Ao assistir novelas de época, quem nunca se deparou com a figura do Coronel? Geralmente, os grandes vilões da história. São donos de grandes fazendas, têm capatazes que fazem o trabalho sujo e possuem uma gigantesca influência política na cidade.
A política coronelista foi uma das principais características do sistema político brasileiro no meio Rural. Os coronéis conquistavam poder político usando meios como:
- Violência, surras, ameaças físicas, psicológicas e sociais (como perda de emprego e/ou moradia);
- Favores entre o coronel e os eleitores;
- Fraudes eleitorais. Com a êxodo das áreas rurais para as áreas urbanas, o poder dos coronéis no interior foi sendo, aos poucos, extintos.
A política municipal e o coronelismo gonçalense
Analisando a política gonçalense, podemos notar características desse período. Com uma população estimada em 1.044.058 (um milhão, quarenta e quatro mil e cinquenta e oito) habitantes, não somos, nem de longe, uma cidade pequena. De fato, São Gonçalo é a 16ª maior cidade do Brasil. Em população, ficamos à frente de capitais importantes como Maceió e Natal. Entretanto, mesmo numa cidade de tamanhas proporções, a política ainda é feita por coronéis. Os “donos” dos bairros.
As eleições legislativas em São Gonçalo não são feitas pensando num cenário macro. As propostas não incluem fiscalização das ações do Executivo, corte de despesas, revisão nos gastos com pessoal, nem mudanças na organização administrativa na cidade. Em sua maioria, elas são: asfalto, retirada de entulhos e pequenos reparos dentro dos bairros de origem do candidato. Mais parece uma eleição para ‘síndico’ do bairro que para um cargo que tem, como uma das principais funções, fiscalizar os atos do prefeito, do poder Executivo.
Os políticos ‘donos de bairro’ são conhecidos como salvadores. São eles os responsáveis por promover festas, fazer pequenos reparos, tapar buracos, recolher entulhos e, claro, dar empregos. Afinal, quem não conhece alguém que arrumou emprego falando com alguma figura pública do bairro? Essas pessoas exercem uma enorme influência na vida social do bairro.
Agora, qual a semelhança com os coronéis?
A violência e as surras já não são mais tão comuns assim. Já a violência psicológica continua. Ameaças de perda de emprego, fim dos tais pequenos reparos, ou seja, fim da quase total representação daquela comunidade perante o poder público.
Já a troca de favores continua presente. Seja num voto em troca de um cargo, por uma lata de tinta ou ainda pior: em troca de 50 reais.
No geral, a população com uma baixa renda média e baixo nível de estudo, vê no político um ‘pai’. Sem nenhuma culpa. Um Estado paternalista é um Estado grande, com forte poder de decisão e influência sobre a vida privada dos indivíduos.
Ao atribuirmos figuras paternas ao Estado, estamos atribuindo-lhe também mais poder, mais dinheiro e, infelizmente, mais corrupção.
Com esse cenário, perpetuam-se na política municipal atual os mesmos figurões de legislaturas anteriores. A situação não muda. E São Gonçalo continua com um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do estado, com 0,739. Niterói, cidade vizinha, tem 0,837 – o melhor do estado e o 7º nacional (IDH 2010).
Existe alguma expectativa de melhora?
Sim. Em todo país, as últimas eleições municipais foram marcadas pela busca de mudanças. Em São Paulo e Belo Horizonte, foram eleitos prefeitos que jamais tinham sido eleitos a cargos público, como João Dória e Alexandre Kalil, respectivamente.
Aqui em São Gonçalo, o antigo prefeito não conseguiu sequer chegar ao segundo turno, sendo esse disputado por dois candidatos que jamais haviam disputados cargos majoritários.
Além disso, tivemos uma boa votação de três jovens candidatos: Diego São Paio, Marlos Costa e Profº Josemar. Apesar de extremamente diferentes entre si, os três usam o discurso de “renovação na política”. E, independe de sua posição no espectro político, nunca precisamos tanto de renovação.
O prefeito sequer chegou ao segundo turno, e meses depois ganhou uma Secretaria no Governo do Estado. Adiantou alguma coisa?
Essa matéria parece “bajular” alguns políticos…
Atualmente, qualquer publicação que ataque algum tipo de interesse, parecerá “bajular” alguém. É um processo sem escapatória.
Oi, Yan. Parabéns pela matéria e por suas vitórias. Só sugiro que você seja mais objetivo na próxima. O IDH é reflexo das prioridades nacionais e enquanto a educação, a honestidade, o interesse e compromisso não forem a PRIORIDADE ABSOLUTA nesse país, vamos continuar assistindo à nossa própria degradação. É muito triste presenciar todo essa miséria e saber que ainda vai demorar muito, mas muito tempo mesmo para as coisas melhorarem.
João Dória, e o Alexandre Kalil, são Gestores, administradores, e não políticos, essa é a grande diferença, alguns nomes citados na matéria são de políticos, do mesmo saco!!