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Os vereadores se afogaram

Os vereadores se afogaram

São Gonçalo, segundo município mais populoso do Estado do Rio de Janeiro, recebeu uma notícia inusitada semana passada: todos os vereadores que compõem o Poder Legislativo se afogaram. A cidade ainda busca seus substitutos, de preferência honestos.

Como tipicamente ocorre no Verão, choveu muito forte na região metropolitana do Estado dia 16 de fevereiro, data do óbito dos parlamentares. O prédio da Câmara Municipal apresentava graves problemas de infraestrutura, antigos, que por motivos de abandono, desprezo e preguiça com o patrimônio público jamais foram consertados.

Além das vidas humanas, equipamentos eletrônicos e computadores foram estragados pela chuva; mesas, cadeiras e armários, destruídos. Com o comprometimento da rede elétrica e o perigo iminente, a Defesa Civil interditou o local. Observou-se, no entanto, que poucos projetos de lei foram perdidos visto que 89% dos vereadores não legislavam, apesar do incrível salário de R$ 15 mil, enquanto a renda per capita do trabalhador gonçalense não alcança um salário mínimo.

Parte considerável da população minimiza as consequências da perda. Alega que os vereadores eram tradicionalmente vistos apenas uma vez por ano, no Natal, quando subiam escadas de madrugada, escondidos da Polícia, para pendurar faixas ilegais nos postes de luz desejando “Boas Festas”. A Legislação exige, contudo, a substituição dos mesmos e camelôs famosos, cabeleireiros simpáticos, líderes comunitários gananciosos e toda sorte de aproveitadores já se candidataram ao cargo.

Desta vez o eleitor da cidade promete ser mais exigente e diz que não votará em espertalhões corruptos que não sabem ler e escrever, trocam as consoantes R e L, como o Cebolinha da Turma da Mônica, são incapazes de aplicar a concordância nominal e verbal mas se consideram líderes políticos inteligentes.

Em vez da leitura da Bíblia Sagrada no início de cada sessão plenária, que agrada principalmente ao cristão que nada entende de Política, o gonçalense exige agora que o novo corpo de vereadores leia um capítulo do Manual de Sobrevivência Diante de Situações Adversas Extremas, como as chuvas de verão. De acordo com os moradores de São Gonçalo, o enterro superfaturado dos parlamentares custou caro demais aos cofres públicos e o país inteiro vive uma crise econômica extraordinária.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

São Gonçalo, segundo município mais populoso do Estado do Rio de Janeiro, recebeu uma notícia inusitada semana passada: todos os vereadores que compõem o Poder Legislativo se afogaram. A cidade ainda busca seus substitutos, de preferência honestos.

Como tipicamente ocorre no Verão, choveu muito forte na região metropolitana do Estado dia 16 de fevereiro, data do óbito dos parlamentares. O prédio da Câmara Municipal apresentava graves problemas de infraestrutura, antigos, que por motivos de abandono, desprezo e preguiça com o patrimônio público jamais foram consertados.

Além das vidas humanas, equipamentos eletrônicos e computadores foram estragados pela chuva; mesas, cadeiras e armários, destruídos. Com o comprometimento da rede elétrica e o perigo iminente, a Defesa Civil interditou o local. Observou-se, no entanto, que poucos projetos de lei foram perdidos visto que 89% dos vereadores não legislavam, apesar do incrível salário de R$ 15 mil, enquanto a renda per capita do trabalhador gonçalense não alcança um salário mínimo.

Parte considerável da população minimiza as consequências da perda. Alega que os vereadores eram tradicionalmente vistos apenas uma vez por ano, no Natal, quando subiam escadas de madrugada, escondidos da Polícia, para pendurar faixas ilegais nos postes de luz desejando “Boas Festas”. A Legislação exige, contudo, a substituição dos mesmos e camelôs famosos, cabeleireiros simpáticos, líderes comunitários gananciosos e toda sorte de aproveitadores já se candidataram ao cargo.

Desta vez o eleitor da cidade promete ser mais exigente e diz que não votará em espertalhões corruptos que não sabem ler e escrever, trocam as consoantes R e L, como o Cebolinha da Turma da Mônica, são incapazes de aplicar a concordância nominal e verbal mas se consideram líderes políticos inteligentes.

Em vez da leitura da Bíblia Sagrada no início de cada sessão plenária, que agrada principalmente ao cristão que nada entende de Política, o gonçalense exige agora que o novo corpo de vereadores leia um capítulo do Manual de Sobrevivência Diante de Situações Adversas Extremas, como as chuvas de verão. De acordo com os moradores de São Gonçalo, o enterro superfaturado dos parlamentares custou caro demais aos cofres públicos e o país inteiro vive uma crise econômica extraordinária.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

2 COMENTÁRIOS

  1. Falou tudo!!! Mas não adianta elegermos apenas um vereador que saiba falar “problema” (muitos falam probrema), temos que eleger um pleito que não nos envergonhem, que não percam seu tempo para dar título de gonçalense para o Luciano Huck!! Pessoas com potencial analítico e que possam identificar a solução do problema e não ficar tagarelando igual a papagaio de pirata.
    De idiotas já estamos de saco cheio!!

    • Exatamente, Ronaldo. Há ativistas políticos gonçalenses que dizem que hoje a Câmara é mais transparente do que no passado e que finalmente existe fiscalização do trabalho do prefeito. De acordo com eles, a Câmara está melhorando e precisa melhorar muito mais.

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  1. Falou tudo!!! Mas não adianta elegermos apenas um vereador que saiba falar “problema” (muitos falam probrema), temos que eleger um pleito que não nos envergonhem, que não percam seu tempo para dar título de gonçalense para o Luciano Huck!! Pessoas com potencial analítico e que possam identificar a solução do problema e não ficar tagarelando igual a papagaio de pirata.
    De idiotas já estamos de saco cheio!!

    • Exatamente, Ronaldo. Há ativistas políticos gonçalenses que dizem que hoje a Câmara é mais transparente do que no passado e que finalmente existe fiscalização do trabalho do prefeito. De acordo com eles, a Câmara está melhorando e precisa melhorar muito mais.

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