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O sonho do menino construtor

O sonho do menino construtor

Amanhã, 19 de maio, começa a Segunda divisão do campeonato carioca de futebol profissional. Longe do glamour de Copas, de carrões e atrizes globais, vinte times dos mais variados rincões do Estado irão se estapear em estádios de várzea pela glória do acesso à primeira divisão – e o Gonçalense é um deles.

Sou um apaixonado por futebol desde que me entendo por gente. Cresci com sangue rubro-negro, gozando dos auspícios daquele escrete absurdo dos 80. Acompanho, vejo, vibro, choro e fico puto. Copa? Quero ver todos os jogos, desde clássicos como Inglaterra e Alemanha (que clássico!) até Togo x Sérvia. Futebol é muito mais do que apenas futebol – mas nem é disso que queria falar.

Preciso confessar que o 7 x1 acabou comigo. Eu achava que entendia – pelo menos um pouco – de futebol, e me vi atônito assistindo ao massacre alemão. Ora, 7×1 é um placar dilatado até em peladas infantis, em uma Copa do Mundo, entre seleções gigantes, é uma aberração. Fiquei desolado com o futebol, sem nenhum sinal daquela paixão toda de outrora. Até que veio o Gonçalense, a Segundona, e eu me encantei novamente.

Eu já disse em vários de meus textos que esta cidade é um cemitério de sonhos. Um município de proporções consideráveis, com mais de um milhão de habitantes, e o signo da derrota cravado em seu DNA. Quantos já não tentaram e fracassaram? Muitos pedem cidadania no município vizinho, outros desistem, mas a verdade é que é muito difícil vencer em São Gonçalo. Você pode vencer APESAR de São Gonçalo, mas vencer EM São Gonçalo é para os raros.

E convenhamos: o futebol do Rio é fraco. Senhores – e senhoras, por que não? – nosso ufanismo é meRmo contagiante, mas a verdade (como se ela fosse minha) é que a representatividade nacional de nosso Estado é pífia. Nos últimos anos chegamos a ter menos times na primeira divisão do que Santa Catarina. Nada pessoal contra os barrigas-verdes, inclusive meus parentes por matrimônio que lá habitam, mas carregamos o peso da História e não estamos fazendo por onde merecê-lo. Solução? Não, não vejo. Mas que possamos tomar como exemplo o futebol de São Paulo, com times do interior fortalecidos. São Gonçalo e Niterói sempre forneceram craques para os grandes times, e nunca tiveram um time que abraçasse essa vocação e esses jovens, espalhados por nossos campinhos de pelada e quadras de colégio. Até pouco tempo.

Até um menino construtor sonhar alto, e decidir fazer um time na cidade. Dono de uma empresa de construção civil, Joacir decidiu um dia que deveria e poderia devolver a esta cidade tudo o que ela lhe proporcionou. Depois de uma passagem frustrada por outro time de São Gonçalo (criado com outras ambições), ele funda o Gonçalense Futebol Clube. O Tricolor Metropolitano, o time que já nasce com um milhão de torcedores. Às próprias expensas, inicia a construção de um estádio e um time em 2014, já campeão da Terceira Divisão, em cima justamente de seu maior rival (eu estava lá – mas um dia eu conto essa emoção). Em 2015, faz bonito na Segundona do Carioca, batendo adversários centenários e colocando São Gonçalo no mapa. Mas como em toda jornada do herói, nosso escrete sofre um forte revés.

A crise do setor de Construção Civil atinge com vontade, e se alia de forma nefanda ao descaso do Poder Público, que se recusa a validar a construção do estádio. Um projeto lindo, uma arena com capacidade para 40 mil pessoas, às margens da Niterói-Manilha (inclusive se tornando opção para os times de grande investimento), gorado no ninho pela inabilidade de nossos governantes. Não, não era dinheiro que o Gonçalense queria, o dinheiro vem todo do bolso da família Thomaz, do sonho daquele menino construtor, que gostava de futebol e queria ver sua cidade ter um time de expressão. Laudos, autorizações, endossos municipais Parecia que mais um sonho engrossaria as estatísticas em nossa cidade onirocida.

Mas peraí. Sábado agora começa a Segundona, e o Gonçalense estreia contra o Barcelona, lá no Los Larios. De time reformulado, O técnico Thiago Thomaz conta com novas caras e velhos amigos para o início de mais uma jornada. Nesta cidade de mais de um milhão de habitantes, é quase uma obrigação a todos que gostam de futebol apoiar. Torcer, ir aos jogos (eu vou!), participar do dia a dia do clube. Porque não podemos deixar mais este sonho morrer, não é só o Joacir, o Thiago e o Rodrigo Santos: somos todos nós.

PS.: Eu fiz um hino para o Gonçalense. Bom, pode não se nunca o hino do Gonçalense Futebol Clube, mas é o MEU hino para o escrete. Com amor.

Hino do Gonçalense Futebol Clube
(Rodrigo Santos)

Do sonho do menino construtor
Nasceu o mais novo amor dessa cidade
Seus guerreiros são forjados no calor
Tua conquista é a nossa felicidade

Com as bênçãos do Santo Violeiro
E a paixão da Manchester fluminense
A coragem estampada em seu manto
Estamos juntos, meu eterno Gonçalense!

Escrevendo a nova história da cidade
Vem demonstrar, no gramado, o seu valor
Com força de um milhão de apaixonados
Entra em campo o mais novo tricolor!

(refrão)
Do sonho à glória
Que bela a tua história
Ao teu lado quando perde e quando vences
Tricolor Metropolitano
Campeão de mais um ano
Tu representas a coragem, Gonçalense!

PS2: O time agora tem projeto de sócio-torcedor, vai lá! Junte-se a nós!

