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Grande São Gonçalo: a região leste da Baía de Guanabara

Grande São Gonçalo é a região no estado do Rio de Janeiro que compreende as cidade de Niterói, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu. Leia e entenda tudo sobre.

Grande São Gonçalo: a região leste da Baía de Guanabara

Grande São Gonçalo é a região no estado do Rio de Janeiro que compreende as cidade de Niterói, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu. Leia e entenda tudo sobre.

Há pouco tempo, fiz uma compra online. Na hora de definir a entrega, ​antes de escolher a cidade, eu precisava escolher uma região do Rio de Janeiro. E não é que São Gonçalo estava na lista da Baixada?

Para bom entendedor, ficou claro duas coisas: a primeira é que, o significado de “Baixada” para quem não mora lá é algo pejorativo, sendo quase um adjetivo de “cidades pobres”; e a segunda é que, quem definiu a lista não sabe nada de Rio de Janeiro. Muito menos que a nossa classificação é regional, não social.

Depois desse momento, percebi que algumas pessoas já vêm chamando nossa região como Grande São Gonçalo. Mas você sabe como tudo isso surgiu? Fui buscar entender a raíz.

A fusão entre Guanabara e Rio de Janeiro em 1974

Em 1974, 13 anos após a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, o presidente militar Ernesto Geisel publicou a Lei Complementar Nº 20, de 1º de julho de 1974, que instituiu a fusão da Guanabara (cidade do Rio) com o estado do Rio de Janeiro. A partir dali, Niterói deixou de ser capital do RJ, transferindo os órgãos estaduais para a ex-capital brasileira, agora fluminense.

Após isso, Niterói manteve sua centralidade e importância para a região. O termo “Grande Niterói” referia-se a São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Niterói, cidades que hoje também conhecemos como Leste Fluminense, os municípios à leste da Baía de Guanabara.

São Gonçalo de 1970 até hoje: população cresceu 2,5 vezes mais

Nos anos 70, São Gonçalo já estava descendo a ladeira sem freio quando o assunto era importância no cenário fluminense. Sua desindustrialização era visível e os fatores econômicos aceleraram muito o processo.

Entretanto, não foram o suficiente para reduzir o crescimento da população. Pelo contrário. Saímos dos 430 mil habitantes nos anos 1970, para ultrapassar a barreira dos 7 dígitos, chegando ao atual mais de 1 milhão de pessoas.

E assim São Gonçalo se tornou a maior cidade fluminense depois da capital.

Baía de Guanabara vista pela Ilha das Flores, no Leste Fluminense.
Baía de Guanabara vista pela Ilha das Flores, no Leste Fluminense. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo

Localmente, é referência nos serviços primários, fora, tem gonçalenses espalhados em todo o RJ

A atual escassez de recursos divididos pela gigante população nos prejudica. Somos uma cidade com um dos valores mais baixos do orçamento por pessoa (per/capita). Para completar, São Gonçalo drena demandas das cidades vizinhas. Entre elas estão Itaboraí, Magé, Maricá e até Cachoeiras de Macacu.

As questões mais básicas, como saúde e educação, se desenvolveram na cidade. Apesar da precariedade do serviço público de saúde, ele funciona. Sem falar nas estruturas particulares, que se instalaram graças ao grande mercado consumidor.

Na educação, o efeito é similar. A presença da UERJ atrai estudantes de graduação no ensino público. No privado, Universo e Faculdade Paraíso desempenham seus papéis como pólos de formação superior.

Fora da cidade, a migração de gonçalenses para o Rio, Niterói e Maricá forma uma população que não se mantém indiferente à cidade, uma vez que seus amigos e parentes ainda moram e participam da vida social local.

Tratamento de água: presença da CEDAE

Estrategicamente, a cidade “mantém vivo” todo o leste fluminense. Nossas nascentes estão em Cachoeiras de Macacu e as águas da Grande São Gonçalo são tratadas na ETA Imunana Laranjal, reafirmando ainda mais sua característica central.

