Nessa segunda semana de julho de 2018, a coluna do Ancelmo Gois, no O GLOBO, deu destaque à pesquisa realizada pela BEM TV Educação e Comunicação. Segundo os dados levantados, o desemprego entre jovens é de 34,7% em São Goncalo. É um terço da mão de obra até 29 anos parada. Simplesmente não trabalham.
A matéria tem um tom calamitoso. Ela compara nossa situação a países como o Haiti, um dos mais miseráveis das Américas, e Síria, que ainda está na saindo de uma dolorosa guerra interna. E apesar de nosso dia a dia não ser, nem de perto, comparável a esses países, é preciso olhar esses dados com atenção. Afinal, eles revelam algo que percebemos com clareza: o aumento da violência nos últimos 8 anos.
Taxa de jovens desempregados em São Gonçalo ajuda a compreender aumento da violência
O marco que sempre faço questão de pontuar é a invasão do Complexo do Alemão, em 2010. A partir daquele evento, as redes criminosas se movimentaram em todo o Rio de Janeiro.
É perceptível que São Gonçalo entrou na rota de distribuição de drogas com mais intensidade nessa década. Especialmente na distribuição, com carregamentos que entram via Baía de Guanabara, na região do Salgueiro. A ponte criada pelo Comperj/Petrobras sobre o rio Alcântara teve sua utilização reinventada. E a infraestrutura trazida pelo setor privado fez crescer o crime no Leste Fluminense.
São Gonçalo tem características particularmente interessantes para o tráfico de drogas fluminense. Fica ao lado de Niterói, cidade com maior proporção de ricos no país, além de ser caminho para um dos maiores pólos turísticos do estado: a região dos Lagos. Essas características geográficas combinadas com desemprego entre jovens, que estão sem perspectiva e ansiosos para ter tudo que vêem na televisão, no Youtube, na internet, tornam nossa cidade o lugar perfeito para ter mão de obra barata e descartável para o crime.
Mas São Gonçalo inteira é assim?
Não. E a prova é o Mapa das Barricadas, que ilustra bem a ausência do estado nas regiões.
Na próxima década, nossa população tende a aumentar ainda mais, tornando-se ainda mais complexa. E acredite, com a chegada de mais armas e políticos oriundos de milícias, tráfico ou associação com o tráfico (principalmente), vamos lembrar com saudades da São Gonçalo dos anos 2000.
[…] Após 5 anos de queda e marasmo, a economia brasileira dá tímidos sinais de reação. Mas quando vamos para o microcosmo das cidades, o que vemos em São Gonçalo ainda é uma grande dificuldade na geração de renda e emprego. […]