Belarmino Ricardo de Siqueira, o Barão de São Gonçalo, foi um político, fazendeiro e industrial e proprietário de companhias de transportes. Filho do Coronel Carlos José Siqueira Quintanilha e de Maria Antônia do Amaral, nasceu em Madressilva, Saquarema, em 1791. Faleceu no dia 9 de setembro de 1873, no Cubango, Niterói.
Atuou como comandante superior da Guarda Nacional dos Municípios de Magé e Niterói (São Gonçalo). Também foi provedor do Asilo de Santa Leopoldina.
Mesmo nascido em Saquarema, passou a sua vida dedicando-se a Niterói. Entretanto, vale destacar que, nessa época, São Gonçalo era um distrito niteroiense.
As terras de Belarmino eram extensas propriedades “gonçalenses”. Suas fazendas agrícolas se chamavam Engenho Novo e Jacaré. Elas ficavam na região compreendida entre o Patronato e o Porto Novo, tornando-o senhor absoluto da região durante o período imperial. O imperador D. Pedro II esteve diversas vezes em sua casa, inclusive na Fazenda do Engenho Novo.
Além da posse de bens em solo gonçalense, era possuidor de inúmeras outras propriedades, como em Niterói, no Centro, Cubango e Ingá; em Araruama; na cidade do Rio de Janeiro, na antiga Rua do Sacramento, número 13, até onde hoje é a Avenida Passos, em prédio de 3 andares praticamente um quarteirão, entrecortado pela Igreja de Nossa Senhora Lampadosa, ambos de sua propriedade.
Sobre o título de Barão de São Gonçalo
Nos tempos do Império, muitos foram os cidadãos agraciados com o título de Barão, especialmente por conta da riqueza particular dessas pessoas. Leia a seguir o texto sobre o título do Barão de São Gonçalo.
“Recebendo em 1849, aos 58 anos, o título de Barão de São Gonçalo, pela sua diversificada projeção sócio-política e principalmente econômica, sabendo-se ainda que o Império Brasileiro assentou as suas bases na nobreza, Belarmino Ricardo de Siqueira recebeu ainda os títulos de Grande do Império (1854), Fidalgo Cavaleiro da Casa Imperial e Oficial da Imperial Ordem da Rosa (1855), e Comendador da mesma ordem (1876), Comandante Superior da Guarda Nacional de Magé e Niterói (1826 a 1842). Provedor do Asilo Santa Leopoldina, fundou e presidiu o Banco Rural e Hipotecário e membro do Conselho Fiscal do Instituto Fluminense de Agricultura, tornando-se, outrossim, detentor de honrosas láureas, proporcionando-lhe uma natural vaidade e um imenso orgulho pelo “status” ocupado, superior na época.”
O Imperador D. Pedro II, seu amigo pessoal, concedeu-lhe vários títulos, conforme as cópias dos Decretos que transcrevemos a seguir:
“– Sua Magestade, o Imperador, houve por bem nomear por Carta Patente de 22 do mês próximo pretérito, comandante Superior da Guarda Nacional dos Municípios de Niterói e Magé ao Coronel Belarmino Ricardo de Siqueira, que nesta data prestou juramento e tomou posse – o que de ordem do Exmo. Presidente da Província à Câmara Municipal de Niterói.
Secretaria do Governo da Província do Rio de Janeiro, 26 de julho de 1842 – João Cândido de Deus e Silva”
“–Querendo distinguir e honrar a Belarmino Ricardo de Siqueira: Hei por bem fazer-lhe mercê, em sua vida, o título de Barão de São Gonçalo. Palácio do Rio de Janeiro, em dezoito de abril de mil oitocentos e quarenta e nove, vigésimo oitavo da Independência e do Império” – P. Visconde de Montalegre”.
Final de vida e homenagem na Escola Estadual Barão de São Gonçalo
Facelendo na localidade do Cubango, em Niterói, aos 82 anos, solteiro, seu corpo foi transladado para o Rio de Janeiro, sendo embalsamado (primeiro caso no Brasil) e sepultado no jazigo-Capela número 387, na quadra A, no Cemitério da Ordem Terceira do Carmo, como era o seu desejo, inclusive manifestado em testamento.
As suas vísceras foram sepultadas no cemitério de Pachecos em São Gonçalo.
O diário Oficial do Estado do Rio, no seu número 26 de abril de 1971, publicou a notícia da criação do Grupo Escolar Barão de São Gonçalo. Tratava-se de uma medida de justiça do Governador do Estado, pois o Grupo Escolar anterior, com o mesmo nome, foi incompreensivelmente substituído por outra escola com outro patrono. O município de São Gonçalo estava em dívida com a pessoa que foi Belarmino Ricardo de Siqueira, mais tarde, Barão de São Gonçalo.
A Escola Estadual Barão de São Gonçalo está localizada na Rua Dalva Raposo, 215, Maria Paula. Em 1996, ano de publicação do livro “Gonçalenses Adotivos“, funcionava em três turnos com mais de 1.000 alunos cursando o primeiro grau completo (hoje ensino fundamental).
Agradecimento
Fica aqui meu agradecimento ao autor Salvador Mata e Silva (1943–2016) por deixar registrado em seu livro a permissão para reprodução do livro. Espero que cada vez mais gonçalenses tenham acesso a história de sua cidade.
Fonte:
SILVA, Salvador Mata e, 1943
Gonçalenses Adotivos São Gonçalo;
Rio de Janeiro: Companhia das Artes
Gráfica, 1996
130 p.; 21cm (coleção/IPDESG)
1. São Gonçalo (RJ) – Biografia. I. Título
CDD (18ª) 920-0815
Dizem as más línguas, que o professor Homero Guião, ganhou na justiça o direito aos bens do Barão de São Gonçalo, sendo nomeado seu curador. Talvez isto explique porque um simples professor da cidade de São Gonçalo, hoje viva em Icaraí usufruindo do bom e do melhor!
Eita, Wilson!
Conte essa história com vagar, rs.
A respeito da matéria, São Gonçalo não tem dívida nenhuma com esse latifundiário. Ele sim devia tudo à riqueza extraída daqui. E veio deixar aqui as vísceras, um vigarista que não merece homenagem nenhuma.
Obs. Se houver dúvida acerca da canalhice dele, leia-se o final do capítulo 1 de Monarquia à República, de Emília Viotti da Costa.