Um dia desses, dirigindo no meu passo tartaruga, um motorista apressadinho passou a toda por mim e disse aquela frase que ninguém gosta de escutar: “– Sai da frente, seu palhaço! “
Mas, pensando bem, quem foi que disse que ser palhaço é um péssimo adjetivo? Ser palhaço é ser nobre, lírico, inocente, ingênuo e angelical. Para ser palhaço, precisamos saber quem somos. Uma honra que poucos conseguem.
Há cem anos, no dia 18 de julho, nascia em Rio Bonito uma criança chamada George Savalla Gomes, que teve essa honra de ser um palhaço. Essa criança teve também a honra de nascer no circo, filho de um casal trapezista. Também teve a honra de nascer enquanto sua mãe performava no picadeiro. Teve a honra de ser o primeiro palhaço cantor e também de se tornar o primeiro palhaço a ter um programa de TV. Essa criança foi o maior palhaço do Brasil.
Poucos dessa geração tiveram o privilégio de assistir este artista. Nos meus aniversários, tive o prazer de ser acordado ao som de parabéns para você na voz dele. Me sinto honrado em estar aqui, escrevendo um pouco da história deste querido artista que fez a minha infância mais feliz. Este palhaço me acompanhou na infância e, anos depois, tive o prazer de levar a minha família em um dos seus últimos espetáculos. Vi minha filha cantar e brincar com o velho Carequinha, quando ela tinha apenas 4 anos de idade.
Em uma das suas centenas de entrevistas, George falou que o segredo do reconhecimento de um palhaço está na pintura que faz no seu rosto. É a identidade e autenticidade do palhaço.
Ele teve a sua própria identidade. E você? Mesmo sem a cara pintada como a de um palhaço, pode dizer que tem uma identidade e autenticidade nesse picadeiro chamado vida?
Agora você tem a receita. Se te chamarem de palhaço, diga em alto e bom tom: – Com muito orgulho!
Tá certo ou não tá?
[…] merecida homenagem foi feita. O teatro se chama George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha. Ainda sim, fica a dúvida se o maior símbolo cultural da cidade se sentiria confortável com o […]