BR-101 e Shopping São Gonçalo no bairro Boa Vista, uma das entradas da cidade via estrada. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo
BR-101 e Shopping São Gonçalo no bairro Boa Vista, uma das entradas da cidade via estrada. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo

Os anos 2000 consolidaram a Grande São Gonçalo

Apesar das dificuldades financeiras da esfera pública, foram os investimentos privados aliados ao crescimento econômico e tecnológico os grandes responsáveis pelas mudanças locais.

O crescimento da “nova” classe média brasileira foi visível na cidade. A inauguração do primeiro shopping, em 2004, no Boa Vista, foi um marco na vida econômica e, até mesmo, social da cidade. Fez com que os gonçalenses se mantivessem no território, tanto para comprar, quanto para atividades de lazer.

Em 10 anos, vimos o surgimento de mais 3 centros comerciais na cidade: Boulevard/Partage, Guanabara Colubandê e o polêmico Pátio Alcântara.

O crescimento de Itaboraí com a construção do Comperj também foi determinante para a região no entorno de Alcântara, atraindo ainda mais pessoas e serviços.

Vimos também um desenvolvimento expressivo de Maricá. Com mais pessoas indo morar lá, o fluxo de trabalhadores com Rio e Niterói aumentou. E como sabemos, o principal caminho que leva à Maricá passa por São Gonçalo, pelas RJ-104 e RJ-106.

Politicamente a Grande São Gonçalo ainda não é uma realidade

O ponto fraco do território é o cenário pouco expressivo politicamente. Apesar da numerosa população, alto consumo e produção de artistas e talentos, nossa infraestrutura local é deficiente. Indiretamente, isso inibe as possibilidades de parcerias com os municípios irmãos, por conta das travas que isso gera, seja mentalmente ou fisicamente.

O fortalecimento de lideranças é o caminho mais desejado nesse contexto.

Mas é preciso pensar globalmente. Não só com líderes políticos, mas empresariais e sociais. Eles e elas são o caminho-chave na obtenção de recursos e formação de um novo pensamento.

Só assim, somados às forças da capital, região Serrana, dos Lagos, Costa Verde, Norte e Vale do Paraíba, será possível reerguer, mais uma vez, o estado do Rio de Janeiro, consolidando de vez o status da Grande São Gonçalo.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

Há pouco tempo, fiz uma compra online. Na hora de definir a entrega, ​antes de escolher a cidade, eu precisava escolher uma região do Rio de Janeiro. E não é que São Gonçalo estava na lista da Baixada?

Para bom entendedor, ficou claro duas coisas: a primeira é que, o significado de “Baixada” para quem não mora lá é algo pejorativo, sendo quase um adjetivo de “cidades pobres”; e a segunda é que, quem definiu a lista não sabe nada de Rio de Janeiro. Muito menos que a nossa classificação é regional, não social.

Depois desse momento, percebi que algumas pessoas já vêm chamando nossa região como Grande São Gonçalo. Mas você sabe como tudo isso surgiu? Fui buscar entender a raíz.

A fusão entre Guanabara e Rio de Janeiro em 1974

Em 1974, 13 anos após a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, o presidente militar Ernesto Geisel publicou a Lei Complementar Nº 20, de 1º de julho de 1974, que instituiu a fusão da Guanabara (cidade do Rio) com o estado do Rio de Janeiro. A partir dali, Niterói deixou de ser capital do RJ, transferindo os órgãos estaduais para a ex-capital brasileira, agora fluminense.

Após isso, Niterói manteve sua centralidade e importância para a região. O termo “Grande Niterói” referia-se a São Gonçalo, Itaboraí, Rio Bonito e Niterói, cidades que hoje também conhecemos como Leste Fluminense, os municípios à leste da Baía de Guanabara.

São Gonçalo de 1970 até hoje: população cresceu 2,5 vezes mais

Nos anos 70, São Gonçalo já estava descendo a ladeira sem freio quando o assunto era importância no cenário fluminense. Sua desindustrialização era visível e os fatores econômicos aceleraram muito o processo.

