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Levem a Maré de violência de volta pra favela

Levem a Maré de violência de volta pra favela

Eu vinha de Aparecida, no Estado de São Paulo, e atravessava a Linha Vermelha de ônibus, domingo passado (16/07), quando o trânsito parou de repente. Logo vi que não era um simples engarrafamento carioca: policiais corriam de arma em punho e motoristas abandonavam seus carros e corriam na direção contrária. Era a violência do Complexo da Maré que transbordava, de novo, ameaçando inocentes.

Bandidos interrompendo bruscamente meu passeio em família? Um absurdo! Pago meus impostos. O motorista do ônibus mandou os passageiros manterem a calma e abaixarem a cabeça, aí que o povo entrou em desespero. Chorando, minha esposa imediatamente se ajoelhou e implorou ajuda a Nossa Senhora Aparecida. Meu filho dormia e não percebeu o terror.

Motoristas e passageiros se protegem de tiros na Linha Vermelha. Foto: Zilmar

Ninguém sabia direito o que fazer porque na verdade a gente não podia fazer nada dentro do ônibus, presos pelo engarrafamento, perto do 22º Batalhão da Polícia Militar. O nervosismo levou alguns ao banheiro do veículo, outros começaram a falar descontroladamente e poucos cumpriram a ordem de abaixar a cabeça e permanecer em silêncio. Se os marginais viessem num arrastão pra cima da gente, “perdeu”.

Em vários momentos tive vontade de descer e correr pra longe, mas o medo de tomar um tiro me impedia. Famílias inteiras fizeram isso, carregando bebês, inclusive. Carros tentavam retornar e motos passavam na contramão em alta velocidade.

Nós, moradores honestos do Rio de Janeiro, não aguentamos mais. O Estado é o culpado por essa bagunça. O que é o Estado eu não sei, só sei que a culpa não é minha.

Essa preocupação absurda com direitos humanos contribuiu para a violência atingir níveis infernais no Rio, como diz o grande Jair Bolsonaro, do alto de sua sabedoria e conhecimento adquirido através de profundos estudos sociais.

Exército no patrulhamento da Linha Vermelha, altura do Complexo da Maré, na época dos jogos olímpicos. Foto: UOL
Exército no patrulhamento da Linha Vermelha, altura do Complexo da Maré, na época dos jogos olímpicos. Foto: UOL

Mandem o Exército matar os vagabundos. Explodam os barracos. Aproveitem que as Forças Armadas vão patrulhar as ruas até o fim de 2018 e permitam que façam uma limpeza atirando primeiro e perguntando depois. Alguns inocentes morrerão, assim é a guerra. Quando uma nova Maré se formar daqui a algumas décadas, após a destruição do Complexo, não estarei mais na Terra.

Tirar os direitos dos seres humanos assim que se tornam bandidos é a solução para um Brasil melhor. Algo tão simples, tão óbvio. Nada de levar em consideração a formação histórica brasileira, repleta de desigualdade.

As 140 mil pessoas que vivem na Maré, em 17 favelas, deveriam fazer sua parte. Se foram criadas sobre a pobreza, sem direito a serviços como água encanada, aproveitem a oportunidade do ensino público e melhorem de vida. Se as crianças de lá brincam descalças na rua ao lado de valas de esgoto, a culpa é dos pais, nem tudo é culpa do Estado. Se são forçadas a entrar no crime por traficantes que fazem o recrutamento dentro das escolas, não me importo, desde que o direito de ir e vir das pessoas honestas continue existindo.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

Eu vinha de Aparecida, no Estado de São Paulo, e atravessava a Linha Vermelha de ônibus, domingo passado (16/07), quando o trânsito parou de repente. Logo vi que não era um simples engarrafamento carioca: policiais corriam de arma em punho e motoristas abandonavam seus carros e corriam na direção contrária. Era a violência do Complexo da Maré que transbordava, de novo, ameaçando inocentes.

Bandidos interrompendo bruscamente meu passeio em família? Um absurdo! Pago meus impostos. O motorista do ônibus mandou os passageiros manterem a calma e abaixarem a cabeça, aí que o povo entrou em desespero. Chorando, minha esposa imediatamente se ajoelhou e implorou ajuda a Nossa Senhora Aparecida. Meu filho dormia e não percebeu o terror.

Motoristas e passageiros se protegem de tiros na Linha Vermelha. Foto: Zilmar

Ninguém sabia direito o que fazer porque na verdade a gente não podia fazer nada dentro do ônibus, presos pelo engarrafamento, perto do 22º Batalhão da Polícia Militar. O nervosismo levou alguns ao banheiro do veículo, outros começaram a falar descontroladamente e poucos cumpriram a ordem de abaixar a cabeça e permanecer em silêncio. Se os marginais viessem num arrastão pra cima da gente, “perdeu”.

Em vários momentos tive vontade de descer e correr pra longe, mas o medo de tomar um tiro me impedia. Famílias inteiras fizeram isso, carregando bebês, inclusive. Carros tentavam retornar e motos passavam na contramão em alta velocidade.

Nós, moradores honestos do Rio de Janeiro, não aguentamos mais. O Estado é o culpado por essa bagunça. O que é o Estado eu não sei, só sei que a culpa não é minha.

Essa preocupação absurda com direitos humanos contribuiu para a violência atingir níveis infernais no Rio, como diz o grande Jair Bolsonaro, do alto de sua sabedoria e conhecimento adquirido através de profundos estudos sociais.

Exército no patrulhamento da Linha Vermelha, altura do Complexo da Maré, na época dos jogos olímpicos. Foto: UOL
Exército no patrulhamento da Linha Vermelha, altura do Complexo da Maré, na época dos jogos olímpicos. Foto: UOL

Mandem o Exército matar os vagabundos. Explodam os barracos. Aproveitem que as Forças Armadas vão patrulhar as ruas até o fim de 2018 e permitam que façam uma limpeza atirando primeiro e perguntando depois. Alguns inocentes morrerão, assim é a guerra. Quando uma nova Maré se formar daqui a algumas décadas, após a destruição do Complexo, não estarei mais na Terra.

Tirar os direitos dos seres humanos assim que se tornam bandidos é a solução para um Brasil melhor. Algo tão simples, tão óbvio. Nada de levar em consideração a formação histórica brasileira, repleta de desigualdade.

As 140 mil pessoas que vivem na Maré, em 17 favelas, deveriam fazer sua parte. Se foram criadas sobre a pobreza, sem direito a serviços como água encanada, aproveitem a oportunidade do ensino público e melhorem de vida. Se as crianças de lá brincam descalças na rua ao lado de valas de esgoto, a culpa é dos pais, nem tudo é culpa do Estado. Se são forçadas a entrar no crime por traficantes que fazem o recrutamento dentro das escolas, não me importo, desde que o direito de ir e vir das pessoas honestas continue existindo.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
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