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Milícias e barricadas mudam o cenário imobiliário em São Gonçalo

Milícias e barricadas mudam o cenário imobiliário em São Gonçalo

Há algumas semanas, recebi imagens de barricadas instaladas no Galo Branco. Uma região bem próxima à praça do bairro. Bandidos locais dominaram e fecharam a área. Com a barricada, um bairro tradicional vira “comunidade”. Logo depois, se torna área de risco. Já os moradores entram numa prisão. Além de perderem o direito de ir e vir em suas casas construídas com muito suor, perdem também a possibilidade de vender seus imóveis por algum valor justo que possibilite se mudarem dali. Todos os serviços e melhorias que poderiam chegar ao bairro são barrados pela barricada.

Parte das pessoas que estão vendo a depreciação dos bairros e seus imóveis são antigos moradores da cidade. Alguns já viram filhos e netos se mudarem. Seja para outra cidade ou para outras regiões de São Gonçalo.

Por conta dos criminosos, traficantes ou milicianos, novas regiões se tornarão (ou já são) mais caras por conta da sensação de segurança. A gente pode até generalizar a violência por aqui, mas é fato que há regiões da cidade onde a polícia está mais presente e atuante por conta da infraestrutura e menor risco. Há lugares que não tem barricadas e a PM chega. A gente sabe disso.

E o que isso significa?

Cenário imobiliário em São Gonçalo crescerá nos bairros de sempre

Quem é da Mangueira e Camarão está acompanhando de perto o crescimento de um grande condomínio de apartamentos. O tamanho desproporcional assusta quando comparado às casas dos bairros. Mas o sinal é claro: o processo de verticalização chegou para ficar em São Gonçalo.

Em paralelo, o Vila Lage também vê seus prédios subirem, concentrando mais moradias na cidade. De novidade mesmo, só o Maria Paula que, pela proximidade com a região de Pendotiba, vê seu metro quadrado se valorizar ainda mais.

Construção no Maria Paula, São Gonçalo
Metro quadrado do Maria Paula está avaliado em R$ 4.358, segundo o Secovi-Rio. Foto: Jornal O São Gonçalo

Perceba que todas essas regiões, como já citei neste outro post, têm proximidade com Niterói e Rio de Janeiro. Duas das cidades com maior IDH (índice de desenvolvimento humano) do Brasil. O mercado foge cada vez mais das regiões ditas perigosas, para crescer onde o risco é “controlável” e a infraestrutura é um pouco mais presente.

O movimento de adensamento das cidades é um sinal dos novos tempos. Entretanto, em todo o estado do Rio de Janeiro, as novas residências concentradas tendem a ter seu valor regulado pelo fator “violência”, antes de tudo. A insegurança, valor tão intangível comparado à infraestrutura física e possibilidade de transporte (mobilidade), ganha cada vez mais relevância e define o futuro das cidades fluminenses.

Bandidos sabem onde construir sua barricada

Uma das coisas mais perceptíveis é como os bandidos têm a clara noção de onde não há presença do estado. Isso define o ponto exato de uma barricada ou da implantação de serviços ilegais, como internet, gatonet e venda de gás. Sem falar no clássico tráfico de drogas.

Nesse ponto, é fundamental que prefeituras e governo do estado atuem em parceria. Uma das coisas que os bandidos não apreciam é quando os bairros passam por melhorias. Isso significa que o acesso das forças de segurança irá melhorar. Logo, sua atuação se torna reduzida.

As forças policiais são fundamentais no enfrentamento do crime. Mas elas não são permanentes, como as melhorias infraestruturais que os bairros precisam. Só assim conseguiremos dar uma vida digna aos moradores que já viveram dias melhores antes de serem presos involuntariamente na prisão de suas casas.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

Há algumas semanas, recebi imagens de barricadas instaladas no Galo Branco. Uma região bem próxima à praça do bairro. Bandidos locais dominaram e fecharam a área. Com a barricada, um bairro tradicional vira “comunidade”. Logo depois, se torna área de risco. Já os moradores entram numa prisão. Além de perderem o direito de ir e vir em suas casas construídas com muito suor, perdem também a possibilidade de vender seus imóveis por algum valor justo que possibilite se mudarem dali. Todos os serviços e melhorias que poderiam chegar ao bairro são barrados pela barricada.

