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Poder de fala

Poder de fala

Li e ouvi desabafos de pessoas, tanto pela internet quanto pessoalmente, dizendo que agora nós só sabemos falar disso. “Disso o que?”, você deve estar se perguntando. Eu digo: a cultura do estupro.

“Ah sim, é mesmo!” É a frase que eu espero que você não tenha dito. Porque se você disse, ou até pensou, só tenho que lamentar por você, meu caro. Começamos a falar sobre isso e agora, mais do que nunca, não vamos parar.

Se por alguns instantes, você pensar na magnitude desse poder de fala e da visibilidade que estamos tendo com relação ao assunto, verá o quanto isso é maravilhoso. Irei esmiuçar para que fique didático e não tão melancólico assim. Na real, não gosto de falar sobre isso, mas é necessário que se fale para que possamos perceber essa cultura no nosso dia-a-dia e obviamente, dessa forma consertá-la (na verdade, excluí-la por completo).

Somos educadas, quase que adestradas, para sermos recatadas, puritanas e quietas. Não temos a liberdade de escolha em diversas esferas das nossas vidas, seja nas nossas relações afetivas e ou sexuais. Somos censuradas em nossas vestes, nosso corpo, nossa forma de expressão verbal, física e até mesmo no nosso desejo (e NÃO desejo também) de interação física com o outro. Parece bem complexo dito assim, mas é tão simples que chega a entristecer.

Cultura do Estupro

Não podemos sair com muitas pessoas, senão somos vadias. Também não podemos sair com poucas, senão somos caretas. Não use roupas muito curtas, senão vai ficar vulgar. Mas também não use roupas muito compridas, senão vai ficar com cara de “maria mijona”. Não seja magra demais, senão fica feia. Não seja gorda demais, senão fica feia também. Não fale palavrão, isso é coisa de macho! Não fale muito delicadinha, senão você parece patricinha. Não dê mole logo de cara, senão ninguém vai te levar a sério. Não faça muito doce, senão você vai ficar pra titia.

Viu como é simples e corriqueiro? Caso você não saiba, isso é cultura do estupro. Todas essas frases sustentam pensamentos machistas que por sua vez, respaldam atitudes desrespeitosas, violências físicas, verbais e até mesmo sexuais. Parece exagero, mas não é.  Por isso a nossa possibilidade de falar sobre isso em todos os espaços de debate possíveis é muito importante, porque fomos silenciadas a cada frase destas, e agora podemos expor o quão incômodo são todas elas.

Por tanto, mano, não venha querer me calar. A gente começou a falar e pode ter certeza, que não vamos parar até que a gente ouça, veja e sinta o seu respeito.

Rafa Silva
Rafa Silvahttps://www.facebook.com/enfimrafa
Rafa Silva é negra, militante, feminista e mamãe da Eva.

Li e ouvi desabafos de pessoas, tanto pela internet quanto pessoalmente, dizendo que agora nós só sabemos falar disso. “Disso o que?”, você deve estar se perguntando. Eu digo: a cultura do estupro.

“Ah sim, é mesmo!” É a frase que eu espero que você não tenha dito. Porque se você disse, ou até pensou, só tenho que lamentar por você, meu caro. Começamos a falar sobre isso e agora, mais do que nunca, não vamos parar.

Se por alguns instantes, você pensar na magnitude desse poder de fala e da visibilidade que estamos tendo com relação ao assunto, verá o quanto isso é maravilhoso. Irei esmiuçar para que fique didático e não tão melancólico assim. Na real, não gosto de falar sobre isso, mas é necessário que se fale para que possamos perceber essa cultura no nosso dia-a-dia e obviamente, dessa forma consertá-la (na verdade, excluí-la por completo).

Somos educadas, quase que adestradas, para sermos recatadas, puritanas e quietas. Não temos a liberdade de escolha em diversas esferas das nossas vidas, seja nas nossas relações afetivas e ou sexuais. Somos censuradas em nossas vestes, nosso corpo, nossa forma de expressão verbal, física e até mesmo no nosso desejo (e NÃO desejo também) de interação física com o outro. Parece bem complexo dito assim, mas é tão simples que chega a entristecer.

Cultura do Estupro

Não podemos sair com muitas pessoas, senão somos vadias. Também não podemos sair com poucas, senão somos caretas. Não use roupas muito curtas, senão vai ficar vulgar. Mas também não use roupas muito compridas, senão vai ficar com cara de “maria mijona”. Não seja magra demais, senão fica feia. Não seja gorda demais, senão fica feia também. Não fale palavrão, isso é coisa de macho! Não fale muito delicadinha, senão você parece patricinha. Não dê mole logo de cara, senão ninguém vai te levar a sério. Não faça muito doce, senão você vai ficar pra titia.

Viu como é simples e corriqueiro? Caso você não saiba, isso é cultura do estupro. Todas essas frases sustentam pensamentos machistas que por sua vez, respaldam atitudes desrespeitosas, violências físicas, verbais e até mesmo sexuais. Parece exagero, mas não é.  Por isso a nossa possibilidade de falar sobre isso em todos os espaços de debate possíveis é muito importante, porque fomos silenciadas a cada frase destas, e agora podemos expor o quão incômodo são todas elas.

Por tanto, mano, não venha querer me calar. A gente começou a falar e pode ter certeza, que não vamos parar até que a gente ouça, veja e sinta o seu respeito.

Rafa Silva
Rafa Silvahttps://www.facebook.com/enfimrafa
Rafa Silva é negra, militante, feminista e mamãe da Eva.

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