Liderança e a criatividade eram marcas da hiperatividade do menino que cresceu na rua do Boqueirão Pequeno no Galo Branco, em São Gonçalo. A versatilidade para se relacionar com pessoas não só o mantinha em destaque na escola, como também num eterno estado de formação pessoal e profissional. ANDERSON HANZEN é um artista diversificado, capaz de dirigir, atuar, produzir e administrar atividades no setor cultural no teatro, na dança e na literatura.
“A germinação de gestores de Cultura para disseminação da tríade: espaços, artistas e plateia, pode ser promovido junto ao poder publico através da educação, da cultura e do esporte. Iremos passo a passo seguir um rumo diferente para o povo gonçalense.”
André Correa: Anderson, Seus espetáculos possuem um misto de dança e teatro. Como foi esse caminho de formação artística?
Anderson Hanzen: Eu sempre tive muita energia corporal era do esporte, treinava, participava de campeonato. Quando comecei a fazer teatro, tive alguns professores e depois parceiros de trabalho que eram bastante físicos. Ao começar estudar clown (palhaçaria) fui construindo um corpo performático diferente do ator propriamente dito. Foi quando comecei estudar dança contemporânea em 2009 no curso de bacharelado da UFRJ. Desde então, pude verticalizar a investigação dos atravessamentos e do hibridismo da dança e do teatro. Descobrindo que a fala é corpo, e que o corpo é feito de palavras. Esse cuidadoso estudo foi me levando para um olhar sobre olhar, onde o murmúrio do gesto foi revelando a poética do meu dizer. O que me move? Essa pergunta foi feita pela disseminadora do teatro-dança,Pina Bausch, falecida dois anos depois que a conheci. Claro, uma vida antes e depois de Pina, inevitavelmente!
Algo entre a vida e arte, entre o dizer e não dizer, um caminho no auto conhecimento. As reverberações podem ser vistas em alguns trabalhos como: ‘Corpus, fragmentos caóticos’, em 2010; ‘Di Ver Ti Dou’, em 2011; ‘Rapsodia’, em 2012; em 2013; ‘Amarante’, em 2014; ‘3 esquetes e um café’, em 2015; ‘Silêncio de caranguejos devorados ou último suspiro’, em 2016.
André Correa: No dia 23 de outubro de 2016 você participou de o espetáculo “Portas” com a CIA DEGRAU. Nos fale sobre essa parceira.
Anderson Hanzen: Em 2006 e depois em 2008 cheguei a fazer umas aulas de dança tanto com Kátia Farjado, como no Ballet Cláudia Araújo. Participei também da comissão de frente da escola de samba Universo com coreografia de Karen Ramos. Mas em 2008 foi quando eu dancei pela primeira vez no palco e estreiei também, meu clown, ainda conhecido como Zé Penico, no SESC de São Gonçalo, com a ODAM. Depois de poucas aulas com a professora e coreógrafa Angelica Maria, a mesma me fez um convite, bem certeiro pela sua experiência, em dançar um solo. Fiquei surpreso e ela disse: ‘Confia em mim!’
Assim, acabei dançando outras coreográficas e senti a sementinha da dança germinando em mim. Passei para UFRJ e voltei a sua casa, em 2011, onde assinei a direção artística dos espetáculos até 2013. Em 2014, fui pela segunda vez plateia de seu espetáculo, pois havia assistido uma montagem em 2007.
No ano de 2015 fui novamente plateia. Nesse processo, construímos uma intimidade, onde hoje, eu não sou ODAM, mas não deixo de ser. Nessas idas e vindas, Angelica falou para eu dirigir um espetáculo com a cia, que eu era o primeiro passo dessa ideia, mas acabou que foi tudo diferente. Depois de 2 anos, iniciei o processo de construção do espetáculo PORTAS, inicialmente como preparador corporal e devagar fui pegando algumas movimentações coreográficas. E após uma expansão e depois contração da minha presença nesse processo, que naturalmente acontece em qualquer movimento artístico, estive por 1 ano como bailarino e hoje digo eu sou DEGRAU cia dança.