Era 2016. O 2º turno da eleição para prefeito de São Gonçalo ia começar. Nesse meio tempo, ainda buscávamos falar com os dois únicos candidatos que não tinham sido entrevistados pelo SIM São Gonçalo. Por acaso, eram eles que haviam chegado à etapa final do pleito municipal.
José Luiz Nanci é bom de política. Naquele formato clássico. Parece um amigo que está ali para o que der e vier. Conhece todo mundo. Especialmente a máquina do PMDB, na qual ele foi secretário estadual do envelhecimento saudável.
Entretanto, como todos nós, ele tem suas fragilidades. Uma delas é a mais fundamental num cargo de votos majoritários: falar em público.
Receosa com a exposição do candidato, sua equipe o blindava de todos os jeitos. Fontes próximas já tinham tentado uma aproximação, mas eles diziam que o SIM SG já tinha “batido” nele anteriormente. Provavelmente por conta desse post aqui.
A virada de postura aconteceu quando a equipe da campanha do Diego São Paio, certamente a mais competente de todas, deu suporte a Nanci no 2º turno. A partir dali, parecia que o candidato tinha entendido seu destino. Para quem sempre foi uma personagem coadjuvante na política, chegar a um cargo majoritário significava o início de uma mudança de postura.
Mas não foi. Tanto que, em poucos meses, Eliane Nanci já se sobressaiu como líder do governo. Liderança não se aprende.
Bloco de carnaval “Quem manda é a Mulher” e a reação da equipe do prefeito
Na segunda semana de janeiro, saiu essa matéria no jornal O São Gonçalo: “Porto da Pedra cancela ensaio técnico no Patronato por falta de verba“.
Como todos sabemos, os governos estão sem dinheiro. E carnaval, fora da cidade do Rio de Janeiro – que também vive do turismo – não rende mais votos como já rendeu no passado. Pelo contrário. É cada vez mais crescente o número de pessoas que não concordam com as subvenções, ou seja, dinheiro público nas escolas de samba.
Desta vez, a prefeitura não repassou à escola as verbas que ajudariam a agremiação na confecção do carnaval 2018. A prefeitura até disse que ajudaria na estrutura para a escola fazer o sambão no Paraíso/Patronato, com guardas municipais e limpeza das vias.
Porém, grana mesmo, nada.
Como sempre acontece no carnaval, os políticos são um dos alvos preferidos. Como reação ao não apoio, surgiu o bloco “Quem manda é a mulher”, tendo o Mestre Pablo, mestre de bateria da Porto da Pedra, como um de seus co-criadores. O tema da brincadeira foi a proeminência da figura da primeira-dama sobre a imagem do prefeito.
Confira o vídeo:
A música é boa, engraçada e o vídeo pejorativo é um viral nato. Naturalmente, prefeito e sua equipe não curtiram.
Porém, a reação ao que aconteceu foi ainda mais equivocada. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura de São Gonçalo enviou essa mensagem aos servidores, solicitando que eles denunciassem o vídeo como “conteúdo irregular”.
A ação, além de equivocada, deixou claro quem são os rivais do governo. Além do já cassado vereador Sandro Almeida, citam também outras duas páginas de Facebook.
Prefeito precisa aprender a ser protagonista após anos como coadjuvante
É natural que após anos como legislador, seja na função de deputado ou vereador, José Luiz Nanci tenha se acostumado com as luzes do ambiente político como um mero coadjuvante. Porém, quando se ganha um cargo majoritário, as luzes se tornam holofotes. E aceitar o papel de protagonista é uma obrigação.
Nós vivemos no estado que criou o Carnaval como ele é hoje. Essa irreverência e deboche com políticos está por aqui há tempos. Se importar tanto assim com as críticas só mostra o quanto um governo é frágil e suscetível até a brincadeiras.
É provável que a equipe que auxiliou Nanci em sua campanha seja a mesma que hoje está na Secretaria de Comunicação. E pelo visto, continuam pouco preparados às intempéries vividas durante um governo.
Talvez, as melhores atitudes tivessem sido o silêncio completo ou uma declaração divertida do próprio Nanci – e quem sabe da Eliane também – brincando com a situação. Sem dúvidas, independente do resultado, capitalizariam um retorno de imagem gigante perante a população, especialmente em ano de eleição.
Mais uma vez, o Carnaval nos mostra como nossos políticos e suas equipes são completamente despreparados para os cargos que ocupam. Como os partidos políticos são grandes máfias que trocam o poder entre si, é natural que assuntos simples como esse sejam resolvidos de forma tão equivocada, como uma mensagem no Whatsapp para “denunciar conteúdo”.
Enquanto o Crivella, prefeito do Rio, capitaliza com as críticas, aqui permanecemos como uma cidadezinha do interior, onde políticos ficam extremamente chateados com uma brincadeirinha de Carnaval.
Eu só sei uma coisa,segundo a constituição brasileira no seu Artigo V é livre a manifestação do pensamento,Quanto a liberação de verba pública para o Carnaval,os gestores públicos estão priorizando a aplicação dos recursos públicos em áreas prioritária,contudo diminuirão as verbas das Escolas de Samba e Blocos,onde recomendam que o restantes dos recursos sejam obtidos através das parcerias públicas privadas,para complementar os recursos restantes,Precisamos levar em conta que o coberto é curto,dai a necessidade de se buscar outras fontes legais de financiamento do Carnaval e outros.
Tião Cidadão.
Ex.Conselheiro do Orçamento Participativo de Niterói.
Controle Social/CGU-SEPLAG-Niterói.
Niterói,15/01/2018,10:03 min
O Controle Social e Direitos humanos não tem fronteiras.