Uma pilha de lixo repugnante a poucos metros da i9 Music recebia os visitantes na estreia do I Salão do Livro de São Gonçalo. Apesar de falhas deste tipo e da tradicional desorganização gonçalense, o Salão cumpriu seu papel de aproximar livro e população.
O bom público, formado majoritariamente por estudantes, enfrentava dificuldades ainda do lado de fora, pois não havia placas, nem orientadores, indicando a porta de entrada. Assim, muitos encontravam na saída a única porta visivelmente aberta. Superado este obstáculo, a visão era maravilhosa: centenas de pessoas espalhadas pelos corredores do evento, diante dos stands, folheando livros em duplas ou trios, grupos inteiros de leitura se formando espontaneamente em cada metro quadrado do local.
Assistir às crianças gonçalenses emocionadas, ouvindo poesia pela primeira vez na vida, ou vê-las com um livro em cada mão, em dúvida sobre qual comprar, renova a esperança por uma cidade melhor. Havia stands com preços acessíveis e para troca de livros usados, o que facilitava a aquisição, principalmente por parte dos estudantes que não receberam os “gonçalinhos” (moeda para compra de publicações no evento) prometidos pela Prefeitura (pior crime do governo Mulim).
Apesar da boa oferta de livros, a infraestrutura decepcionou. As crianças que foram ao banheiro tiveram uma surpresa desagradável, pois estes ficaram rapidamente sujos, sem sabão e nem água nas torneiras, pelo menos a partir do final da tarde. As vendas, totalmente manuais e sem fornecimento de notas fiscais, geraram filas em diversos stands, o que incomodou bastante gente; como também incomodou a concorrência entre apresentações que aconteciam ao mesmo tempo em áreas diferentes, embora próximas. Os áudios se confundiram, se atrapalharam, prejudicando a qualidade. E ainda que o público tenha sido grande, o comparecimento da população seria maior se a Prefeitura tivesse dado ao Salão a merecida divulgação, com outdoors e panfletagem.
A falha mais chocante do I Salão do Livro foi o prefeito Neilton Mulim não ter conduzido as grandes personalidades que compareceram, como Zuenir Ventura e Mauricio de Souza, para um passeio pelas ruas de São Gonçalo. É o papel do anfitrião sensato. Será que a presença de autores famosos foi apenas fruto de um acordo milionário e eles não se importam com nossa cidade ou na verdade Mulim tem vergonha de mostrar o lixo e o esgoto que embelezam nossas ruas queridas?