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Teatro de São Gonçalo é inaugurado, mas continua em quarentena

Teatro de São Gonçalo é inaugurado, mas continua em quarentena

O teatro de São Gonçalo está em quarentena há 4 anos. Desde a última eleição municipal. Para quem não lembra, o antigo prefeito começou a construí-lo na extensão do terreno da prefeitura, mas não entregou. E hoje, em tempos de pandemia, vai demorar para vermos o primeiro espetáculo aberto ao público acontecer.

Com apenas 240 lugares para uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, a promessa da época era que, no segundo semestre de 2016, o equipamento cultural estaria inaugurado. Porém… era ano eleitoral e o alcaide não foi reeleito. Assim, o pobre teatro ficou “quarentenado” por todo esse tempo.

Teatro de São Gonçalo sendo construído
Prefeito Neilton Mulim posando para a foto na estrutura inicial do Teatro de São Gonçalo, em 2016.

Junho de 2020. Eis que o prefeito Nanci, empenhado em sua reeleição, está inaugurando até pintura de meio-fio. Estamos chegando próximos à data limite estabelecida por lei para as “estreias” da prefeitura. A ordem é mostrar serviço. E mais uma vez, o teatrinho entrou na história.

Uma merecida homenagem foi feita. O teatro se chama George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha. Ainda sim, fica a dúvida se o maior símbolo cultural da cidade se sentiria confortável com o uso estritamente eleitoral que se faz da cultura na cidade.

Técnico de som testa a qualidade do áudio na casa
Técnico de som testa a qualidade do áudio na casa

Teatro de São Gonçalo continua “quarentenado”

É um contrassenso lançar o teatro na pandemia. O executivo municipal teve 3 anos para fazer isso. E em meio à crise provocada pela Covid-19, com alto desemprego e impossibilidade de aglomerações, não teremos os dois elementos chave para que um evento aconteça ali: financiamento e público. E o resultado prático disso é que, muito provavelmente, o teatro continuará em quarentena por mais alguns meses, quiçá anos.

Teatro municipal de São Gonçalo
Palco do Teatro municipal de São Gonçalo, Rio de Janeiro (2020). Foto: Divulgação Prefeitura.

Enquanto o executivo acena para o setor cultural, o legislativo vai no sentido oposto. No mês de maio de 2020, um vereador propôs a extinção da Secretaria de Cultura (ver documento). E o argumento, simplificando, é que “já que não tem evento, não precisa de secretaria”. Uma ação que despreza a função da secretaria no planejamento do retorno às atividades culturais e a intermediação do pagamento da Lei Aldir Blanc,  o “auxílio emergencial” dos artistas. São mais de 6 milhões de reais em recursos destinados à São Gonçalo.

Aliás, este auxílio pode ser responsável por mais uma injeção de verbas no município, fazendo a nossa enfraquecida economia municipal girar ainda mais.

Em resumo, seja o prefeito, inaugurando o Teatro no meio da pandemia, ou membros da Câmara de Vereadores, atacando a secretaria de cultura para agradar as faixas da população que acreditam haver uma guerra cultural no Brasil, em ambos os casos, a cultura é usada como moeda eleitoral. Mais uma vez.

Precisamos qualificar a gestão municipal, com secretarias mais eficientes e mentes mais estratégicas. Aliás, é preciso reforçar o óbvio: a cultura precisa andar lado a lado com a EDUCAÇÃO, na formação de público. Muito se reclama que “os jovens de hoje tem gosto musical duvidoso”, mas pouco se faz para apresentar outras realidades para quem ainda está em formação.

Enquanto só tivermos ineficiência e pseudo interessados, que na verdade só querem as boquinhas e os carguinhos para si, não teremos evolução. É preciso justificar o imposto pago por cada pessoa, por cada cidadão.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

O teatro de São Gonçalo está em quarentena há 4 anos. Desde a última eleição municipal. Para quem não lembra, o antigo prefeito começou a construí-lo na extensão do terreno da prefeitura, mas não entregou. E hoje, em tempos de pandemia, vai demorar para vermos o primeiro espetáculo aberto ao público acontecer.

Com apenas 240 lugares para uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes, a promessa da época era que, no segundo semestre de 2016, o equipamento cultural estaria inaugurado. Porém… era ano eleitoral e o alcaide não foi reeleito. Assim, o pobre teatro ficou “quarentenado” por todo esse tempo.

Teatro de São Gonçalo sendo construído
Prefeito Neilton Mulim posando para a foto na estrutura inicial do Teatro de São Gonçalo, em 2016.

Junho de 2020. Eis que o prefeito Nanci, empenhado em sua reeleição, está inaugurando até pintura de meio-fio. Estamos chegando próximos à data limite estabelecida por lei para as “estreias” da prefeitura. A ordem é mostrar serviço. E mais uma vez, o teatrinho entrou na história.

Uma merecida homenagem foi feita. O teatro se chama George Savalla Gomes, o Palhaço Carequinha. Ainda sim, fica a dúvida se o maior símbolo cultural da cidade se sentiria confortável com o uso estritamente eleitoral que se faz da cultura na cidade.

Técnico de som testa a qualidade do áudio na casa
Técnico de som testa a qualidade do áudio na casa

Teatro de São Gonçalo continua “quarentenado”

É um contrassenso lançar o teatro na pandemia. O executivo municipal teve 3 anos para fazer isso. E em meio à crise provocada pela Covid-19, com alto desemprego e impossibilidade de aglomerações, não teremos os dois elementos chave para que um evento aconteça ali: financiamento e público. E o resultado prático disso é que, muito provavelmente, o teatro continuará em quarentena por mais alguns meses, quiçá anos.

Teatro municipal de São Gonçalo
Palco do Teatro municipal de São Gonçalo, Rio de Janeiro (2020). Foto: Divulgação Prefeitura.

Enquanto o executivo acena para o setor cultural, o legislativo vai no sentido oposto. No mês de maio de 2020, um vereador propôs a extinção da Secretaria de Cultura (ver documento). E o argumento, simplificando, é que “já que não tem evento, não precisa de secretaria”. Uma ação que despreza a função da secretaria no planejamento do retorno às atividades culturais e a intermediação do pagamento da Lei Aldir Blanc,  o “auxílio emergencial” dos artistas. São mais de 6 milhões de reais em recursos destinados à São Gonçalo.

Aliás, este auxílio pode ser responsável por mais uma injeção de verbas no município, fazendo a nossa enfraquecida economia municipal girar ainda mais.

Em resumo, seja o prefeito, inaugurando o Teatro no meio da pandemia, ou membros da Câmara de Vereadores, atacando a secretaria de cultura para agradar as faixas da população que acreditam haver uma guerra cultural no Brasil, em ambos os casos, a cultura é usada como moeda eleitoral. Mais uma vez.

Precisamos qualificar a gestão municipal, com secretarias mais eficientes e mentes mais estratégicas. Aliás, é preciso reforçar o óbvio: a cultura precisa andar lado a lado com a EDUCAÇÃO, na formação de público. Muito se reclama que “os jovens de hoje tem gosto musical duvidoso”, mas pouco se faz para apresentar outras realidades para quem ainda está em formação.

Enquanto só tivermos ineficiência e pseudo interessados, que na verdade só querem as boquinhas e os carguinhos para si, não teremos evolução. É preciso justificar o imposto pago por cada pessoa, por cada cidadão.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

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