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Voto facultativo, um direito instituído pela lei orgânica do povo brasileiro

Voto facultativo, um direito instituído pela lei orgânica do povo brasileiro

No Brasil, não existe voto facultativo. Ou pelo menos, não existia. Na teoria, você precisa pagar de R$ 1,05 até R$ 3,51 por turno ausente. Na prática, o que vemos é uma massa de votos que são depositados na urna sob o título de “brancos e nulos”, sem falar nas abstenções.

Se existe algo cada vez mais citado entre as pessoas é a vontade de não comparecer às urnas. A questão é anterior ao voto. Aos poucos, a cabeça do eleitor brasileiro entra num “modo facultativo” antes mesmo da campanha eleitoral. A impressão que temos é que, como eleitores e eleitoras não querem votar, também não se preocupam em buscar um candidato. O desinteresse é total. E claro, a decisão é um direito pessoal. Afinal, cada um se importa com o que quer.

Estados Unidos, Índia, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido, todas grandes economias mundiais, têm suas eleições facultativas. No Brasil, prós e contras ainda disputam “quem tem razão” nessa discussão. Nesse debate entre teóricos, intelectuais e falastrões, silenciosamente o povo toma sua própria decisão. Nestas eleições de 2016, a promessa é termos um número ainda maior de não-votos, que em 2014 na eleição para o governo do estado, por exemplo, foram maiores que o número de sufrágios que elegeram o governador Pezão, no Rio de Janeiro.

Outra situação que não dialoga com a população brasileira é sobre as penalidades. Segundo a lei, o brasileiro que não votar pode ser impedido de: solicitar passaporte ou carteira de identidade, receber o salário caso seja funcionário público, pedir empréstimo, inscrever-se em concurso público ou em instituições públicas de ensino. Aí, é preciso parar um pouco para nos fazermos algumas perguntas:

  • Quantos brasileiros já viajaram para fora do país (exceto Mercosul)?
  • Quantas vezes se perde carteira de identidade na vida?
  • Quantos fazem concurso público com frequência?
  • Quantos conseguem pegar dinheiro no banco (e muitos pegam com agiotas mesmo)?
  • Quantos estudam em instituições de ensino público após os 18 anos?

Quando a gente olha para a média do país, as penalidades, na prática, não chegam nem perto da vida de muita gente. Então, por que se preocupar em justificar? Já vi gente, inclusive, que vota eleição sim, eleição não. E vai levando a vida, só para não cancelar o título pois… vai que precisa dele?

Por isso, candidatos, é hora de encarar as eleições brasileiras como se fosse um pleito facultativo de fato. Convencer as pessoas a dar um voto de confiança não basta. Antes de tudo, é preciso, simplesmente, convencê-las a votar.

 

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

No Brasil, não existe voto facultativo. Ou pelo menos, não existia. Na teoria, você precisa pagar de R$ 1,05 até R$ 3,51 por turno ausente. Na prática, o que vemos é uma massa de votos que são depositados na urna sob o título de “brancos e nulos”, sem falar nas abstenções.

Se existe algo cada vez mais citado entre as pessoas é a vontade de não comparecer às urnas. A questão é anterior ao voto. Aos poucos, a cabeça do eleitor brasileiro entra num “modo facultativo” antes mesmo da campanha eleitoral. A impressão que temos é que, como eleitores e eleitoras não querem votar, também não se preocupam em buscar um candidato. O desinteresse é total. E claro, a decisão é um direito pessoal. Afinal, cada um se importa com o que quer.

Estados Unidos, Índia, China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido, todas grandes economias mundiais, têm suas eleições facultativas. No Brasil, prós e contras ainda disputam “quem tem razão” nessa discussão. Nesse debate entre teóricos, intelectuais e falastrões, silenciosamente o povo toma sua própria decisão. Nestas eleições de 2016, a promessa é termos um número ainda maior de não-votos, que em 2014 na eleição para o governo do estado, por exemplo, foram maiores que o número de sufrágios que elegeram o governador Pezão, no Rio de Janeiro.

Outra situação que não dialoga com a população brasileira é sobre as penalidades. Segundo a lei, o brasileiro que não votar pode ser impedido de: solicitar passaporte ou carteira de identidade, receber o salário caso seja funcionário público, pedir empréstimo, inscrever-se em concurso público ou em instituições públicas de ensino. Aí, é preciso parar um pouco para nos fazermos algumas perguntas:

  • Quantos brasileiros já viajaram para fora do país (exceto Mercosul)?
  • Quantas vezes se perde carteira de identidade na vida?
  • Quantos fazem concurso público com frequência?
  • Quantos conseguem pegar dinheiro no banco (e muitos pegam com agiotas mesmo)?
  • Quantos estudam em instituições de ensino público após os 18 anos?

Quando a gente olha para a média do país, as penalidades, na prática, não chegam nem perto da vida de muita gente. Então, por que se preocupar em justificar? Já vi gente, inclusive, que vota eleição sim, eleição não. E vai levando a vida, só para não cancelar o título pois… vai que precisa dele?

Por isso, candidatos, é hora de encarar as eleições brasileiras como se fosse um pleito facultativo de fato. Convencer as pessoas a dar um voto de confiança não basta. Antes de tudo, é preciso, simplesmente, convencê-las a votar.

 

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

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