Em São Gonçalo e em todo Brasil, políticos trocam lâmpadas nos postes, luzes dos semáforos, calçam ruas e pintam meio-fio como se isso fosse um favor. Não é incomum vê-los mostrando o trabalho feito como se fosse obra deles.
Penso que seria mais ético apresentar as melhorias feitas à população creditando a gestão na prefeitura ou no órgão correspondente, em primeiro lugar. Aliás, gestão é o legado mais importante. Mas o que acontece com frequência é que põem suas próprias carreiras à frente do serviço que tem obrigação de fazer. E o “eu fiz” fica parecendo um grande favor.
Infelizmente, para o cidadão médio, é difícil compreender isso.
É nessa linha sutil de “o que fiz” ante “o que fizemos para melhorar o sistema de gestão” que mora o nosso conhecido clientelismo. Essa prática é uma praga que transforma serviços públicos em favores. Futuramente, serão cobrados e trocados por votos.
Aliás, se você tiver mais um tempinho, confira essa publicação sobre o Coronelismo Gonçalense.
Prefeitura ou Políticos trocam lâmpadas?
Na minha rua, há uma esquina com 3 lâmpadas queimadas. A equipe foi até a rua, trocou uma e deixou as outras 2 apagadas. Após semanas, a que consertaram está novamente apagada.
No mundo, a conversa sobre sistemas inteligentes está avançada. Já é possível saber com exatidão qual poste de qual bairro está com a luz apagada. Bem como as lâmpadas de LED que, a cada ano que passa, povoam as casas brasileiras, por iluminarem melhor, ter maior vida útil e consumirem menos energia.
Mas em São Gonçalo… bem, aqui os políticos trocam lâmpadas. Pelo menos, é o que dizem. Eles chegam a dar seus números de telefone pessoais – não os da prefeitura – para que as pessoas relatem diretamente sobre seus bairros apagados.
Não achou bizarro? Vem cá, pensa comigo: você acha mesmo que num universo lâmpadas queimadas na casa dos milhares, como é dito, um único número pessoal de Whatsapp daria conta de uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes?
E a cada contato recebido, é mais um voto que pode ser trocado e multiplicado. Mais um ponto para uma prática clientelista bem-sucedida!
Por que a ouvidoria – sites e telefones– da prefeitura não suprem esse problema de comunicação?
Porque se os serviços da prefeitura funcionassem perfeitamente, os “amigos do povo” que trocam lâmpadas nunca mais conseguiriam dizer que foram eles que promoveram uma “grande mudança em sua vida”. Simples assim.
Nós já sabemos que a fraude da iluminação pública pôs Neilton Mulim na cadeia. Já sabemos que, segundo o Ministério Público, ele desviou cerca de 40 milhões do serviço. E também sabemos que ele comprou uma casa num condomínio luxuoso em Maricá. Mas Mulim já era! Apesar de já estar solto, terá que pagar na cadeia em breve. E a nossa vida precisa seguir.
O que queremos é melhoria nas práticas de gestão. Ainda mais nas resoluções de problemas simples, como troca de lâmpadas.
Enquanto isso, faltam projetos de qualidade e mão de obra capacitada no serviço público local. Os mais pobres continuam sofrendo com o péssimo sistema de saneamento básico. Aliás, já está provado que quanto piores as condições sanitárias, pior a qualidade de vida da população…
Mas quem se importa?
Há um tempo atrás, citamos a frase de um político dizendo que “povão gosta é de hospital“. Pois bem. Enquanto houver políticos que trocam lâmpadas e bancam o “amigo do peito” em serviços que deveriam funcionar sem interferência externa, haverá um cidadão escravo do triste clientelismo brasileiro.
O Prefeito embusteiro, vai gastar quase 3 milhões em lâmpadas para os semáforos… Passou da hora do povo começar a abrir os olhos..