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3 anos de SIM São Gonçalo. O que mudou?

3 anos de SIM São Gonçalo. O que mudou?

Ainda me lembro bem do dia que comecei aquela simples página no Facebook. A primeira semana foi avassaladora. Certamente, se não fossem aquelas 6 mil pessoas em 7 dias, talvez não tivesse continuado. No meio do caminho, diversas vezes, pensei em jogar a toalha. Depois desses 3 anos, fica sempre a pergunta: o que mudou de lá para cá?

O SIM

A página era de humor. Fazia brincadeiras leves mas, acima de tudo, trazia o modo de ser do cidadão da cidade para a rede. Em 2012, o Facebook ainda era um cenário pouco habitado, e o Orkut ainda vivia seus momentos de brilho. Era mais fácil dialogar, afinal, eram poucas pessoas, um outro público. O “Face” ainda era novidade, e os “haters” (pessoas que gostam de odiar qualquer coisa) eram quase inexistentes por aqui.

Porém, 2012 ainda traria surpresas. E veio o primeiro teste: a eleição municipal. Até hoje me pergunto qual foi o papel das redes naquele momento. Sei que já existia uma rejeição com os gestores passados (que se confirmou nas eleições de 2014). Mas quem pensaria numa virada eleitoral com um candidato a prefeito com pouquíssima expressão?

Nos meses seguintes à criação do SIM, outras iniciativas foram surgindo. Com um humor mais ácido, bem a cara do gonçalense, outras páginas como “São Gonçalo Dá Depressão” e “Zoação de São Gonçalo”, foram ocupando esse lugar mais divertido da rede. Assim começou a primeira mudança de direção. Passamos a tratar de temas mais sérios, mais tensos, mas sem nunca deixar de lado o humor leve que permeia a marca até hoje.

A cidade

O que mudou em São Gonçalo de 2012 para 2015? Muito e pouco. Estruturalmente, temos algumas novas ruas com calçamento, uma conexão de internet melhor e serviços telefônicos mais eficientes. Entretanto, em contraponto a isso, ainda temos problemas sérios com os mesmos serviços de telefone e internet, sem falar nos tradicionais déficits no fornecimento de água e energia elétrica. Mas 3 anos não é muito pouco para isso melhorar? Sim, é. Porém, infelizmente, essas obras de longo prazo mal começaram.

Por outro lado, talvez seja a primeira vez que um movimento real de pessoas acontece na cidade. Longe de uma “reunião de intelectuais”, as redes sociais criaram uma teia que une as pessoas de verdade. São Gonçalo vai ganhando cara, voz, importância e personalidade. Aos poucos, entende a sua vantagem competitiva básica: é a 16ª maior cidade do Brasil.

Nosso maior problema hoje é identitário. A cidade cresceu muito rápido nos últimos anos, o que deixou muita gente sem referencial, sem conhecer a própria história, o bairro, fazendo com que o descaso dos governantes contaminasse a população. O fato de alguém jogar lixo na rua, mesmo tendo o lixeiro à sua porta é um reflexo disso. Aliás, noutro dia, capinando a porta da minha casa, uma vizinha antiga me falou: “Tá certo, menino. A gente precisa cuidar da nossa porta. Minha neta diz que não vai varrer a rua e fica tudo sujo na frente de casa. Ela esquece que a rua também faz parte da casa dela.”

Sim, conscientizar é uma batalha. É a arte de levar o conhecimento a cada dia sem ser chato. E lá vamos nós!

O futuro?

Sou otimista. Por pior que o presente possa parecer, penso que o futuro sempre guarda boas surpresas. Até mesmo as partes ruins de hoje, os sofrimentos, as angústias, as dificuldades, tudo isso são formas de nos treinar para fazer algo melhor. Infelizmente, somos muito acomodados. Mesmo que você não se considere assim, em algum aspecto você é, eu sou. Todos somos. E pior, sempre arrumamos alguma forma de justificar nosso acomodamento. Daí a necessidade do fardo, da dificuldade para que construamos sempre algo melhor.

