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É hora de uma atitude diferente no combate à violência

É hora de uma atitude diferente no combate à violência

É hora de tomarmos uma atitude diferente no combate à violência: exigir desenvolvimento social.

Faz tempo que a população de São Gonçalo vive com medo. Seguindo a máxima “Bandido bom é bandido morto”, tentamos matá-los, prendemos, mas não dá certo. Há sempre dois bandidos disputando a posição daquele que morreu ou foi preso. Apelamos à Polícia Militar e… bem, deixa pro parágrafo seguinte. Chega de sentir medo. É hora de tomarmos uma atitude diferente no combate à violência: exigir desenvolvimento social, com a autoridade que a Constituição Federal nos confia.

Aluguel de armas, extorsão e sequestro. Escolta armada para fugas, corrupção e venda de drogas. Atividades cotidianas de uma facção criminosa fardada composta por pelo menos 11% do efetivo do 7º Batalhão de Polícia, instalado em São Gonçalo. O mesmo batalhão de onde saíram os policiais assassinos – inclusive o comandante da unidade – da juíza Patrícia Acioli, há seis anos. Se até a polícia nos traiu, a quem recorrer, senão a nós mesmos?

José Mariano Beltrame, ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, prega que a segurança pública vai além do trabalho policial. Além de reduzir a precariedade da urbanização, é preciso dar perspectiva para a juventude, assistência social e propostas de proteção através da educação. Esse discurso jamais foi defendido pela sociedade fluminense como merecia, nem pelo governo estadual, mas faz parte da solução de qualquer país do mundo que enfrenta seriamente a criminalidade.

A pobreza é o primeiro crime. Os 25 países mais violentos ficam na América Latina e na África, regiões de baixo desenvolvimento humano. Nenhum na Europa, nem na América do Norte. Em São Gonçalo a renda per capita é inferior ao salário mínimo e somente 45,52% dos jovens de 18 a 20 anos terminaram o Ensino Médio (Atlas Brasil 2013). Quais alternativas a maioria dos jovens gonçalenses tem fora da escola? Dizer que mais da metade deles é voluntariamente vagabunda e bandida é a pior das hipocrisias. Não por acaso o município é violento.

Entre as vítimas, ao lado da população, os policiais honestos. Até o dia 17 de junho chegava a 81 o número de policiais mortos no Estado, alguns deles em São Gonçalo. Dentro da guerra sangrenta aí fora, não há meio-termo, mas heróis e bandidos. Felizmente existem heróis como os homens e mulheres da Corregedoria da Polícia Militar que participaram da caça aos criminosos corruptos da corporação semana passada.

O bonde do mal concentrado no 7º Batalhão, investigado pela Operação Calabar, era tão organizado que tinha até serviço de prevenção à inadimplência no pagamento de propina. Uma espécie de central telefônica mantinha contato com os extorquidos, traficantes de drogas de 46 comunidades. Quarenta e seis!, segundo o Jornal Extra.

Tanta opressão existe porque fazemos as exigências erradas. Ou nada exigimos, fugimos da responsabilidade. A violência só termina depois da pobreza. Há mais diferenças entre São Gonçalo e Estocolmo, a quarta cidade mais segura do mundo, do que seus índices de criminalidade.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

É hora de tomarmos uma atitude diferente no combate à violência: exigir desenvolvimento social.

Faz tempo que a população de São Gonçalo vive com medo. Seguindo a máxima “Bandido bom é bandido morto”, tentamos matá-los, prendemos, mas não dá certo. Há sempre dois bandidos disputando a posição daquele que morreu ou foi preso. Apelamos à Polícia Militar e… bem, deixa pro parágrafo seguinte. Chega de sentir medo. É hora de tomarmos uma atitude diferente no combate à violência: exigir desenvolvimento social, com a autoridade que a Constituição Federal nos confia.

Aluguel de armas, extorsão e sequestro. Escolta armada para fugas, corrupção e venda de drogas. Atividades cotidianas de uma facção criminosa fardada composta por pelo menos 11% do efetivo do 7º Batalhão de Polícia, instalado em São Gonçalo. O mesmo batalhão de onde saíram os policiais assassinos – inclusive o comandante da unidade – da juíza Patrícia Acioli, há seis anos. Se até a polícia nos traiu, a quem recorrer, senão a nós mesmos?

José Mariano Beltrame, ex-secretário de segurança do Rio de Janeiro, prega que a segurança pública vai além do trabalho policial. Além de reduzir a precariedade da urbanização, é preciso dar perspectiva para a juventude, assistência social e propostas de proteção através da educação. Esse discurso jamais foi defendido pela sociedade fluminense como merecia, nem pelo governo estadual, mas faz parte da solução de qualquer país do mundo que enfrenta seriamente a criminalidade.

A pobreza é o primeiro crime. Os 25 países mais violentos ficam na América Latina e na África, regiões de baixo desenvolvimento humano. Nenhum na Europa, nem na América do Norte. Em São Gonçalo a renda per capita é inferior ao salário mínimo e somente 45,52% dos jovens de 18 a 20 anos terminaram o Ensino Médio (Atlas Brasil 2013). Quais alternativas a maioria dos jovens gonçalenses tem fora da escola? Dizer que mais da metade deles é voluntariamente vagabunda e bandida é a pior das hipocrisias. Não por acaso o município é violento.

Entre as vítimas, ao lado da população, os policiais honestos. Até o dia 17 de junho chegava a 81 o número de policiais mortos no Estado, alguns deles em São Gonçalo. Dentro da guerra sangrenta aí fora, não há meio-termo, mas heróis e bandidos. Felizmente existem heróis como os homens e mulheres da Corregedoria da Polícia Militar que participaram da caça aos criminosos corruptos da corporação semana passada.

O bonde do mal concentrado no 7º Batalhão, investigado pela Operação Calabar, era tão organizado que tinha até serviço de prevenção à inadimplência no pagamento de propina. Uma espécie de central telefônica mantinha contato com os extorquidos, traficantes de drogas de 46 comunidades. Quarenta e seis!, segundo o Jornal Extra.

Tanta opressão existe porque fazemos as exigências erradas. Ou nada exigimos, fugimos da responsabilidade. A violência só termina depois da pobreza. Há mais diferenças entre São Gonçalo e Estocolmo, a quarta cidade mais segura do mundo, do que seus índices de criminalidade.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

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