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Ficamos mais gonçalenses no Natal

Ficamos mais gonçalenses no Natal

São Gonçalo fica ainda mais gonçalense no Natal. As ruas estão lotadas, não? De gente, carros, lixo e fedor. Pessoas de todos os tipos e gostos circulam de mãos cheias, ensopadas de suor, carregando sacolas de compras pra cima e pra baixo, ansiosas como se vivessem o último dia na Terra. Graças ao horário de verão e às férias escolares, as crianças brincam até o início da noite e raias e cortadeiras colorem o céu da cidade.

Nos estacionamentos dos supermercados e shoppings não há mais espaço. Motoristas brigam por vagas batendo um carro no outro, como se disputassem no autopista, brinquedo dos parques de diversão. Se o pedestre não sai da frente, é atropelado imediatamente.

A iluminação de Natal das casas e apartamentos, no entanto, está mais modesta, pelo menos no Vila Três. A inflação de dois dígitos e o desemprego afetaram a economia doméstica do cidadão. A Fazenda Colubandê, sob incertezas, foi iluminada com pompa, centenas de pessoas e a presença ilustre da Orquestra Sinfônica Municipal. São Gonçalo poderia ficar inteiramente às escuras nesta época, exceto a Fazenda Colubandê. Dezenas de milhares de trabalhadores que voltam para casa pela RJ-104 recuperam suas forças no exato momento em que passam em frente a ela, viva, iluminada. Refresco para a alma que renova a esperança do homem e da mulher explorada, cuja jornada de trabalho aumenta em 50% por causa dos engarrafamentos. Que o lixo proveniente da decoração tenha sido recolhido, ao invés de jogado no Casarão, como fizeram ano passado.

Enquanto a Fazenda se destaca, a Política desaparece totalmente no Natal. Os vereadores que não sabem ler nem escrever se vestem de Papai Noel, trocam entre si honrarias, títulos e aplausos sem qualquer merecimento, distribuem presentes para a população e montam árvores de Natal para enfeitar os bairros, que maravilha. Existe aspecto mais gonçalense que o populismo miseravelmente ignorante?

A Saúde “morre”, entra em um dos piores colapsos do ano. Faltam médicos até nas unidades particulares, o povo que não adoeça.

Ficamos mais criativos, agitados e sensíveis neste período. E carregamos na memória outro Natal compartilhado nesta cidade humilde, também só nossa.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

São Gonçalo fica ainda mais gonçalense no Natal. As ruas estão lotadas, não? De gente, carros, lixo e fedor. Pessoas de todos os tipos e gostos circulam de mãos cheias, ensopadas de suor, carregando sacolas de compras pra cima e pra baixo, ansiosas como se vivessem o último dia na Terra. Graças ao horário de verão e às férias escolares, as crianças brincam até o início da noite e raias e cortadeiras colorem o céu da cidade.

Nos estacionamentos dos supermercados e shoppings não há mais espaço. Motoristas brigam por vagas batendo um carro no outro, como se disputassem no autopista, brinquedo dos parques de diversão. Se o pedestre não sai da frente, é atropelado imediatamente.

A iluminação de Natal das casas e apartamentos, no entanto, está mais modesta, pelo menos no Vila Três. A inflação de dois dígitos e o desemprego afetaram a economia doméstica do cidadão. A Fazenda Colubandê, sob incertezas, foi iluminada com pompa, centenas de pessoas e a presença ilustre da Orquestra Sinfônica Municipal. São Gonçalo poderia ficar inteiramente às escuras nesta época, exceto a Fazenda Colubandê. Dezenas de milhares de trabalhadores que voltam para casa pela RJ-104 recuperam suas forças no exato momento em que passam em frente a ela, viva, iluminada. Refresco para a alma que renova a esperança do homem e da mulher explorada, cuja jornada de trabalho aumenta em 50% por causa dos engarrafamentos. Que o lixo proveniente da decoração tenha sido recolhido, ao invés de jogado no Casarão, como fizeram ano passado.

Enquanto a Fazenda se destaca, a Política desaparece totalmente no Natal. Os vereadores que não sabem ler nem escrever se vestem de Papai Noel, trocam entre si honrarias, títulos e aplausos sem qualquer merecimento, distribuem presentes para a população e montam árvores de Natal para enfeitar os bairros, que maravilha. Existe aspecto mais gonçalense que o populismo miseravelmente ignorante?

A Saúde “morre”, entra em um dos piores colapsos do ano. Faltam médicos até nas unidades particulares, o povo que não adoeça.

Ficamos mais criativos, agitados e sensíveis neste período. E carregamos na memória outro Natal compartilhado nesta cidade humilde, também só nossa.

Mário Lima Jr.
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