A eleição do Capitão Nelson estava encaminhada desde o início. O que “distorceu” a leitura no meio do caminho foi a vitória do PT no 1º turno. Nos cenários Nelson vs. Dejorge ou Dimas ele ganharia. Tem antipetismo? Tem. Há um sentimento anti -Dejorge? Há. Mas não é só isso.
Como temos poucos estudos políticos sobre a cidade, é fácil seguirmos a linha “antipetista”. Mas a eleição de 2020 foi muito igual a de 2012. Quem ganhou o primeiro turno nunca foi eleito a nada em São Gonçalo e, sabidamente, mora em Niterói. O gonçalense do leste sabe disso.
Temos uma briga interna entre duas São Gonçalos. Similar ao que acontece na capital, por exemplo, com as Zonas Oeste vs. Norte vs. Sul. Aqui, São Gonçalo e Alcântara brigam entre si para eleger prefeitos, revezando-se. Em 2020, era a vez do eixo Alcântara–Santa Izabel fazer o seu.
Panisset conseguiu o mesmo que Paes e Cezar Maia no Rio: unificar essa identidade. O Oeste de São Gonçalo, mais instruído e com infraestrutura levemente melhor, tende a querer gestão. O leste, esquecido, quer ser atendido. Olhar o mapa de renda do IBGE é revelador.
Essa divisão não é recente. A freguesia de São Gonçalo se desenvolveu antes da Nossa Senhora da Conceição de Cordeiros, hoje leste gonçalense. Há algumas décadas atrás, os loteamentos foram feitos e pessoas de diversos lugares chegaram para morar numa região sem infraestrutura.
Para pacificar isso, só há 2 alternativas: EDUCAÇÃO DE QUALIDADE ou, o mais prático: rediscutir a separação e por em votação a separação entre São Gonçalo e Alcântara. A próxima década será muito dura para a cidade, sem dinheiro em caixa. E há que não tenha entendido isso ainda.