Parte das pessoas que estão vendo a depreciação dos bairros e seus imóveis são antigos moradores da cidade. Alguns já viram filhos e netos se mudarem. Seja para outra cidade ou para outras regiões de São Gonçalo.

Por conta dos criminosos, traficantes ou milicianos, novas regiões se tornarão (ou já são) mais caras por conta da sensação de segurança. A gente pode até generalizar a violência por aqui, mas é fato que há regiões da cidade onde a polícia está mais presente e atuante por conta da infraestrutura e menor risco. Há lugares que não tem barricadas e a PM chega. A gente sabe disso.

E o que isso significa?

Cenário imobiliário em São Gonçalo crescerá nos bairros de sempre

Quem é da Mangueira e Camarão está acompanhando de perto o crescimento de um grande condomínio de apartamentos. O tamanho desproporcional assusta quando comparado às casas dos bairros. Mas o sinal é claro: o processo de verticalização chegou para ficar em São Gonçalo.

Em paralelo, o Vila Lage também vê seus prédios subirem, concentrando mais moradias na cidade. De novidade mesmo, só o Maria Paula que, pela proximidade com a região de Pendotiba, vê seu metro quadrado se valorizar ainda mais.

Construção no Maria Paula, São Gonçalo
Metro quadrado do Maria Paula está avaliado em R$ 4.358, segundo o Secovi-Rio. Foto: Jornal O São Gonçalo

Perceba que todas essas regiões, como já citei neste outro post, têm proximidade com Niterói e Rio de Janeiro. Duas das cidades com maior IDH (índice de desenvolvimento humano) do Brasil. O mercado foge cada vez mais das regiões ditas perigosas, para crescer onde o risco é “controlável” e a infraestrutura é um pouco mais presente.

O movimento de adensamento das cidades é um sinal dos novos tempos. Entretanto, em todo o estado do Rio de Janeiro, as novas residências concentradas tendem a ter seu valor regulado pelo fator “violência”, antes de tudo. A insegurança, valor tão intangível comparado à infraestrutura física e possibilidade de transporte (mobilidade), ganha cada vez mais relevância e define o futuro das cidades fluminenses.

Bandidos sabem onde construir sua barricada

Uma das coisas mais perceptíveis é como os bandidos têm a clara noção de onde não há presença do estado. Isso define o ponto exato de uma barricada ou da implantação de serviços ilegais, como internet, gatonet e venda de gás. Sem falar no clássico tráfico de drogas.

Nesse ponto, é fundamental que prefeituras e governo do estado atuem em parceria. Uma das coisas que os bandidos não apreciam é quando os bairros passam por melhorias. Isso significa que o acesso das forças de segurança irá melhorar. Logo, sua atuação se torna reduzida.

As forças policiais são fundamentais no enfrentamento do crime. Mas elas não são permanentes, como as melhorias infraestruturais que os bairros precisam. Só assim conseguiremos dar uma vida digna aos moradores que já viveram dias melhores antes de serem presos involuntariamente na prisão de suas casas.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

6 COMENTÁRIOS

  1. Conheci o site e admirei sua pessoa de cara, por desejar o bem de São Gonçalo e entender sua complexidade. O gonçalence é único, porém carecemos de uma mudança 360 graus.

    • Obrigado, Rodrigo.

      Tento sempre trazer o máximo de visões e dados para apontar alguns caminhos. As mudanças são difíceis porque são parte de uma cultura que precisa mudar. Mas se a gente não tentar fazer algo, ninguém fará por nós. 😉

      Grande abraço e muito obrigado pelo comentário!

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6 COMENTÁRIOS

  1. Conheci o site e admirei sua pessoa de cara, por desejar o bem de São Gonçalo e entender sua complexidade. O gonçalence é único, porém carecemos de uma mudança 360 graus.

    • Obrigado, Rodrigo.

      Tento sempre trazer o máximo de visões e dados para apontar alguns caminhos. As mudanças são difíceis porque são parte de uma cultura que precisa mudar. Mas se a gente não tentar fazer algo, ninguém fará por nós. 😉

      Grande abraço e muito obrigado pelo comentário!

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