a missa. O celebrante principal, se não levar a sagrada eucaristia vai imediatamente à frente dela. Segue, então, a sagrada Eucaristia carrega por um clérigo vestido com alva, estola, pluvial e véu umeral de cor branca. É coberta pelo pálio ou pela umbela, carregado por quatro ou seis pessoas. À sua frente, vão dois acólitos com turíbulos fumegando. Se for o bispo a levar o Santíssimo, o báculo vai à frente dos turiferários e a mitra, bem como o livro atrás do pálio.

Além dos demais acólitos assistentes, vão na parte de trás da procissão, os clérigos em vestes corais. Os de maior dignidade vão mais perto da Sagrada Eucaristia. Durante a Missa o celebrante consagra duas hóstias: uma é consumida e a outra apresentada aos fiéis para adoração.

A procissão lembra a caminhada do povo de Deus, peregrino, em busca da Terra Prometida. No Antigo Testamento esse povo foi alimentado com o pão maná, no deserto. Hoje, ele é alimentado com o próprio Corpo de Cristo em forma de pão.

Corpus Christi – São Gonçalo

O Corpus Christi em São Gonçalo

A festa passou a integrar o calendário religioso brasileiro em 1961, quando uma pequena procissão saiu da igreja de Santo Antônio e seguiu até a igreja de Nossa Senhora de Fátima em Brasília. A festa de Corpus Christi no município de São Gonçalo começou em 1995. [7]

Em 2010, os tapetes de Corpus Christi em São Gonçalo são patrimônio cultural imaterial do município, conforme a Lei Estadual 3141/10 de autoria do Deputado Altineu Cortes.[8] Sua extensão de 2000 metros o caracteriza como o maior em extensão da América Latina.

A cada ano, o Prefeito de São Gonçalo assina um decreto nomeando os componentes da Comissão dos Festejos de Corpus Christi no município, publicado no Diário Oficial da cidade.

Uma tradição católica e cultural gonçalense

A cidade de São Gonçalo foi fundada por portugueses e grande parte de sua arquitetura é de origem ibérica. Não somente as casas, mas o modo de ser das pessoas, do comércio, são típicos de antiguidade portuguesa. A religião católica é um dado característico dessa cultura e tornou-se também uma característica brasileira, desenvolvendo-se em formas próprias em uma chamada “brasilidade católica”.

A festa católica do Corpo de Cristo é assimilada em toda a Cristandade e não poderia deixar de ser em São Gonçalo também praticada. Com orgulho temos o maior tapete artístico de sal com motivos sacros de toda a América Latina. Isso demonstra não só a catolicidade de nossa cultura antiga, mas também a preservação de uma tradição para as gerações futuras, ansiosas de tradição e cultura seculares.

Corpus Christi – São Gonçalo

Fontes:

1 – Evangelho segundo são Mateus, capítulo 28, versículo 20.
2 – Reunião de todos os bispos da Igreja Católica, realizado de 1963 a 1966, em Roma, Itália.
3 – Carta Encíclica “Ecclesia de Eucaristia” (A Igreja da Eucaristia) do papa Paulo II, §1
4 – O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do ofício.
5 – guardanapos de pano branco onde se apóiam o cálice e a patena durante a Missa.
6 – Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931.
7 – Sítio oficial da Arquidiocese de Niterói, disponível em http://arqnit.org.br
8 – PROJETO DE LEI Nº 3141/2010 – DECLARA PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO OS FESTEJOS RELIGIOSOS DE Corpus Christi E O TAPETE PARA A PROCISSÃO NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO/RJ Autor(es): Deputado ALTINEU CORTES – A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO RESOLVE: Art. 1º – Ficam declarados como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado do Rio de Janeiro os festejos religiosos de Corpus Christi e o tapete preparado para a procissão católica no município de São Gonçalo. Art. 2º – Esta Lei entra em vigor na data de sua criação. Plenário Barbosa Lima Sobrinho, 9 de junho de 2010.
Alexandre Martins
Alexandre Martinshttp://www.estudiomartins.com.br
Alexandre Martins é empresário cultural, desenhista, escritor, graduado pela EBA/UFRJ, catedrático da Academia Gonçalense de Letras, membro do Conselho Municipal de Cultura da cidade e presidente-fundador da SAL – Sociedade de Artes e Letras de São Gonçalo.

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