A intenção do SIM é tornar-se uma marca que ganhe as ruas da cidade. Que, junto com outras marcas, se torne uma potência local e estadual. O Rio de Janeiro é um dos estados mais importantes e mais misturados do Brasil. Talvez, por dever, nós fluminenses devamos liderar essa “tecnologia social”, sempre no sentido de integrar as pessoas e fazê-las trabalhar para um bem comum. Assim imaginamos o papel do SIM São Gonçalo na sociedade.

Após 3 anos, já está na hora de dar o próximo passo. E ele inclui todos vocês. Sozinho, não dou conta de um canal que tem por missão falar para uma cidade de 1 milhão de habitantes. A ideia é abrir cursos de capacitação online para formar novos produtores e editores de conteúdo, que vivam São Gonçalo e queiram vê-la cada vez melhor.

Com meus 29 anos, fico feliz por já ter conseguido reverter boa parte do conhecimento que tenho para ajudar e construir significado para a vida das pessoas. Se morrer amanhã, já tenho história pra contar. 😉

Obrigado por estar com a gente no SIM São Gonçalo! Até mais.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

Ainda me lembro bem do dia que comecei aquela simples página no Facebook. A primeira semana foi avassaladora. Certamente, se não fossem aquelas 6 mil pessoas em 7 dias, talvez não tivesse continuado. No meio do caminho, diversas vezes, pensei em jogar a toalha. Depois desses 3 anos, fica sempre a pergunta: o que mudou de lá para cá?

O SIM

A página era de humor. Fazia brincadeiras leves mas, acima de tudo, trazia o modo de ser do cidadão da cidade para a rede. Em 2012, o Facebook ainda era um cenário pouco habitado, e o Orkut ainda vivia seus momentos de brilho. Era mais fácil dialogar, afinal, eram poucas pessoas, um outro público. O “Face” ainda era novidade, e os “haters” (pessoas que gostam de odiar qualquer coisa) eram quase inexistentes por aqui.

Porém, 2012 ainda traria surpresas. E veio o primeiro teste: a eleição municipal. Até hoje me pergunto qual foi o papel das redes naquele momento. Sei que já existia uma rejeição com os gestores passados (que se confirmou nas eleições de 2014). Mas quem pensaria numa virada eleitoral com um candidato a prefeito com pouquíssima expressão?

Nos meses seguintes à criação do SIM, outras iniciativas foram surgindo. Com um humor mais ácido, bem a cara do gonçalense, outras páginas como “São Gonçalo Dá Depressão” e “Zoação de São Gonçalo”, foram ocupando esse lugar mais divertido da rede. Assim começou a primeira mudança de direção. Passamos a tratar de temas mais sérios, mais tensos, mas sem nunca deixar de lado o humor leve que permeia a marca até hoje.

A cidade

O que mudou em São Gonçalo de 2012 para 2015? Muito e pouco. Estruturalmente, temos algumas novas ruas com calçamento, uma conexão de internet melhor e serviços telefônicos mais eficientes. Entretanto, em contraponto a isso, ainda temos problemas sérios com os mesmos serviços de telefone e internet, sem falar nos tradicionais déficits no fornecimento de água e energia elétrica. Mas 3 anos não é muito pouco para isso melhorar? Sim, é. Porém, infelizmente, essas obras de longo prazo mal começaram.

Por outro lado, talvez seja a primeira vez que um movimento real de pessoas acontece na cidade. Longe de uma “reunião de intelectuais”, as redes sociais criaram uma teia que une as pessoas de verdade. São Gonçalo vai ganhando cara, voz, importância e personalidade. Aos poucos, entende a sua vantagem competitiva básica: é a 16ª maior cidade do Brasil.

