A região metropolitana do Rio de Janeiro é a 2ª maior do Brasil. Uma das 20 maiores do mundo. Isso mesmo! Sem exagero. Temos cerca de 12 milhões de pessoas vivendo juntas e trafegando constantemente entre as cidades. Seja para trabalhar, estudar, viver.

Não à toa, os maiores fluxos de pessoas entre cidades acontecem aqui. E São Gonçalo e Niterói estão em 2º lugar na lista brasileira.

Agora, um anúncio feito pela CCR Barcas em outubro de 2015 está próximo de se tornar uma realidade. A Secretaria de Transportes do RJ anulou o contrato antigo e já está preparando uma nova licitação para a concessão do serviço. E nesse momento decisivo, a pergunta que mais fazemos é: e as barcas para São Gonçalo, quando virão?

Barca Pão de Açúcar se preparando para entrar em operação no trajeto Praça XV – Arariboia.
Barca Pão de Açúcar se preparando para entrar em operação no trajeto Praça XV – Arariboia.

A jóia da Coroa Aquaviária é gonçalense

Como já contamos aqui, a história do serviço de barcas vem desde 1835, quando o trajeto Rio-Niterói era feito por barcas a vapor. A Sociedade de Navegação de Nictheroy operava com três barcas que trafegam de hora em hora. Com capacidade para 250 passageiros, elas trafegavam das seis da manhã às seis da tarde.

Entretanto, 182 anos depois, cá estamos com o mesmo serviço, no mesmo local. As linhas foram ampliadas para Paquetá, Gragoatá, Ribeira (Ilha do Governador) e, mais recentemente, Charitas. Mas a jóia da Coroa Aquaviária Fluminense permanece no trajeto Praça XV – Arariboia, tendo um grande público vindo de São Gonçalo.

Trânsito no Centro de São Gonçalo. Foto: Marcelo Feitosa
Trânsito no Centro de São Gonçalo. Foto: Marcelo Feitosa

São Gonçalo que, aliás, é a cidade que tem a maior perda de tempo no trânsito do Rio de Janeiro.

Não é preciso pensar muito para chegar à conclusão que, com 2 dos maiores fluxos pendulares do Brasil, ou seja, pessoas indo e voltando todos os dias, implantar a estação das barcas em São Gonçalo seria um ótimo negócio. Pelo menos na teoria.

Projeto de estação das barcas em Duque de Caxias, RJ.
Projeto de estação das barcas em Duque de Caxias, RJ.

Quando Duque de Caxias entra e põe a Baixada no jogo

O transporte aquaviário na Baixada não é nenhuma novidade. Desde o século XVIII, funcionava em Magé o Porto da Estrela, lugar onde pessoas e produtos circulavam, inclusive encurtando o caminho para a serra fluminense.

Aproveitando a nova licitação do serviço, momento onde todas as regras contratuais são dispostas, Duque de Caxias, a maior cidade da baixada fluminense, resolveu apresentar seus estudos de viabilidade para que as embarcações cheguem até lá.

Na prática, isso poderia reduzir boa parte do trânsito da linha vermelha, uma das principais vias de ligação da cidade do Rio com o município vizinho. Além de impactar as cerca de 118 mil pessoas que todos os dias vão e vem nesse trajeto.

Trânsito na Linha Vermelha em direção à Caxias e Ilha do Governador. Foto: Rafael Bozeo
Trânsito na Linha Vermelha em direção à Caxias e Ilha do Governador. Foto: Rafael Bozeo

Por que Caxias tem mais chances que São Gonçalo?

Caxias tem um PIB (Produto Interno Bruto) que é quase 2 vezes o de São Gonçalo. É o 3º maior do estado e o 22º maior do Brasil. Além disso, possui a REDUC, a refinaria responsável por 80% da produção de lubrificantes e pelo maior processamento de gás natural do Brasil.

Na teoria, Caxias é bem mais rica que São Gonçalo. Na vida real, nem tanto.

O PIB caxiense é puxado pela refinaria. Mas isso não significa que o dinheiro gerado pelos impostos são distribuídos em melhorias, deixando a população mais rica.

Praça do Pacificador em Duque de Caxias, a capital da Baixada Fluminense.
Praça do Pacificador em Duque de Caxias, a capital da Baixada Fluminense.

