Quando as urnas foram abertas, quase ninguém acreditou. Nem mesmo ele. Afinal, como seria possível alguém conseguir uma vitória depois de quase ter chegado em 3º lugar no primeiro turno? Para os religiosos mais fervorosos, a vitória se atribui a Deus. Mas no mundo dos homens, foram os ânimos contrários à outra gestão que consagraram, no dia 28 de outubro de 2012, o ainda deputado federal Neilton Mulim como prefeito.
Logo no primeiro ano, Mulim sofreu o primeiro baque. Aliás, não só ele. Praticamente todos os prefeitos de cidades tocadas pelas manifestações de 2013 foram penalizados. Começava ali o calvário. Enquanto Rodrigo Neves, em Niterói, e Eduardo Paes, no Rio, se esquivavam, o prefeito de São Gonçalo parece ter sentido o golpe da ira popular. O grito “Fora, Mulim!” já ecoava em frente à prefeitura, mesmo que prematuramente.
Cobrado constantemente pela promessa da passagem a R$1,50, não teve coragem de dialogar de forma aberta com a população e vereadores. O resultado foi nítido: a proposta fraca e pífia foi vetada na câmara. Culpa que ele pôs na conta dos vereadores. Ainda tentou permitir que as vans fossem às ruas, tudo na mão grande. Mas a justiça caiu em cima e decretou a atividade como ilegal.
O plano imaturo
Pensávamos que o mandato seria de reformas. Afinal, na campanha foi prometido que teríamos uma empresa municipal de lixo, outra de água… Ouvíamos notícias e víamos as obras de melhorias nas áreas de onde o prefeito é oriundo, no distrito de Monjolos. Mas havia alguma coisa de diferente no ar. Era um prefeito pacato demais.
O pensamento “já que estamos aqui, então vamos aproveitar” ficou claro em 2014. Com uma campanha que tinha gente nas ruas durante quase toda a eleição, Neilton Mulim elegeu seu irmão, Nivaldo Mulim. Tão inexpressivo quanto o irmão, ganhou o voto dos que ainda caíram no conto populista do “Café Social”.
Aliás, um parênteses: o dinheiro que se gasta nessas baboseiras populistas bancaria muita creche popular na cidade. E com um um bônus: a família da criança poderia tomar café com ela na escola. O impacto seria muito maior que um cafezinho no meio da praça.
Com 93.192 votos, o agora deputado Nivaldo Mulim via crescer a popularidade do clã familiar. Entretanto, a campanha que o tornou o 6º legislador estadual mais votado do Rio de Janeiro não deve ter sido barata, dado o volume de propaganda e gente balançando bandeira que víamos nas ruas.
Agora, com um deputado estadual e um prefeito, os olhos se voltavam para 2016. Mas aos poucos, o tsunami da impopularidade bateu à porta. A falta de tato e diálogo com as pessoas gerou ruptura até mesmo em quem antes apoiava o alcaide.
O fracasso das eleições 2016
Se fosse pra gente listar todos os mandos e desmandos, feitos e desfeitos, como a Operação Cidade Limpa e o ovo superfaturado, escreveríamos um livro, não um post.
Curiosamente, antes das eleições, houve quem apoiasse o ex-prefeito e o defendesse. Alguns diziam que ele fez “pouca propaganda” e por isso as pessoas não o viam. Mas depois da derrota, a cidade virou um trem desgovernado. Os resultados nós estamos vendo agora, ao final do mandato, com falta de pagamentos do funcionalismo municipal, da empresa de lixo e, até mesmo, da conta de luz, que há tempos não vinha sendo paga, gerando um corte de energia na prefeitura no último mês de 2016.
Curiosamente, todos que eram próximos se bandearam para outros caminhos. Quem era a favor, resolveu se calar. E quem nunca gostou, ficou ainda mais contra tudo que representa essa última gestão.
O futuro da cidade
Depois do trauma atual, com a quantidade de lixo nas ruas, é bem difícil que o clã dos Mulim seja eleito a algo maior que uma cadeirinha na câmara. Afinal, 3, 4 mil votinhos não é muita coisa para que continuem seu pequeno reinado em Monjolos.
Hoje, 29 de dezembro de 2016, a 2 dias do término de seu mandato, Neilton Mulim teve sua prisão decretada, por não fazer o pagamento do salário dos servidores do município. Muito provavelmente, se juntará ao grupo onde estão os outros dois prefeitos, Henry Charles e Aparecida Panisset, tornando-se inelegível durante um bom tempo.
Agora é esperar que a população não se esqueça do que anda sofrendo. Porque, se der mole, todos eles voltam como se nada tivesse acontecido.
Grande artigo, Matheus. Explica de maneira fácil e clara o que representou o governo Mulim do início ao fim.
Sei que as pessoas vão querer saber um pouco mais do passado daqui a uns anos. Esse é o nosso retrato.
Matheus, eu sempre acompanho os seus posts e admiro teu trabalho. Tua análise foi ótima, com apenas um detalhe: o tal reino de Monjolos está tão abandonado quanto o resto da cidade. Muitas promessas e pouca realização. Já virou meme dizer por aqui que nem no bairro da mãe dele (Mundel), ele asfaltou as ruas. Criou um monte de buracos prometendo água e nada. Lamentável.
Lamentável mesmo, Fernanda. É incrível como os políticos da cidade, mesmo tendo muito a favor, conseguem fazer com que as coisas trabalhem contra. Alguns parecem – e talvez façam – de propósito.
Obrigado por estar com a gente no SIM São Gonçalo! E, como sempre falo, se quiser contribuir, fique à vontade para mandar seus textos e análises sobre a cidade. Abraços.
Este cara como tantos outros que estiveram governando o município de SG, nada fizeram para melhorar a situação desta cidade.
Há falta de comprometimento destes “prefeitáveis” com o município. São Gonçalo é governado por roceiros, onde em alguns bairros, pessoas se locomovem através de carroças puxadas por jegues, coitadas!!
Passem pelos bairros Boa Vista, Pacheco, Santa Izabel, Monjolos, Boassú, entre outros lugares e verão o horror que é aquilo lá.
Lembro que o único prefeito que deu “uma leve maquiada” na cidade, foi o Edson Ezequiel de Mattos. Depois disto, nada mais fizeram.
Os caras não tem comprometimento com a população, não se esforçam para melhorar este trânsito caótico na cidade, oferecendo mais mobilidade urbana, dando um fim de uma vez por todas nestes enormes engarrafamentos por vias como a BR-101 e nas vias principais que cortam todo o município. É muito descaso com a população. Sinceramente, assim que Deus permitir, meterei o pé deste lugar, pois, ninguém merece viver em um local que nada se muda, a não ser a cara dos incompetentes que passam por aí.
[…] semestre de 2016, o equipamento cultural estaria inaugurado. Porém… era ano eleitoral e o alcaide não foi reeleito. Assim, o pobre teatro ficou “quarentenado” por todo esse […]