Morre aos 28 anos a jornalista e escritora Caroline Magalhães
“Nem sempre ganhando nem sempre perdendo vivendo e aprendendo a jogar”. Era uma das músicas preferidas de nossa personagem. Curtia blues, Legião, Paralamas do Sucesso, Expresso Lunar, Ana Carolina, Leandro Ribeiro e Clarice Falcão. Costumava dedicar a música “Monomania”, via link, pela manhã e gargalhar o horror da cantiga do “8°andar” pela tarde. A jornalista e escritora Caroline Magalhães teve o prazer de assessorar seu último Sarau. De forma lúdica o céu está em festa e recheado de glamour, pois nossa estrela marcou compromisso com Deus e foi bancar a jornalista para Além das Terras de Além Mar.
Fundadora do Jornal FOLHA NATIVA, a ativista cultural mergulhou para seu repouso solo às 15h32 minutos, no dia 18 de fevereiro de 2016, no Hospital das Clínicas de Niterói. O falecimento não desnuda a história de luta. Há pelo menos 5 anos ela combatia um tumor cerebral: Uma radioterapia, três tratamento quimioterápicos, um cateter, cinco pulsões e uma operação. Bravamente, dia após dia, a menina só vivia, não se permitindo falar em morte. Amante das religiões e temente a Santíssima Trindade, ela orava. Dos terços católicos aos corinhos evangélicos, visitava os centros, de umbandistas a Kardecistas. Dona de uma fé imensurável que sempre ia para além de um grão de mostarda.
Caroline é autora dos Livros “Em Algum Lugar da Criação”, “Crônicas D”Gonça” e “Encontos Afins”, participou também dos Livros “Antologia Gonçalense” e “Histórias e Cantigas”. Para além da perda humana e profissional, a cidade se de São Gonçalo perde uma ativista dedicada a escrever o território. “A Cidade precisa ser escrita”, isso ela falava dia após dia, acreditava em uma cidade justa, participativa e com qualidade de vida.
Em sua despedida, a poetisa foi supultada no Cemitério do Maruí no Barreto, na cidade vizinha, Niterói. Artistas, músicos, ativistas, jornalistas e amigos compareceram neste último sarau de sua vida.
A seguir, um clássico de Carol Magalhães, a crônica “Sou do Tempo”.
Sou do tempo
Por Caroline Magalhães
Sou do tempo em que os velocípedes não tinham motor, precisávamos usar a força das nossas próprias pernas para alcançar longas distâncias. Sou do tempo em que as crianças gostavam de ouvir histórias para dormir e conseguiam viajar o mundo todo, deitadas em suas camas aconchegantes. Sou do tempo do “vamos brincar de roda, para fazer doli, doli, doli, doli dolá.” Sou do tempo do pique alto, pega e se esconde. Sou do tempo em que adedonha de papel parava uma vila. Homem, mulher, animal, objeto, lugar. Meu lugar. Sou do tempo do “Adoleta, lepeti, peti póla, lês café com chocolate”… Hum! Sou do tempo em que as crianças tomavam todinho no café da manhã, vendo Caverna do Dragão e almoçavam vendo Power Ranger. Sou do tempo que bastava um olhar da minha mãe, para saber que estava fazendo besteira. Sou do tempo em que a banda que inspirava os jovens era Legião Urbana. Pois é! Como as coisas mudam não é mesmo. As crianças de hoje em dia tem velocípede de motor, basta apertar um botãozinho. As histórias não as encantam mais tanto, as crianças não brincam mais de roda, nem de pique e muitas gostam de “Restart”. É! A tecnologia ganhou das brincadeiras de rua. Mas também hoje, acho o Mestre dos Magos um grandíssimo cretino e o Tomy, o ranger verde/ branco, não é mais tão bonito. As coisas mudam sim. E que bom por isso.
Você fez uma poesia falando da sua amizade e o carinho que tinha pelo seu Mário..É uma lástima não estar entre nos.Onde a sua energia estiver saiba que estaremos juntos.Um abraço: do advogado engenheiro,jornalista,
professor e seu fã.
Valeu muito esse texto Carol
No horizonte das memorias Parabens !!