A nossa vida urbana se distanciou da natureza. Estamos cada vez mais em cidades. Por conta disso, aos poucos, vamos perdendo algumas noções básicas, como a questão do acesso à água doce e sua transformação em potável.
Em dias chuvosos, a cada gota que cai, só pensamos em nossos compromissos pessoais. Se vamos conseguir ou não chegar em tal lugar, ou se aquele evento vai rolar ou não por conta da chuva.
Entretanto, esses pensamentos não são gratuitos. Com tantos problemas de infraestrutura, chover significa transporte lento, pés na lama e todo o tipo de desconforto para quem precisa se deslocar na cidade.
De quebra, um outro problema constante faz com que o estado do Rio colecione desgraças: as enchentes. O excesso localizado de chuva no “lugar errado” gera muitos danos, incluindo em nossas casas.
Por outro lado, nossas deficiências educacionais nos fazem esquecer que, naquele lugar onde hoje enche, há 100 anos atrás já enchia. E até mesmo os políticos e administradores públicos, que deveriam saber daquilo, ficam perdidos a cada novo desastre que acontece, porque mal conhecem a geografia física do território que governam.
Secas: o problema da falta d’água se aproxima
Na gangorra do clima, este ano foi a seca que resolveu dar as caras novamente. Em setembro, os alertas começaram a ser dados. A bacia dos rios Guapiaçu e Macau, em Cachoeiras de Macacu, estava rareando, gerando dificuldades para abastecer o sistema Imunana-Laranjal. A consequência vimos nas torneiras sem água em São Gonçalo.
Além de Cachoeiras de Macacu, as cidades da serra fluminense, como Petrópolis e Teresópolis, além da metropolitana Guapimirim, também amargaram o período de quase dois meses e meio sem chover. A região da Serra dos Órgãos, de onde se originam alguns rios que compõem as bacias que irrigam as cidades fluminenses, está experimentando eventos completamente opostos daquele triste janeiro de 2011.
Como nos equilibramos entre secas e enchentes?
Apesar do desconhecimento dos nossos parlamentares e agentes do poder executivo, existem saídas. Mas para conhecê-las, é preciso se voltar para aqueles que produzem ciência para o estado: as Universidades Públicas.
Quando estamos em situações complicadas, a imprensa é a primeira a recorrer a elas. Os especialistas vêm à TV, falam, explicam, mas dias depois da água baixar ou cair, o assunto desaparece… até o momento que os problemas retornam. Geralmente mais fortes.
Há muitos estudos sobre como prevenir e remediar ambas as situações, de secas e enchentes. Mas é preciso que os eleitos se debrucem sobre o planejamento, integração entre poderes e instituições para melhor execução.
Afinal, em 2017, se eles se juntam para se proteger da punição de crimes, por que não conseguem fazer o mesmo quando o assunto é água?
Pobres de nós que somos governados por homens e mulheres de tão pouca visão e instrução.