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62% a mais de tiroteios após intervenção militar: E o resultado nas ruas?

62% a mais de tiroteios após intervenção militar: E o resultado nas ruas?

Sábado de setembro. Final de semana. Ao passar pela Ilha das Flores à noite, lá estavam os comboios com jovens recrutas saindo para mais um combate. Após a intervenção militar no Rio, essas cenas tornaram-se comuns. Mas, e os resultados?

Assim como a maioria da população do Estado do Rio de Janeiro (março/2018), sempre fui a favor de uma experiência de intervenção militar séria na segurança do estado. Mas o que estamos vendo não é o que gostaríamos que acontecesse.

62% a mais de tiroteios após a intervenção militar

Segundo o aplicativo “Onde Tem Tiroteio”, os tiroteios aumentaram cerca de 62% desde o início das operações.

Em contrapartida, em maio de 2018, São Gonçalo foi o líder de roubos de carros. Com 658 casos no mês, foi uma média de 21 carros roubados por dia.

Mas, quais seriam as soluções?

Intervenção Militar no Rio precisa caminhar com ações de urbanização

Em regiões favelizadas coladas a bairros urbanizados, é comum ver a diferenciação que os moradores costumam fazer entre onde iniciam e terminam os limites entre o bairro e a favela.

Esse tipo de noção, ao meu ver, alimenta ainda mais a sensação de onde o poder paralelo pode atuar.

Há pouco tempo, conversando com pessoas que moram no Capote, bairro próximo ao Colubandê, elas contavam sobre como o tráfico entrou no bairro. E lamentavam que a paz havia acabado em pouco tempo. Segundo elas, ainda em 2017, o lugar era quase uma roça, tamanha a tranquilidade.

E este talvez seja o ponto de reflexão.

É perceptível que as facções criminosas no Rio estão num ritmo de expansão para regiões sem infraestrutura. Sabem que ali não há “estado”. E que o mesmo, através da polícia militar, penetra com dificuldade no território. Isso facilita o esconderijo de drogas e transforma qualquer conflito em uma guerrilha.

Já em 2016, era possível ver bairros, como o Laranjal, onde o tráfico impedia a continuação das obras de urbanização. A polícia militar teve de intervir para a conclusão das obras. Afinal, bandido sabe que quanto mais acesso do estado nos locais, menor sua atuação, enfraquecendo o poder sob a comunidade.

Talvez o próximo governador, em uma ação orquestrada com prefeitos, consiga mapear as regiões que precisam de um “choque de investimentos” e fazê-los com sucesso. Nesse caso, a ajuda dos militares seria fundamental para iniciar uma real transformação no Estado do Rio de Janeiro.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

Sábado de setembro. Final de semana. Ao passar pela Ilha das Flores à noite, lá estavam os comboios com jovens recrutas saindo para mais um combate. Após a intervenção militar no Rio, essas cenas tornaram-se comuns. Mas, e os resultados?

Assim como a maioria da população do Estado do Rio de Janeiro (março/2018), sempre fui a favor de uma experiência de intervenção militar séria na segurança do estado. Mas o que estamos vendo não é o que gostaríamos que acontecesse.

62% a mais de tiroteios após a intervenção militar

Segundo o aplicativo “Onde Tem Tiroteio”, os tiroteios aumentaram cerca de 62% desde o início das operações.

Em contrapartida, em maio de 2018, São Gonçalo foi o líder de roubos de carros. Com 658 casos no mês, foi uma média de 21 carros roubados por dia.

Mas, quais seriam as soluções?

Intervenção Militar no Rio precisa caminhar com ações de urbanização

Em regiões favelizadas coladas a bairros urbanizados, é comum ver a diferenciação que os moradores costumam fazer entre onde iniciam e terminam os limites entre o bairro e a favela.

Esse tipo de noção, ao meu ver, alimenta ainda mais a sensação de onde o poder paralelo pode atuar.

Há pouco tempo, conversando com pessoas que moram no Capote, bairro próximo ao Colubandê, elas contavam sobre como o tráfico entrou no bairro. E lamentavam que a paz havia acabado em pouco tempo. Segundo elas, ainda em 2017, o lugar era quase uma roça, tamanha a tranquilidade.

E este talvez seja o ponto de reflexão.

É perceptível que as facções criminosas no Rio estão num ritmo de expansão para regiões sem infraestrutura. Sabem que ali não há “estado”. E que o mesmo, através da polícia militar, penetra com dificuldade no território. Isso facilita o esconderijo de drogas e transforma qualquer conflito em uma guerrilha.

Já em 2016, era possível ver bairros, como o Laranjal, onde o tráfico impedia a continuação das obras de urbanização. A polícia militar teve de intervir para a conclusão das obras. Afinal, bandido sabe que quanto mais acesso do estado nos locais, menor sua atuação, enfraquecendo o poder sob a comunidade.

Talvez o próximo governador, em uma ação orquestrada com prefeitos, consiga mapear as regiões que precisam de um “choque de investimentos” e fazê-los com sucesso. Nesse caso, a ajuda dos militares seria fundamental para iniciar uma real transformação no Estado do Rio de Janeiro.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

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