O carioca se orgulha da beleza do Rio de Janeiro, o paulista valoriza a rotina moderna e metropolitana da maior cidade do país e o baiano de Salvador ou Porto Seguro exalta o estilo festeiro, ao mesmo tempo tranquilo de viver. E o gonçalense, tem motivos para se orgulhar?
Há quase dois anos atrás eu diria que não. Os problemas que a cidade enfrenta há décadas (má administração pública, desordem urbana e infraestrutura precária) seguem sem solução. Mas hoje percebo que o povo gonçalense evolui do seu jeito e precisa valorizar a si mesmo para dar fim à sucessão de governos inúteis.
Caso você não encontre motivos para se orgulhar por ter nascido ou morar em São Gonçalo, lembre-se que temos uma escola de samba importante no cenário estadual, a Porto da Pedra, o que significa acesso a lazer e cultura para as comunidades vizinhas ao bairro da escola. Temos dois times de futebol em plena ascensão – Gonçalense e São Gonçalo FC – que este ano disputarão a série B do campeonato estadual, outra fonte de diversão.
Possuímos grandes indústrias que levam o nome da cidade Brasil afora e até para o exterior, como a Condal, maior fabricante de máscaras do país, auxiliando na expressão da alegria e da crítica popular, e como a B. Braun, multinacional farmacêutica cuja única fábrica nacional fica em São Gonçalo e emprega diversos moradores da cidade.
Devemos nos orgulhar do Albergue da Misericórdia, projeto social que desenvolve um programa de reabilitação para dependentes químicos extremamente eficiente e ainda reduz a sujeira das ruas, recolhendo o material reciclável. E valorizar o projeto cultural Uma Noite na Taverna, que mensalmente apresenta aos gonçalenses os maiores nomes da história da poesia.
Temos o Maciço de Itaúna, querido pelos praticantes de voo livre, ponto de destaque a ser explorado pelo turismo local; além da herança histórica que acompanha a Fazenda Colubandê, a Capela da Luz e demais relíquias cuja preservação depende da nossa atenção.
E por último, mas não menos importante, o maior motivo de orgulho: o próprio gonçalense. Aquele que acorda cedo para trabalhar, enfrenta horas intermináveis no trânsito, compõe o povo mais batalhador do estado do Rio de Janeiro, que tem 92 municípios. O gonçalense leva três cidades nas costas: além de São Gonçalo, auxilia diretamente no desenvolvimento do Rio de Janeiro e de Niterói. Em qualquer empresa, grande ou pequena, dessas cidades tem gonçalenses não porque somos numerosos, mas porque temos a qualificação exigida pelo mercado. Se houvesse emprego e investimento em São Gonçalo, ela estaria no mesmo nível social e econômico das principais capitais brasileiras pois qualificação profissional nós temos. E não foi de graça, nem o governo deu, muitos gonçalenses trabalham longe de casa e ainda estudam a noite.
Seja vendendo balas no sinal de trânsito do Alcântara ou sentado na sala de uma multinacional inglesa no Centro do Rio, o gonçalense é guerreiro, como o tigre da Porto da Pedra, e esta é nossa verdadeira imagem.