Nosso maior problema hoje é identitário. A cidade cresceu muito rápido nos últimos anos, o que deixou muita gente sem referencial, sem conhecer a própria história, o bairro, fazendo com que o descaso dos governantes contaminasse a população. O fato de alguém jogar lixo na rua, mesmo tendo o lixeiro à sua porta é um reflexo disso. Aliás, noutro dia, capinando a porta da minha casa, uma vizinha antiga me falou: “Tá certo, menino. A gente precisa cuidar da nossa porta. Minha neta diz que não vai varrer a rua e fica tudo sujo na frente de casa. Ela esquece que a rua também faz parte da casa dela.”

Sim, conscientizar é uma batalha. É a arte de levar o conhecimento a cada dia sem ser chato. E lá vamos nós!

O futuro?

Sou otimista. Por pior que o presente possa parecer, penso que o futuro sempre guarda boas surpresas. Até mesmo as partes ruins de hoje, os sofrimentos, as angústias, as dificuldades, tudo isso são formas de nos treinar para fazer algo melhor. Infelizmente, somos muito acomodados. Mesmo que você não se considere assim, em algum aspecto você é, eu sou. Todos somos. E pior, sempre arrumamos alguma forma de justificar nosso acomodamento. Daí a necessidade do fardo, da dificuldade para que construamos sempre algo melhor.

A intenção do SIM é tornar-se uma marca que ganhe as ruas da cidade. Que, junto com outras marcas, se torne uma potência local e estadual. O Rio de Janeiro é um dos estados mais importantes e mais misturados do Brasil. Talvez, por dever, nós fluminenses devamos liderar essa “tecnologia social”, sempre no sentido de integrar as pessoas e fazê-las trabalhar para um bem comum. Assim imaginamos o papel do SIM São Gonçalo na sociedade.

Após 3 anos, já está na hora de dar o próximo passo. E ele inclui todos vocês. Sozinho, não dou conta de um canal que tem por missão falar para uma cidade de 1 milhão de habitantes. A ideia é abrir cursos de capacitação online para formar novos produtores e editores de conteúdo, que vivam São Gonçalo e queiram vê-la cada vez melhor.

Com meus 29 anos, fico feliz por já ter conseguido reverter boa parte do conhecimento que tenho para ajudar e construir significado para a vida das pessoas. Se morrer amanhã, já tenho história pra contar. 😉

Obrigado por estar com a gente no SIM São Gonçalo! Até mais.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

2 COMENTÁRIOS

  1. Concordo em gênero número e grau. ..
    Me identifiquei muito com esse “clamor, desabafo e relato” quando vc narra que estava capinando a frente da sua casa ..É um absurdo em pleno ano 2015 ainda termos que voltar no tempo e usa de ferramentas assim pra zelar um pouco mais daquilo que tbm é nosso. ..e olha, essa semana mesmo operada tive que ir pra “rua” (entre aspas mesmo pq aqui nao tem rua ,não tem asfalto, esgoto, coletá de lixo. … dá pra chamar de rua?)
    Enquanto meu esposo passava roçadeira no matagal servia água segurando fio. ..enfim ..
    ainda isso é a realidade de muitos Gonçalenses é triste ainda carregarmos o título de cidade dormitório. .têm tudo pra crescer mas creio que a cada dia tá melhor. ..devagar tbm é andar ..

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  1. Concordo em gênero número e grau. ..
    Me identifiquei muito com esse “clamor, desabafo e relato” quando vc narra que estava capinando a frente da sua casa ..É um absurdo em pleno ano 2015 ainda termos que voltar no tempo e usa de ferramentas assim pra zelar um pouco mais daquilo que tbm é nosso. ..e olha, essa semana mesmo operada tive que ir pra “rua” (entre aspas mesmo pq aqui nao tem rua ,não tem asfalto, esgoto, coletá de lixo. … dá pra chamar de rua?)
    Enquanto meu esposo passava roçadeira no matagal servia água segurando fio. ..enfim ..
    ainda isso é a realidade de muitos Gonçalenses é triste ainda carregarmos o título de cidade dormitório. .têm tudo pra crescer mas creio que a cada dia tá melhor. ..devagar tbm é andar ..

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