Entretanto, não foram o suficiente para reduzir o crescimento da população. Pelo contrário. Saímos dos 430 mil habitantes nos anos 1970, para ultrapassar a barreira dos 7 dígitos, chegando ao atual mais de 1 milhão de pessoas.

E assim São Gonçalo se tornou a maior cidade fluminense depois da capital.

Baía de Guanabara vista pela Ilha das Flores, no Leste Fluminense.
Baía de Guanabara vista pela Ilha das Flores, no Leste Fluminense. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo

Localmente, é referência nos serviços primários, fora, tem gonçalenses espalhados em todo o RJ

A atual escassez de recursos divididos pela gigante população nos prejudica. Somos uma cidade com um dos valores mais baixos do orçamento por pessoa (per/capita). Para completar, São Gonçalo drena demandas das cidades vizinhas. Entre elas estão Itaboraí, Magé, Maricá e até Cachoeiras de Macacu.

As questões mais básicas, como saúde e educação, se desenvolveram na cidade. Apesar da precariedade do serviço público de saúde, ele funciona. Sem falar nas estruturas particulares, que se instalaram graças ao grande mercado consumidor.

Na educação, o efeito é similar. A presença da UERJ atrai estudantes de graduação no ensino público. No privado, Universo e Faculdade Paraíso desempenham seus papéis como pólos de formação superior.

Fora da cidade, a migração de gonçalenses para o Rio, Niterói e Maricá forma uma população que não se mantém indiferente à cidade, uma vez que seus amigos e parentes ainda moram e participam da vida social local.

Tratamento de água: presença da CEDAE

Estrategicamente, a cidade “mantém vivo” todo o leste fluminense. Nossas nascentes estão em Cachoeiras de Macacu e as águas da Grande São Gonçalo são tratadas na ETA Imunana Laranjal, reafirmando ainda mais sua característica central.

BR-101 e Shopping São Gonçalo no bairro Boa Vista, uma das entradas da cidade via estrada. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo
BR-101 e Shopping São Gonçalo no bairro Boa Vista, uma das entradas da cidade via estrada. Foto: Matheus Graciano / SIM São Gonçalo

Os anos 2000 consolidaram a Grande São Gonçalo

Apesar das dificuldades financeiras da esfera pública, foram os investimentos privados aliados ao crescimento econômico e tecnológico os grandes responsáveis pelas mudanças locais.

O crescimento da “nova” classe média brasileira foi visível na cidade. A inauguração do primeiro shopping, em 2004, no Boa Vista, foi um marco na vida econômica e, até mesmo, social da cidade. Fez com que os gonçalenses se mantivessem no território, tanto para comprar, quanto para atividades de lazer.

Em 10 anos, vimos o surgimento de mais 3 centros comerciais na cidade: Boulevard/Partage, Guanabara Colubandê e o polêmico Pátio Alcântara.

O crescimento de Itaboraí com a construção do Comperj também foi determinante para a região no entorno de Alcântara, atraindo ainda mais pessoas e serviços.

Vimos também um desenvolvimento expressivo de Maricá. Com mais pessoas indo morar lá, o fluxo de trabalhadores com Rio e Niterói aumentou. E como sabemos, o principal caminho que leva à Maricá passa por São Gonçalo, pelas RJ-104 e RJ-106.

Politicamente a Grande São Gonçalo ainda não é uma realidade

O ponto fraco do território é o cenário pouco expressivo politicamente. Apesar da numerosa população, alto consumo e produção de artistas e talentos, nossa infraestrutura local é deficiente. Indiretamente, isso inibe as possibilidades de parcerias com os municípios irmãos, por conta das travas que isso gera, seja mentalmente ou fisicamente.

O fortalecimento de lideranças é o caminho mais desejado nesse contexto.

Mas é preciso pensar globalmente. Não só com líderes políticos, mas empresariais e sociais. Eles e elas são o caminho-chave na obtenção de recursos e formação de um novo pensamento.

