MENU

Transporte em São Gonçalo e o segredo do dinheiro infinito

Transporte em São Gonçalo e o segredo do dinheiro infinito

O 2º maior fluxo de pessoas entre cidades no Brasil fica aqui. Circulam entre São Gonçalo e Niterói cerca de 120.300 pessoas toda semana. Seja para estudar, trabalhar ou ambos, nosso movimento pendular é o vice-campeão brasileiro, de acordo com o último Censo de 2010, feito pelo IBGE (confira o estudo aqui).

Nesses últimos 5 anos, muita coisa mudou. Após a criação do Comperj, é bem provável que os números tenham crescido ainda mais. Essa situação dá a São Gonçalo e Niterói a posição de uma das regiões mais lucrativas para o mercado de transportes, seja ele público ou particular. Quando o assunto é vender carros, gasolina ou passagens, podemos dizer que o dinheiro infinito existe e mora aqui. Afinal, a mobilidade urbana é uma das questões mais urgentes do país.

Deslocamentos entre cidades no estado do Rio

Repetir que o Rio tem a segunda maior zona metropolitana do país é mais que redundante. Porém, ver que o trecho Niterói – São Gonçalo é um dos mais quentes me causou surpresa. Não pelo número de habitantes, mas pelas vias que temos. Nossos 3 principais “corredores de escoamento” desaguam no mesmo lugar. Alameda, Benjamin Constant e BR-101 (Avenida do Contorno) caem no mesmo ponto, causando os intermináveis engarrafamentos que conhecemos. As obras na Contorno vão ampliar o fluxo de quem sai de Niterói, mas, e quem chega de manhã? Lamento, mas parece que o gargalo continuará o mesmo.

Perceba que os deslocamentos entre o Rio e Duque de Caxias, por pouco, não empatam com São Gonçalo. Porém, se existe um lado bom para eles, talvez seja o fato da Supervia constituir mais uma opção de transporte para os caxienses. O serviço está distante de ser um dos melhores, mas evidencia que os gonçalenses são disparados os maiores reféns das empresas de ônibus no estado, proporcionalmente falando.

Note que falei “proporcionalmente”. Se lembrarmos que o Rio ainda tem barcas, metrôs e trens em circulação, talvez sejamos os maiores reféns até mesmo numericamente. E isso nos dá um título nobre no estado: somos a máquina de dinheiro infinito mais lucrativa para as empresas de ônibus.

Deslocamentos entre cidades no estado do Rio - São Gonçalo e Niterói

Chegar à essa conclusão olhando os dados de um órgão governamental, deixa ainda mais evidente que a má vontade política aliada à máfia dos transportes é o maior entrave na implantação das barcas e metrô. Pensando pragmaticamente, olhando o mercado, a rentabilidade dessas concessões só tenderia a crescer pois, como não é difícil prever, uma vez que população começa a usar estes modais na mobilidade entre as cidades, a tendência é aumentar a frequência com o uso.

A verdade é que quem deteve o segredo do dinheiro infinito durante tantos anos vai fazer de tudo para não perder a máquina. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos. “Linha 3? No, no, no!”

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

O 2º maior fluxo de pessoas entre cidades no Brasil fica aqui. Circulam entre São Gonçalo e Niterói cerca de 120.300 pessoas toda semana. Seja para estudar, trabalhar ou ambos, nosso movimento pendular é o vice-campeão brasileiro, de acordo com o último Censo de 2010, feito pelo IBGE (confira o estudo aqui).

Nesses últimos 5 anos, muita coisa mudou. Após a criação do Comperj, é bem provável que os números tenham crescido ainda mais. Essa situação dá a São Gonçalo e Niterói a posição de uma das regiões mais lucrativas para o mercado de transportes, seja ele público ou particular. Quando o assunto é vender carros, gasolina ou passagens, podemos dizer que o dinheiro infinito existe e mora aqui. Afinal, a mobilidade urbana é uma das questões mais urgentes do país.

