A vala da Maria Rita fica no Porto Novo. Ela é um reflexo dos nossos problemas urbanos agravados no século XX. Os moradores dizem que são 30 anos de vazamentos. O esgoto domiciliar transborda pelos bueiros, tornando a rua um perigo para saúde de quem passa pelas calçadas, inviabilizando o ir e vir no bairro.
Quando os carros e motos passam, desviam para não dar banho de esgoto nas pessoas. Os ônibus 526, da Estrela, param no meio da rua para desembarcar os passageiros num ponto seco. Uma humilhação do início ao fim para quem reside ali.
E não são poucas pessoas. A vala da Maria Rita passa bem em frente ao Condomínio Ícaro, um conjunto residencial com 3 blocos de 9 andares de apartamentos em cada um. Haja IPTU caindo na conta da Prefeitura! Bem ao lado, fica o CEJOP, uma das escolas mais antigas da região.
A vala da Maria Rita no Porto Novo
A rua Maria Rita é uma importante via de passagem. Isso explica o motivo de, em 2020, os moradores terem criado a página “A Vala Gostosa”, no Facebook, dada a fama da avenida. Uma maneira bem humorada de falar de um problema que só traz mau humor no cotidiano.
O Porto Novo, como o próprio nome diz, é um bairro que tinha um porto às margens da Baía de Guanabara, pelo menos até o início do século passado.
Ao longo das últimas décadas, houve muitas intervenções urbanísticas, incluindo a construção das residências. Entretanto, a prefeitura não conseguiu se planejar para acompanhar o crescimento populacional. E a falta de saneamento básico tem a vala como um reflexo.
Ocupamos as cabeceiras de rios, alagadiços, córregos, entre outros canais por onde as águas passavam no passado. Hoje, com eventos climáticos cada vez mais agressivos, os alagamentos aumentaram. Ainda sim, a falta de infraestrutura básica chegou num ponto tão difícil, que mesmo não chovendo os sistemas de esgotamento já não funcionam, de tão saturados que estão.
Dessa vez, o exemplo foi a vala da Maria Rita. Mas poderia ser em diversas outras ruas de São Gonçalo que, infelizmente, tem problemas similares.