Só assim, somados às forças da capital, região Serrana, dos Lagos, Costa Verde, Norte e Vale do Paraíba, será possível reerguer, mais uma vez, o estado do Rio de Janeiro, consolidando de vez o status da Grande São Gonçalo.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

9 COMENTÁRIOS

  1. Sim, gostei muito da matéria e sei que São Gonçalo cresceu. Mas gostaria de saber mais sobre mobilidade urbana, pois estamos sofrendo com o trânsito caótico entre São Gonçalo e Alcântara e parece que ninguém se interessa por uma saída. Quando construíram aquele “shopping” em Alcântara pensei que algumas linhas de ônibus que fazem ponto final em frente ao banco Itaú perto do viaduto, seriam privilegiadas com um terminal mais decente, afinal, a população merece, mas parece que ninguém liga. Tem como informar sobre esse assunto? Obrigada.

    • Oi, Vilma.

      Mobilidade urbana e saneamento básico são os “pontos de dor” de, praticamente, todas as cidades do Rio de Janeiro. Até mesmo o eixo Centro-Zona Sul, na cidade do Rio, quando passa de determinados horários, também tem suas deficiências.

      Ao que parece, há um estudo em curso para transformar a linha do trem em um eixo para o BRT, de Alcântara à Niterói. Entretanto, como esse dinheiro provavelmente viria do governo federal – bem endividado –, acho que ainda demorará para isso se consolidar.

      Mesmo assim, só beneficiaria as mesmas regiões valorizadas da cidade, sem irrigar as outras com transporte.

      A máfia do Detro e dos transportes está sendo presa. Talvez esse seja o primeiro passo para “destravar” a questão da mobilidade urbana no Rio de Janeiro.

      Muito obrigado pelo comentário no SIM São Gonçalo. 😉

  2. […] Foi diretor cirurgião do Hospital São Gonçalo, médico chefe de equipe, delegado regional do ex-Sandu (Hospital do INPS na Estrela do Norte), diretor do Pronto Socorro Municipal de São Gonçalo, interventor do Hospital Luiz Palmier, supervisor técnico da construção do Hospital Infantil de São Gonçalo, cirurgião e diretor geral do Departamento Médico Sanitário da Secretaria de Saúde e Assistência do Estado e, por fim, Secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. […]

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  1. Sim, gostei muito da matéria e sei que São Gonçalo cresceu. Mas gostaria de saber mais sobre mobilidade urbana, pois estamos sofrendo com o trânsito caótico entre São Gonçalo e Alcântara e parece que ninguém se interessa por uma saída. Quando construíram aquele “shopping” em Alcântara pensei que algumas linhas de ônibus que fazem ponto final em frente ao banco Itaú perto do viaduto, seriam privilegiadas com um terminal mais decente, afinal, a população merece, mas parece que ninguém liga. Tem como informar sobre esse assunto? Obrigada.

    • Oi, Vilma.

      Mobilidade urbana e saneamento básico são os “pontos de dor” de, praticamente, todas as cidades do Rio de Janeiro. Até mesmo o eixo Centro-Zona Sul, na cidade do Rio, quando passa de determinados horários, também tem suas deficiências.

      Ao que parece, há um estudo em curso para transformar a linha do trem em um eixo para o BRT, de Alcântara à Niterói. Entretanto, como esse dinheiro provavelmente viria do governo federal – bem endividado –, acho que ainda demorará para isso se consolidar.

      Mesmo assim, só beneficiaria as mesmas regiões valorizadas da cidade, sem irrigar as outras com transporte.

      A máfia do Detro e dos transportes está sendo presa. Talvez esse seja o primeiro passo para “destravar” a questão da mobilidade urbana no Rio de Janeiro.

      Muito obrigado pelo comentário no SIM São Gonçalo. 😉

  2. […] Foi diretor cirurgião do Hospital São Gonçalo, médico chefe de equipe, delegado regional do ex-Sandu (Hospital do INPS na Estrela do Norte), diretor do Pronto Socorro Municipal de São Gonçalo, interventor do Hospital Luiz Palmier, supervisor técnico da construção do Hospital Infantil de São Gonçalo, cirurgião e diretor geral do Departamento Médico Sanitário da Secretaria de Saúde e Assistência do Estado e, por fim, Secretário de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. […]

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