Porém, no final, o que vale é dinheiro no caixa do município. Sendo assim, já anunciaram o alargamento da Rua Almirante Greenfall, uma das ruas de acesso à futura possível estação, que passará a ter 500m de comprimento por 300m de largura.

Caso consigam a inserção na licitação, Caxias será a nova Niterói.

Da mesma forma que a praça Araribóia absorve toda a população de São Gonçalo e Maricá, Caxias fará isso com a população das outras cidades da baixada, fazendo com que elas deixem seu dinheiro na região.

Enquanto isso, vemos pouca movimentação em São Gonçalo. Gradim, Porto da Pedra, quais seriam os possíveis pontos para a recepção da Estação das Barcas Gonçalenses nesse modelo atual? Há estudos de viabilidade recentes? Precisamos construir esse material para levá-lo a público o quanto antes.

Barcas: uma luz no fim do túnel

Prefeitos e vereadores, a barca é mais viável que BRT e Metrô

É sabido que depois dessa crise econômica, nem o Comperj será o que foi prometido. Os investimentos minguaram e todo o El Dourado enferrujou. Nada de metrô, nem de BRTs pelos próximos anos.

Porém, essa janela das barcas pode se tornar uma viável opção. O tempo de deslocamento do gonçalense até o Rio, principalmente, diminuiria muito. Sem falar no alívio mental que é atravessar a Baía de Guanabara, ao invés de ficar preso num ônibus durante horas.

Todo mundo ganha. E só quem perde são aqueles que preferem que a situação se mantenha para continuar extorquindo o dinheiro de São Gonçalo.

7 COMENTÁRIOS

  1. Há vários estudos ambientais, socio-econômicos e de mobilidade urbana preparados por várias entidades especialistas no assunto, como a COPPE/UFRJ, Matheus.
    O Plano de Mobilidade Urbana foi criado e mandado à Câmara Municipal há tempos mas nada foi feito ou ao menos iniciado.
    Talvez os estudos tenham de ser refeitos, mas a vontade política é a que move as coisas na região e isso não está nas suas prioridades.
    Uma pena para nossa cidade não termos ao menos UMA hidroviária urbana.

    • Já vi alguns desses estudos, Alexandre. E justamente por isso que entendo que é completamente viável. Não só geograficamente mas, especialmente, financeiramente. Porque, sem dúvidas, boa parte desse dinheiro que vai para as barcas vem de São Gonçalo.

  2. Infelizmente o comércio do centro de Niteroi que é sustentado por São Gonçalo dificilmente deixará que seja construída uma estação das barcas em São Gonçalo. As perdas seriam enormes tb para os empresários de ônibus que deixariam de transportar essa grande quantidade de pessoas…resumo.. BARCAS pra Caxias com certeza será uma realidade em breve, muito em breve

  3. Vale destacar que barcas em São Gonçalo irá absorver somente parte do fluxo de pessoas, Niteroi ainda receberá os
    Goncalences que utilizam a Alameda São Boaventura para chegar à praça Arariboia.

    • Verdade, Juliano.

      Mas, certamente, se isso ocorresse, as linhas iriam por caminhos já planejados, saindo do Colubandê através da Água Mineral e chegando no 4º distrito. Ou então, saindo pelo Mutondo, pegando a Vicente Lima Cleto (Itaúna) e saindo na BR.

      Em ambos os caminhos, seria mais jogo do que ir para Niterói.

      Obrigado por comentar no SIM São Gonçalo.
      Até mais!

