A disputa para o Governo do Rio em 2018 está se aproximando, porém, as movimentações ainda são tímidas. Não há qualquer debate amplo sobre quais as possibilidades para a saída efetiva da crise.
A política nacional está realmente de tirar o fôlego. Muito mais intrigante que a nova temporada de House of Cards ou qualquer similar. Os depoimentos de empreiteiros, as reformas de Temer, os desdobramentos da Lava jato, os embates no Judiciário… Está difícil falar de outra coisa na política. Porém, essa semana fiquei curioso em saber como anda o cenário em nosso Estado, já que Pezão está na beira de ser cassado pelo TSE e nenhum programa alternativo tem se apresentado. Pois bem. Irei falar rapidamente sobre como andam as movimentações acerca dos nomes para o ano que vem.
Índio da Costa (PSD) é o único pré-candidato oficial ao Governo do Estado até o momento. Ele será o candidato de Crivella e do PRB. O ex-técnico de vôlei Bernardinho tem sido sondado pelo PSDB para ser candidato. A candidatura de Eduardo Paes depende exclusivamente dos desdobramentos da Lava jato. Caso consiga sair ileso, Paes será candidato, mas não pelo PMDB. As negociações com PTB e PDT tem avançado até o momento.
O DEM de César Maia está flertando com Armínio Fraga, para que seja o candidato do partido ao Governo. Em caso de negativa, o próprio Maia deve ser o candidato, contando com o apoio do PMDB. A candidatura do senador Romário (PSB) não parece vingar. O baixinho afastou-se do partido e não tem se apresentado mais como pré-candidato. O PSOL irá lançar o vereador da capital Tarcísio Motta, candidato do partido também em 2014.
Mais do que eventuais nomes que estarão na disputa, precisamos iniciar desde já o debate sobre qual programa para o Estado nós queremos. O Rio de Janeiro vive um caos econômico causado majoritariamente pela queda do preço do petróleo e pela política de isenções fiscais do governo Cabral-Pezão. Servidores, empreendedores e trabalhadores em geral estão sendo penalizados por sucessivos erros na condução do Governo.
O Governo do Estado é responsável por questões que afetam diretamente o cotidiano do gonçalense e do fluminense em geral. A segurança pública, a educação básica, a mobilidade urbana e o saneamento básico são apenas alguns temas que são responsabilidade do Governo do Estado. Que tipo de programa gostaríamos que fossem apresentados no pleito de 2018?
Uma discussão pública e democrática precisa ser iniciada desde já. Quais as saídas para a crise de segurança pública que vivemos? Maior investimento no aparato de repressão ao crime (Polícia Militar)? Fortalecer as instituições de inteligência e investigação (Polícia Civil)? Apostar em políticas de assistência social e diminuição da desigualdade? Onde e, principalmente, quando iniciaremos as discussões sobre esses temas?
Crise e falta de debates para o governo do Rio
Precisamos ter em mente que a atual crise foi justamente causada pela nossa total falta de discussão em relação à qual projeto político queríamos para o nosso governo. O debate do segundo turno em 2014 foi todo norteado pela lógica se Crivella implementaria ou não uma teocracia (sic). Alguém consegue se lembrar de algum ponto concreto do programa de Pezão apresentado em 2014? Pagamos um preço caro por negligenciarmos as questões programáticas da disputa eleitoral.
Hoje, não há qualquer movimentação dos núcleos vivos da sociedade, sindicatos, associações ou movimentos em torno de uma discussão sobre qual Rio de Janeiro queremos para 2019–2022. Diante desse cenário nada animador, faço aqui uma provocação: que tal nos engajarmos em discutir nosso Estado com o mesmo empenho que discutimos se Lula será ou não candidato em 2018? Que tal, ao falarmos da reforma da previdência, falarmos também da necessidade de uma reforma no Rio?
Termino convocando amigos interessados no cenário político para 2018 em constituirmos um grupo capaz de mobilizar as pessoas à discutirem sobre a atual crise do Rio e quais as perspectivas de saída. Para onde devemos ir? Onde apostar? Qual o caminho? Qual é o Rio de Janeiro que queremos?
Pq as pessoas ainda ñ enxergam o estado como Estado tb. Pra elas só o que acontece em Brasília é o que importa. Depois q vi ano passado durante o debate Crivella x Freixo uma galera surtando q nenhum dos dois falava de suas propostas pra Baixada…fechei pra balanço.
Verdade, Cadu. Aliás, há poucos dias li um artigo de um “pesquisador” que defendia o retorno da condição de distrito federal para a cidade do Rio de Janeiro. O argumento é que, dada a quantidade de órgãos públicos, a cidade deveria ser um 2º distrito.
O que o autor dessa tese esqueceu é que a cidade depende de todas as outras da metropolitana. Afinal, quem garante a mão de obra barata na cidade cara? Só as favelas não dão conta. Sem falar que, quando entra mais dinheiro, a gente sabe bem que ele fica retido na faixa de areia.
Metrô, VLT, Praça Mauá, todos os lugares que drenaram toda a grana estão na zona turística. E o restante? Tomaria, como sempre.
Enfim. Se quem tem mais acesso à instrução não consegue enxergar o estado como um todo, imagina quem não tem.
Ah, quando quiser escrever aqui, sinta-se convidado. 🙂