O ano de 2017 poderia ter sido um ano de mudanças estruturais em São Gonçalo. Governo novo, gente nova… Não, não foi. Nos primeiros meses, o mesmo problema do lixo já dava as caras. Como de (péssimo) costume, o governo que saiu (Neilton Mulim 2013-2016) não pagou à empresa terceirizada que mantinha os serviços. Resultado: a cidade ficou literalmente às moscas. E em alguns lugares, ainda está.
Nos meses subsequentes, as luzes se apagaram. A iluminação pública, paga em taxas embutidas na conta de luz, passou – e ainda passa – por problemas. A promessa é que em abril de 2018 as coisas se regularizem. Mas até lá, muito assalto ainda irá rolar nas ruas escuras da cidade (ou à luz do dia mesmo).
Incêndio na prefeitura
Outra péssima surpresa foi o incêndio na prefeitura. Se já tínhamos um serviço deficiente, a queima de arquivos e paralisação dos serviços deram um ar ainda mais dramático ao denso ano de 2017. A Polícia Civil ainda apura o caso. Um mistério a ser revelado.
Numa cidade onde os talentos brotam e são exportados para outras cidades e países, o poder público acaba chamando mais a atenção que artistas e empreendedores.
Como uma grande quantidade de pessoas depende dos serviços públicos, a qualquer sinal de problemas no setor, a população mais carente já sabe que ela será a primeira a ser atingida.
E por conta disso, os abusos dos agentes públicos são constantes e frequentes. O saldo desse ano, veremos a seguir.
Ex-prefeito Neilton Mulim na cadeia
Suspeito de uma fraude no valor de R$40 milhões de reais na iluminação pública de São Gonçalo, finalmente, Mulim foi preso. Segundo o Ministério Público, o contrato saltou de R$5,8 milhões para R$15,5 milhões em seu mandato e o dinheiro foi ‘completamente desperdiçado’. Ou seja, levaram a grana pra casa e deixaram a população no escuro.
Mulim foi preso em agosto, no condomínio onde morava em Maricá, numa casa avaliada em 1 milhão de reais. Em uma de suas residências, também foram encontrados 267 mil reais em dinheiro vivo.
Diferente de Aparecida Panisset, que foi condenada por improbidade administrativa e ficou inelegível por 8 anos, o ex-prefeito foi direto para a cadeia. Sinal dos novos tempos? Talvez. Em tempos de Sérgio Cabral, Jorge Picciani, Garotinho e Rosinha na cadeia, parece que essa prática veio pra ficar em 2017.
Câmara municipal e seus vereadores cassados
O legislativo eleito em 2016 começou o ano na casa nova. Com algumas figurinhas repetidas e outras novas no jogo político, pudemos acompanhar todo o show da falta de plurais e da repetição da palavra “pobrema” nos discursos transmitidos pela tv câmara.
Foi o ano em que ouvimos vereadores falando que o salário de 15 mil era pouco. E achando isso normal.
Também foi quando assistimos ao vereador dizendo que, apesar dos 31 mil recebidos em aposentadoria + 15 mil de salário na câmara, achava legal (e normal) ter um carro zero cedido pela câmara, custeado pelo contribuinte.
Ainda em 2017, vimos vereador cobrando o “leite dos gatinhos”, aqueles carguinhos distribuídos entre seus apoiadores para fazer nada no governo. Sem falar nas discussões e agressões verbais mútuas e escancaradas na disputa pelo poder municipal.
Mas os destaques foram os vereadores Sandro Almeida e Iza Deolinda. Acusados de compra de votos, num caso, e abuso de poder, no outro, ambos foram cassados e retirados do convívio no poder legislativo municipal. Às decisões cabem recurso. Ainda sim, não lembro de termos 2 vereadores com seus mandatos suspensos em São Gonçalo num espaço tão curto de tempo.
Sinal dos novos tempos?
Nem tanto.
Certamente, tudo aquilo que começou em 2013 foi essencial para que esses novos parâmetros de justiça fossem criados. Estamos vivendo um momento inédito. Mas para isso é preciso pé no chão e nenhuma euforia.
Infelizmente, mesmo com toda essa movimentação, ainda é possível ver movimentos nada éticos. Foi o caso do atual prefeito, José Luiz Nanci este ano. Empregando boa parte da família no âmbito municipal, ficou explícita a relação defeituosa com o poder que está no DNA dos velhos políticos. Com Nanci, o pior caso foi o de seu genro, que mesmo de forma “legalizada”, levava um indecente salário mensal da prefeitura.
E após toda a polêmica… deixou a esposa, Eliane Gabriel, no lugar.
Reconexão em 2018
No ano de uma das eleições mais esperadas dos últimos tempos, dados os fatos políticos recentes, precisamos de uma vez por todas de uma reconexão. É preciso que nós, pessoas comuns, voltemos a nos ver pessoalmente, deixando um pouco de lado o ambiente carregado que vivemos nas redes sociais.
Esperamos muito que a virada de ano seja um símbolo de recomeço verdadeiro. Afinal, a vida é um ciclo. E se é para mudar, é para melhorar. Agora e sempre.
Esquecemos algum fato relevante para você em 2017? Então comente! Sua voz é fundamental. 🙂
Até mais e feliz 2018!
Recordar é viver. Numa época em que o poder público parece sequer existir, depositamos a nossa esperança justamente na indefinição. Não sabemos o que vai acontecer com a nossa cidade nos próximos anos, mas esperamos que seja algo, ao menos, diferente do que tem acontecido.
Tô esperando os próximos capítulos dessa história
Verdade, Diaz.
Talvez a indefinição seja o caminho de uma mudança que agora, por estarmos nela, não consigamos ver. Infelizmente, precisamos passar por esse período de baixa para definirmos os novos rumos.
Torçamos para que tudo melhore no final. 🙂
Obrigado por estar com a gente no SIM!
Abraços.