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Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional da Redução da Morte Materna

Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e o Dia Nacional da Redução da Morte Materna

Semana que vem, mais precisamente 28 de maio, é o dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e também o Dia Nacional da Redução da Morte Materna. Nesse texto vou dar um breve relato sobre meu parto e o que pude observar estando dentro do sistema público de saúde.

Entrei em trabalho de parto no dia 28 de dezembro entre 13:00 e 14:00 horas e tive toda a assistência pelo Hospital Público Luiz Palmier, no centro de São Gonçalo. Assim que cheguei tive um pico de pressão, que caracterizou meu parto de risco e após sete horas de trabalho de parto, me levaram para cirurgia. Foi rápido, em meia hora Eva nasceu saudável e eu não tive complicações enquanto estive internada.

Dentro da maternidade, comecei a observar com mais empatia o que acontece lá dentro. Antes de parir, li muito na minha caderneta da gestante sobre todos os meus direitos, que incluíam um parto humanizado e diversas atividades antes de chegar às vias de fato, como caminhar, sentar na bola, tomar ducha quente, ficar agachada e etc. De fato, vi mulheres fazendo algumas dessas atividades dentro da sala de pré-parto e chego a dizer que achei as enfermeiras de plantão muito dispostas e incentivadoras dessas atividades.

mortematernanao28-05-13

Após a minha saída, conheci mulheres que reclamavam do atendimento e acho que entendi o porquê. O hospital é superlotado. Não se podem ter momentos individuais com as enfermeiras justamente porque eram poucas para muitas, não há proporcionalidade com relação à demanda, por isso o que é mais difícil de exercer de verdade é o atendimento humanizado, com uma ligação de afeto naquele momento importantíssimo para a mãe. Isso é culpa da equipe médica? Acho que não. Na minha concepção acho que as salas de pré-parto poderiam ter um formato diferente, com menos camas, mais incentivos aos exercícios que aliviam o estresse e a dor, alguma música relaxante e aconchegante e enfermeiras específicas para esse momento, que ficariam ali com as gestantes até o momento do parto.

Para isso, a descentralização é importante. Construir outras maternidades fora desse polo centrista da Zé Garoto. É importante pensar em outras áreas de grande concentração do nosso município, como Alcântara, Jardim Catarina, Colubandê… Além, é claro, da contratação de mais profissionais com uma remuneração digna e não a miséria que se paga hoje. Acredito que dessa forma haverá uma melhor distribuição das gestantes que nessas circunstâncias sem dúvidas, terão um atendimento mais respeitoso, afetuoso e humanizado.

 

Rafa Silva
Rafa Silvahttps://www.facebook.com/enfimrafa
Rafa Silva é negra, militante, feminista e mamãe da Eva.

Semana que vem, mais precisamente 28 de maio, é o dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e também o Dia Nacional da Redução da Morte Materna. Nesse texto vou dar um breve relato sobre meu parto e o que pude observar estando dentro do sistema público de saúde.

Entrei em trabalho de parto no dia 28 de dezembro entre 13:00 e 14:00 horas e tive toda a assistência pelo Hospital Público Luiz Palmier, no centro de São Gonçalo. Assim que cheguei tive um pico de pressão, que caracterizou meu parto de risco e após sete horas de trabalho de parto, me levaram para cirurgia. Foi rápido, em meia hora Eva nasceu saudável e eu não tive complicações enquanto estive internada.

Dentro da maternidade, comecei a observar com mais empatia o que acontece lá dentro. Antes de parir, li muito na minha caderneta da gestante sobre todos os meus direitos, que incluíam um parto humanizado e diversas atividades antes de chegar às vias de fato, como caminhar, sentar na bola, tomar ducha quente, ficar agachada e etc. De fato, vi mulheres fazendo algumas dessas atividades dentro da sala de pré-parto e chego a dizer que achei as enfermeiras de plantão muito dispostas e incentivadoras dessas atividades.

mortematernanao28-05-13

Após a minha saída, conheci mulheres que reclamavam do atendimento e acho que entendi o porquê. O hospital é superlotado. Não se podem ter momentos individuais com as enfermeiras justamente porque eram poucas para muitas, não há proporcionalidade com relação à demanda, por isso o que é mais difícil de exercer de verdade é o atendimento humanizado, com uma ligação de afeto naquele momento importantíssimo para a mãe. Isso é culpa da equipe médica? Acho que não. Na minha concepção acho que as salas de pré-parto poderiam ter um formato diferente, com menos camas, mais incentivos aos exercícios que aliviam o estresse e a dor, alguma música relaxante e aconchegante e enfermeiras específicas para esse momento, que ficariam ali com as gestantes até o momento do parto.

Para isso, a descentralização é importante. Construir outras maternidades fora desse polo centrista da Zé Garoto. É importante pensar em outras áreas de grande concentração do nosso município, como Alcântara, Jardim Catarina, Colubandê… Além, é claro, da contratação de mais profissionais com uma remuneração digna e não a miséria que se paga hoje. Acredito que dessa forma haverá uma melhor distribuição das gestantes que nessas circunstâncias sem dúvidas, terão um atendimento mais respeitoso, afetuoso e humanizado.

 

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Rafa Silva é negra, militante, feminista e mamãe da Eva.

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