Os mais atentos ao noticiário internacional devem ter percebido que uma onda de mobilizações populares vem varrendo a Europa, principalmente a Grécia e a Espanha. Tais mobilizações tem como ponto de partida o questionamento do modelo econômico que explora os mais pobres e mantem os lucros dos mais ricos.
Porém, as experiências do Syriza na Grécia, e do Podemos na Espanha, aprofundaram as contradições e levaram os questionamentos para o campo político. A dicotomia entre esquerda e direita já não é importante, o que está em jogo é a democracia representativa.
Esse ano ocorreram as eleições municipais na Espanha, tendo saído como vitoriosos os partidos Podemos e o Ciudadanos com suas apostas municipalistas, baseada no desenvolvimento político, social, econômico, cultural e ambiental das cidades. Todo o programa foi construído pelos munícipes que pela primeira vez tornaram-se protagonistas no processo.
Nestes governos, os cidadãos estão sendo chamados a construírem as políticas públicas juntamente com o poder público, através das assembleias populares e dos círculos temáticos, elevando o status de cidadão a outro patamar.
Os questionamentos gerais que marcaram as jornadas de junho de 2013 aqui no Brasil, também levam a crer que a democracia representativa também começa a ruir em nosso país.
Em 2016, será a primeira eleição municipal após as jornadas de junho e as vitórias do Syriza e do Podemos. Essa eleição poderá dizer se o Brasil entra de fato no mapa das mudanças ou se a velha política ganha uma sobrevida.
Em nossas terras, nenhum partido até o momento conseguiu captar os ventos que sopram do norte. O PT afogado no seu pragmatismo, parece fadado ao declínio total. O PSOL, com sua visão estreita de mundo, não dialoga com a ampla maioria da sociedade e fica preso no gueto ideológico.
Porém, o movimento Rede Sustentabilidade parece mudar os rumos com suas propostas de participação cidadã, utilização das novas tecnologias e protagonismo das cidades, o movimento vem demonstrando uma alternativa ao modo de se fazer política.
Aqui em São Gonçalo, o Coletivo Rede São Gonçalo vem ganhando corpo e adquirindo novos militantes para seu projeto de cidade em construção, através do diálogo com o poder público e sociedade civil. O movimento já vem incomodando os grupos políticos da cidade, pois apresenta propostas concretas, dialogando com os movimentos sociais e colocando o cidadão gonçalense como protagonista do processo político.