Era domingo, 30 de outubro. Logo depois do último ao vivo sobre as eleições, fiz um voo sobre a cidade. Se foi verdadeiro ou fictício, tanto faz. O pensamento flutuava. Saboreava o privilégio de olhar as cidades fluminense de cima, coisa que seus prefeitos recém-eleitos nem faziam ideia de como estavam interessantes.

Saindo do Galeão, o avião apontava a Baía de Guanabara numa velocidade ímpar. Só conhecendo bem esse estado para saber onde estávamos sobrevoando. Depois de passar pela Ilha, fundão, linha vermelha, nos deparamos com a imensidão da ponte. A democracia da noite faz com que todas as vias pareçam iguais. Até a nossa BR.

Chegando à São Gonçalo, percebi como Deus nos vê depois de cada anoitecer. Somos mais uma parte nesse emaranhado de luzes que compõe a região metropolitana do Rio de Janeiro. Mas as nossas particularidades tem um sabor especial.

Dos céus, é possível ver como somos orgânicos. Ruas que cresceram beirando rios, morros, limites geográficos que fazem desse pedacinho de terra a nossa cidade, a nossa São Gonçalo.

Desses detalhes, dois chamam mais atenção. O sobrevoo pela baía nos faz ver que a em meio à tanta organicidade, uma ordem é imposta pelo loteamento do Jardim Catarina. O Catarinão é imenso, regendo suas mais de 70 mil pessoas sob ruas retas e ortogonais. Algo que é rapidamente quebrado, com um apagão de luzes ao lado. É o início da nossa APA de Guapimirim, um restante de fauna e flora ainda mantidos ao norte da Baía, cuja bacia hidrográfica ao lado nos traz o rio Macacu, que nos irriga e justifica toda a existência de vidas de Itaboraí à Niterói.

Minutos depois, o avião subiu acima das nuvens, ainda mais perto de Deus. Ver o desenho de São Gonçalo de cima acalma. Não sei explicar, mas dá uma pista sobre o que nos mantém fortes e esperançosos em dias melhores. É como se do ponto de vista Dele, as nossas chances sejam as melhores.

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