Deslocamentos entre cidades no estado do Rio

Repetir que o Rio tem a segunda maior zona metropolitana do país é mais que redundante. Porém, ver que o trecho Niterói – São Gonçalo é um dos mais quentes me causou surpresa. Não pelo número de habitantes, mas pelas vias que temos. Nossos 3 principais “corredores de escoamento” desaguam no mesmo lugar. Alameda, Benjamin Constant e BR-101 (Avenida do Contorno) caem no mesmo ponto, causando os intermináveis engarrafamentos que conhecemos. As obras na Contorno vão ampliar o fluxo de quem sai de Niterói, mas, e quem chega de manhã? Lamento, mas parece que o gargalo continuará o mesmo.

Perceba que os deslocamentos entre o Rio e Duque de Caxias, por pouco, não empatam com São Gonçalo. Porém, se existe um lado bom para eles, talvez seja o fato da Supervia constituir mais uma opção de transporte para os caxienses. O serviço está distante de ser um dos melhores, mas evidencia que os gonçalenses são disparados os maiores reféns das empresas de ônibus no estado, proporcionalmente falando.

Note que falei “proporcionalmente”. Se lembrarmos que o Rio ainda tem barcas, metrôs e trens em circulação, talvez sejamos os maiores reféns até mesmo numericamente. E isso nos dá um título nobre no estado: somos a máquina de dinheiro infinito mais lucrativa para as empresas de ônibus.

Deslocamentos entre cidades no estado do Rio - São Gonçalo e Niterói

Chegar à essa conclusão olhando os dados de um órgão governamental, deixa ainda mais evidente que a má vontade política aliada à máfia dos transportes é o maior entrave na implantação das barcas e metrô. Pensando pragmaticamente, olhando o mercado, a rentabilidade dessas concessões só tenderia a crescer pois, como não é difícil prever, uma vez que população começa a usar estes modais na mobilidade entre as cidades, a tendência é aumentar a frequência com o uso.

A verdade é que quem deteve o segredo do dinheiro infinito durante tantos anos vai fazer de tudo para não perder a máquina. Agora é aguardar as cenas dos próximos capítulos. “Linha 3? No, no, no!”

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

3 COMENTÁRIOS

  1. A verdade é que a coisa está tão ruim, a promessa do metrô já está tão passada e ultrapassada que infelizmente o BRT (que claro as empresas de ônibus estão por trás disso) aparece não como boa e muito menos como a melhor e sim como a único coisa possível de ser feita para melhorar a mobilidade urbana no trecho São Gonçalo X Niterói pelo modelo político que temos no Rio de Janeiro.
    Sendo direto é bem assim é BRT ou nada!!!!

  2. Conheci hoje a página e li sobre essas questões de mobilidade e das barcas. Sou morador de Niterói e gostaria de parabenizar pelos artigos. Muito bom! Quanto ao tema do artigo, o que podemos fazer para resolver essa questão, já que o poder público não vai agir pelo interesse das empresas de onibus?

RESPONDA AO COMENTÁRIO

Escreva seu comentário aqui.
Por favor, insira seu nome aqui.

3 COMENTÁRIOS

  1. A verdade é que a coisa está tão ruim, a promessa do metrô já está tão passada e ultrapassada que infelizmente o BRT (que claro as empresas de ônibus estão por trás disso) aparece não como boa e muito menos como a melhor e sim como a único coisa possível de ser feita para melhorar a mobilidade urbana no trecho São Gonçalo X Niterói pelo modelo político que temos no Rio de Janeiro.
    Sendo direto é bem assim é BRT ou nada!!!!

  2. Conheci hoje a página e li sobre essas questões de mobilidade e das barcas. Sou morador de Niterói e gostaria de parabenizar pelos artigos. Muito bom! Quanto ao tema do artigo, o que podemos fazer para resolver essa questão, já que o poder público não vai agir pelo interesse das empresas de onibus?

RESPONDA AO COMENTÁRIO

Escreva seu comentário aqui.
Por favor, insira seu nome aqui.