No planejamento urbano de qualquer cidade, itens como iluminação, pavimentação, calçamento, arborização e saneamento são sempre os mais lembrados pelos administradores públicos. Entretanto, existe um em especial que, quando presente e bem feito, faz toda a diferença na valorização do local: a sinalização.
Nos últimos governos gonçalenses, a preocupação com a beleza da cidade até foi levada em conta. Entretanto, boa parte das soluções são de extremo mau gosto e péssima funcionalidade. Sem pensar minimamente na acessibilidade urbanística, cometemos algumas atrocidades.
Exemplos estranhos disso foram as lâmpadas verdes que puseram há um tempo na rua da caminhada, entre o Patronato e o Paraíso. Outra piada são os canteiros de pedra sobre as calçadas no Boa Vista. E os ferros incompreensíveis da praça Chico Mendes, no Raul Veiga? O bom senso demorou mas chegou, e eles foram retirados recentemente, após mais uma sandice.
Todos esses casos parecem ter vindo da mente de alguém sem o mínimo senso estético, funcional ou referências do que acontece no mundo. Afinal, se a cidade é para as pessoas, como os equipamentos urbanos não se relacionam com elas?
Dentre vários pontos, a sinalização é importantíssima na construção da identidade urbana. Mais que evitar acidentes de trânsito, organização do tráfego dos carros e motos e nomes das ruas, sinalizar é também reforçar a marca territorial. O pertencimento é fundamento básico na hora de elevar a auto-estima do cidadão que mora na localidade, fazendo-o cuidar com ainda mais carinho da cidade.
Infelizmente, é natural que os governantes atuais não tenham um olhar com apuro estético e noções de acessibilidade universal. Uma das justificativas de sempre é que essas “coisas de gente rica” são para os outros. Entretanto, se em alguns países europeus, ricos e pobres desfrutam de estruturas urbanas similares, é porque há o entendimento de que as benesses implementadas em todo território reduzem a desigualdade entre as pessoas.
Sinalização faz parte do conjunto planejamento urbano
É preciso compreender que sinalização é um conjunto, não peças separadas. O assunto não se atém aos sinais de trânsito, nem às placas apenas. Sinalizar uma cidade precisa levar em conta o nome das ruas, a pintura das calçadas e avenidas, os sinais sonoros para os deficientes visuais, a identificação de todos os bairros, inclusive a forma como seus moradores chamam cada esquina.
Tornar a cidade “mais bonita” com invenções ou exemplos esdrúxulos, só a deixa mais feia, gerando sensação de repulsa e de não-pertencimento do lugar.
Prefeitos e vereadores desse Brasil, pensemos olhando para frente!