Amanhã, 19 de maio, começa a Segunda divisão do campeonato carioca de futebol profissional. Longe do glamour de Copas, de carrões e atrizes globais, vinte times dos mais variados rincões do Estado irão se estapear em estádios de várzea pela glória do acesso à primeira divisão – e o Gonçalense é um deles.

Sou um apaixonado por futebol desde que me entendo por gente. Cresci com sangue rubro-negro, gozando dos auspícios daquele escrete absurdo dos 80. Acompanho, vejo, vibro, choro e fico puto. Copa? Quero ver todos os jogos, desde clássicos como Inglaterra e Alemanha (que clássico!) até Togo x Sérvia. Futebol é muito mais do que apenas futebol – mas nem é disso que queria falar.

Preciso confessar que o 7 x1 acabou comigo. Eu achava que entendia – pelo menos um pouco – de futebol, e me vi atônito assistindo ao massacre alemão. Ora, 7×1 é um placar dilatado até em peladas infantis, em uma Copa do Mundo, entre seleções gigantes, é uma aberração. Fiquei desolado com o futebol, sem nenhum sinal daquela paixão toda de outrora. Até que veio o Gonçalense, a Segundona, e eu me encantei novamente.

Eu já disse em vários de meus textos que esta cidade é um cemitério de sonhos. Um município de proporções consideráveis, com mais de um milhão de habitantes, e o signo da derrota cravado em seu DNA. Quantos já não tentaram e fracassaram? Muitos pedem cidadania no município vizinho, outros desistem, mas a verdade é que é muito difícil vencer em São Gonçalo. Você pode vencer APESAR de São Gonçalo, mas vencer EM São Gonçalo é para os raros.

E convenhamos: o futebol do Rio é fraco. Senhores – e senhoras, por que não? – nosso ufanismo é meRmo contagiante, mas a verdade (como se ela fosse minha) é que a representatividade nacional de nosso Estado é pífia. Nos últimos anos chegamos a ter menos times na primeira divisão do que Santa Catarina. Nada pessoal contra os barrigas-verdes, inclusive meus parentes por matrimônio que lá habitam, mas carregamos o peso da História e não estamos fazendo por onde merecê-lo. Solução? Não, não vejo. Mas que possamos tomar como exemplo o futebol de São Paulo, com times do interior fortalecidos. São Gonçalo e Niterói sempre forneceram craques para os grandes times, e nunca tiveram um time que abraçasse essa vocação e esses jovens, espalhados por nossos campinhos de pelada e quadras de colégio. Até pouco tempo.

Até um menino construtor sonhar alto, e decidir fazer um time na cidade. Dono de uma empresa de construção civil, Joacir decidiu um dia que deveria e poderia devolver a esta cidade tudo o que ela lhe proporcionou. Depois de uma passagem frustrada por outro time de São Gonçalo (criado com outras ambições), ele funda o Gonçalense Futebol Clube. O Tricolor Metropolitano, o time que já nasce com um milhão de torcedores. Às próprias expensas, inicia a construção de um estádio e um time em 2014, já campeão da Terceira Divisão, em cima justamente de seu maior rival (eu estava lá – mas um dia eu conto essa emoção). Em 2015, faz bonito na Segundona do Carioca, batendo adversários centenários e colocando São Gonçalo no mapa. Mas como em toda jornada do herói, nosso escrete sofre um forte revés.

A crise do setor de Construção Civil atinge com vontade, e se alia de forma nefanda ao descaso do Poder Público, que se recusa a validar a construção do estádio. Um projeto lindo, uma arena com capacidade para 40 mil pessoas, às margens da Niterói-Manilha (inclusive se tornando opção para os times de grande investimento), gorado no ninho pela inabilidade de nossos governantes. Não, não era dinheiro que o Gonçalense queria, o dinheiro vem todo do bolso da família Thomaz, do sonho daquele menino construtor, que gostava de futebol e queria ver sua cidade ter um time de expressão. Laudos, autorizações, endossos municipais Parecia que mais um sonho engrossaria as estatísticas em nossa cidade onirocida.

Mas peraí. Sábado agora começa a Segundona, e o Gonçalense estreia contra o Barcelona, lá no Los Larios. De time reformulado, O técnico Thiago Thomaz conta com novas caras e velhos amigos para o início de mais uma jornada. Nesta cidade de mais de um milhão de habitantes, é quase uma obrigação a todos que gostam de futebol apoiar. Torcer, ir aos jogos (eu vou!), participar do dia a dia do clube. Porque não podemos deixar mais este sonho morrer, não é só o Joacir, o Thiago e o Rodrigo Santos: somos todos nós.

PS.: Eu fiz um hino para o Gonçalense. Bom, pode não se nunca o hino do Gonçalense Futebol Clube, mas é o MEU hino para o escrete. Com amor.

Hino do Gonçalense Futebol Clube
(Rodrigo Santos)

Do sonho do menino construtor
Nasceu o mais novo amor dessa cidade
Seus guerreiros são forjados no calor
Tua conquista é a nossa felicidade

Com as bênçãos do Santo Violeiro
E a paixão da Manchester fluminense
A coragem estampada em seu manto
Estamos juntos, meu eterno Gonçalense!

Escrevendo a nova história da cidade
Vem demonstrar, no gramado, o seu valor
Com força de um milhão de apaixonados
Entra em campo o mais novo tricolor!

(refrão)
Do sonho à glória
Que bela a tua história
Ao teu lado quando perde e quando vences
Tricolor Metropolitano
Campeão de mais um ano
Tu representas a coragem, Gonçalense!

PS2: O time agora tem projeto de sócio-torcedor, vai lá! Junte-se a nós!

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