Falta menos de 1 mês para que o páreo da corrida eleitoral seja formalizado. Como manda a regra, os possíveis candidatos precisam estar filiados a um partido político pelo menos um ano antes do próximo pleito que, neste caso, são as eleições municipais, pré-agendadas para 2 de outubro de 2016. Logo, se você deseja concorrer, procure um partido já!
Avisos à parte, vamos ao que interessa: o que não te contaram sobre as eleições em São Gonçalo, e que você deveria saber. É importante entendermos algumas coisas que passam desapercebidas em nosso cenário municipal. Nesta série, elegi 3 pontos específicos para mostrar como a política gonçalense não sai do lugar. São eles: Representatividade, falta de visão e desaparecimento das cabeças.
Representatividade: Se tem “muito mais” de 1.000.000 de pessoas, por que só 543.787 votaram em 2012?
Liste 5 vereadores gonçalenses… consegue? Difícil, não é?
Os repetidos discursos sempre falam que “São Gonçalo tem mais de 1 milhão de habitantes”. Aliás, noutro dia mesmo, ouvi que éramos quase 1 milhão e 500 mil pessoas… Sandices à parte, o que ninguém te diz é sobre quantas pessoas, de fato, votam. Para você ter uma noção, nas eleições de 2012 tínhamos 665.326 pessoas aptas a votar. Desse total, 543.787 eleitores compareceram às urnas, 85,09% do total. Outras 121.539 pessoas preferiram nem aparecer, formalizando os 14,91% que foram em direção à abstenção.
Para lembrarmos, Neilton Mulim foi eleito no 2º turno com 265.579 votos. E o que isso significa? Que a população pouco vota. Políticos gonçalenses gostam de falar que a cidade tem “milhões” pessoas, mas apesar da “imensidão” populacional, o que de fato existe é uma pequena parcela definindo as direções.
Isso acontece em outros lugares? Lógico que sim! Não é uma novidade. Mas está cada vez mais claro que a “crise de representatividade” tão falada à nível nacional, se mostra ainda mais nítida no município. O resultado? Prefeitos pouco ativos, sem apoio e com baixa identificação com a população.
Vereadores: uma situação ainda pior
Segundo o IBGE, em 2010, tínhamos uma população de 999.728 habitantes. A expectativa para 2014 era de 1.031.903 de pessoas. Resumindo, depois do fiasco do COMPERJ e da frustração econômica da região, é bem possível que estes números tenham crescido muito pouco e, de fato, condigam com a realidade. Repetindo e enfatizando: bem longe dos “1 milhão e muitos” que alguns políticos gostam de afirmar.
E você, sabe quantos votos teve o vereador mais votado de 2012? Não? Então, te digo: 6.391 mil votos. Sim, só isso. Achou que fosse mais? É, amigo… basta isso para entrar para o “seleto grupo”. E se eu te dissesse que teve vereador entrando com 1.898 votos? Sério, isso é verdade!
Mas não pense que é fácil ser eleito. Não é! Proporcionalmente, as eleições para vereador são as mais caras, uma vez que a disputa é maior entre vários candidatos. Agora você entende o motivo dos vereadores “demarcarem” tanto o território dentro dos bairros? Por muito pouco, podem ficar 4 anos fora da política.
Outro dado importante é a SOMA de todos os votos para vereador na cidade. Nosso sistema é proporcional aberto, ou seja, votamos em listas de candidatos onde partidos e coligações elegem os mais votados. Na prática, a história é outra. Dos 543.787 eleitores que votaram em 2012, apenas 108.559 votos foram direcionados aos 27 primeiros vereadores eleitos para ocupar a câmara municipal.
Resumindo: 1/5 dos votantes escolheram os vereadores. Se pensarmos na população inteira, podemos dizer que quase 10%, ou seja, 1 em cada 10 pessoas que moram em São Gonçalo escolheram um dos 27 vereadores eleitos.
É claro que neste processo muitos saem para ser secretários disso, daquilo, sem falar nos pouquíssimos que conseguem ser eleitos nas eleições para deputado no pleito seguinte. Mas, no grosso, a história é sempre a mesma.
As soluções?
Internet. Simples assim. Com tantas boas práticas ao redor do mundo, onde a participação e a colaboração dos cidadãos na construção da cidade são as peças principais, como isso não chega até nós? Exemplos não faltam.
No fundo, o que parece é que o medo da exposição na rede permanece entre os políticos gonçalenses. Ir para as ruas com seus seguranças e as hordas de puxa-sacos pagos batendo palmas é um exercício muito mais tranquilo, perto da opinião expressa na internet dessa imensa maioria, que não votou em nenhum dos candidatos.
No fundo, somos todos cidadãos e pagadores de impostos. A troca é fundamental.
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Foto: São Gonçalo Top / Instagram
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