  4. Tenho 51 anos de idade e desde a minha infância ouço falar em construção de um terminal de barcas em São Gonçalo, próximo ao Pontal, onde localiza-se o estaleiro São Miguel e até hoje nada saiu do papel e se estiver realmente este projeto no papel.
    Em 1983, ainda morava no Gradim, quando a minha família foi obrigada a mudar para outro local devido ao avanço das obras da BR-101 (Niterói/Manilha), hoje monopolizada pela Viação Rio Ita, pois, somente os ônibus dela param nesta rodovia.
    Eu não creio que teremos barcas, nem metrô, nem nada em São Gonçalo devido ao fato do monopólio do setor rodoviário, quebra do comércio em Niterói e olho grande destes caras que nunca deixarão instalar tal terminal no município.
    E com isto, dane-se a população que necessita atravessar para o Rio de Janeiro, via ponte, como eu, perdendo horas e horas neste trânsito maldito, muitas das vezes perdendo também o emprego por atrasos no trabalho.
    Na época desempregado, fui à várias agências de emprego, onde me foi negada a minha participação em processos seletivos por morar neste município esquecido por todos, sem qualquer infraestrutura, opção de transporte que não seja o ônibus.
    Vale lembrar que ônibus não é transporte de massa e sim, seria necessário somente para interligação entre os bairros.
    Lembro que há alguns anos atrás, a nossa digníssima “ex presidenta” Dilma esteve aí no Clube Mauá para liberação de recursos para o projeto de construção do metrô interligando os municípios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí e nada foi feito. E uma pergunta, onde é que foi parar este recursos, se foi realmente liberado?
    Espero que um dia apareça alguém comprometido em melhorar a situação neste município. Eu, sinceramente, perdi as minhas esperanças.

  5. Honestamente? Um Terminal de Barcas em SG é desejável, mas uma quimera. É preciso ser realista. Nunc vai ser implementado.

    Não precisa nem estudos de viabilidade tecnica e econômica pra concluir que um Terminal em SG iria competir com o de Niteroi, que se tronaria um ‘elefante branco’ visto o maior publico ser oriundo de SG e demais cidades do Leste.

    For ao fato da distancia ser maior e obviamente os custo operacionais tambem seriam. Isso iria impactar no valor da tarifa. Vide o valor da tarifa Charitas x Pça XV ser bem maior que o Arariboia x Pça XV.

    A verdade é que as cidades no Leste Fluminense e Baixada em sua vasta maioria nem sequer tem um Plano Mobilidade Urbana, conforme Lei 14.000/20!
    ‘O PMU deverá ser elaborado até 12 de abril de 2022 para cidades com mais de 250 mil habitantes e de 12 de abril de 2023 para cidades com até 250 mil habitantes. O município que não tiver plano no prazo fixado somente poderá solicitar e receber recursos federais para mobilidade urbana se for para aplicação na elaboração do próprio plano.

    A nova lei altera a Lei de Mobilidade Urbana, que até então estipulava que o PMU deveria ser aprovado até 12 abril do ano passado. Levantamento feito pelo governo, em 2018, apontou que somente 5% dos municípios possuíam planos de mobilidade urbana.”

    Fonte: Agência Câmara de Notícias

    Niteroi sei que tem. Já São Gonçalo somente agora em 2021 que se mobiliza pra essa necessidade. E na verdade nenhum plano que dirá ações no âmbito de mobilidade pode ser feito sem levar em conta demais cidades ja que fazem parte de um região metropolitana.

    Ou seja, é preciso uma entidade metropolitana que coordene e promova a cooperação entre todas as cidades da Baixada e do Leste Fluminense.

    O Gov do Estado é inoperante no que tange à mobilidade da região metropolitana fluminense. Anos atras a Firjan fez um projeto de BRTs e só. Expansaão da malah metroviária? Piada! A L4 so saiu graças Às Olimpíadas e Copa do Mundo e aidna ssim bem sabemso que envolta em irregularidades, superfaturamento e até hoje com obras não finalizadas (Gávea) e mal atende a necessidade ja que se limita ao inicio da zona Oeste.
    O Estado não tem recursos nem competência tecnica pra investir em mobilidade. A L3 de metrô é uma premente necessidade e ha tanto viabilidade tecnica quanto financeira para se tonar realidade, mas por questões políticas e de incompetência da gestão publica, fica so na promessa a cada periodo eleitoral. Por que não uma PPP nos moldes da que opera as linhas de metrô de Salvador?

    Por falar em Salvador, tanto a Prefeitura como o Gov do Estado dão um show no quesito mobilidade e infraestrutura urbana!

    Agora com a venda da CEDAE o GovRJ promete mundos e fundos. Esse BRS prometido para São Gonçalo não será solução. Solução seria o BRS e a L3 metro ainda que num primeiro momento Niteroi x São Gonçalo x Itaboraí. Num segundo momento, a parte mais cara Rio x Niteroi, ate pq isso iria diminuir e muito o transito na Ponte.

RESPONDA AO COMENTÁRIO

Escreva seu comentário aqui.
Por favor, insira seu nome aqui.