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Uma História Gonçalense de Amor e Fé

Uma História Gonçalense de Amor e Fé

Histórias de amor acontecem em todos os lugares do mundo. Mas posso garantir que as que acontecem na nossa cidade são as mais belas.

Quando a linda jovem Mathilde Ferreira cruzou os olhos para o jovem imigrante português Francisco Rodrigues, desabrochou como um botão de rosa o maior de todos os sentimentos.  E nada nesse mundo, nada mesmo, mudaria o rumo dessa história de amor.  Nem mesmo o pior dos desastres separaria o casal. Por pior que fosse, era como uma cabeça de alfinete perto da fé que Mathilde tinha no coração.

Era do pescado que Francisco tirava seu sustento. Quando estava em alto-mar, Mathilde fazia companhia em seus pensamentos. Estava na hora de concretizar a união. Marcaram o casamento para o primeiro dia de junho de 1900.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Francisco e Mathilde Rodrigues

E assim foi feito, naquela primeira sexta-feira do mês de junho. Todavia, por conta do compromisso com seu trabalho, Francisco nem teve tempo de curtir seu primeiro dia de casado ao lado da sua esposa Mathilde. Logo cedo, saiu com a embarcação do cais de Neves e varou mar à dentro com mais 29 tripulantes a bordo.

Ele esperava que o bonito dia de sol e o frescor da brisa do mar fossem abençoar o seu dia. Tão logo a embarcação estivesse lotada de pescado, estaria em casa nos braços da sua amada.

No entanto, Francisco estava enganado. Eis que de repente, mais rápido que um piscar de olhos, o céu se cobrira com um véu negro. O vento começou a assobiar desesperadamente entre as cordas de sustentação da rede. Raios brilhantes como flash varavam o céu. As ondas de 3 metros de altura que batiam violentamente na embarcação, a balançavam como um pêndulo desritmado no meio do oceano. A violência do sacolejo era tamanha que Francisco foi jogado de um lado para outro até bater com a cabeça no mastro e apagar. Acorda com a água gelada e salgada alisando seu rosto. Olha para um lado e para o outro à procura da embarcação e de seus companheiros, mas não vê nada, nem ninguém além de um tronco boiando próximo ao seu corpo. Mesmo cansado, lutando pela sua sobrevivência, Francisco agarra aquele tronco com todas as forças que lhe restavam. Sabia que aquele tronco era único caminho para manter-se vivo.

Enquanto isso Mathilde via o tempo passar olhando para frente da casa na esperança de que seu marido chegasse com o mesmo sorriso que a fez se apaixonar. No íntimo, Mathilde pressentia que ele não voltaria com aquele temporal. Mas, em nenhum momento, perdera a fé, pois desde criança sempre foi católica e muito devota de São Pedro. Então, se ajoelhou e orou com a maior de sua fé, fazendo uma promessa ao santo protetor dos pescadores. Se São Pedro trouxesse seu esposo, Francisco, são e salvo, como prova de sua fé construiria uma capelinha para o santo de devoção, dentro do terreno de sua casa. Mathilde orou, ininterruptamente, durante 3 dias e 3 noites que perduraram a tempestade.

Passados 14 dias, os corpos dos 29 pescadores que estavam na embarcação apareciam um a um, sem vida. Todos, exceto Mathilde, perdiam a esperança de encontrar Francisco vivo. Eis que, naquele mesmo dia, ela teve a certeza de que os anjos existem. e foi através de um deles que recebeu a notícia de que Francisco estava vivo e que teria sido resgatado, em estado gravíssimo, a quilômetros de distância de onde ocorreu o acidente e havia sido levado imediatamente ao Hospital Municipal São João Batista, em Niterói. Mathilde não se conteve e de joelhos levantou as mãos para o céu agradecendo de todo o coração ao santo que confiou a vida de seu amado.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Quadro de São Pedro

No hospital, ainda em estado delicado, Francisco não pôde estar ao lado de Mathilde no dia 29 de junho, quando cumprira a primeira parte da sua promessa, mandando rezar a primeira ladainha para o santo diante de um quadro de São Pedro.

A partir desse dia, a história do casal Ferreira Rodrigues não foi diferente de todas as outras histórias que possuem finais felizes. A recuperação de Francisco foi bem rápida e logo ele estava ao lado da mulher que amou para toda vida.

Mathilde e Francisco tiveram 10 filhos. A nenhum deles foi dado o nome de Pedro. Mas, como forma de agradecimento ao santo e a fé de sua esposa, ele fez um pedido à família para que o primeiro neto fosse batizado como Pedro. E assim foi feito. Hoje, são aproximadamente 20 descendentes em quatro gerações com o nome de Pedro na família.

Nada melhor do que terminar uma feliz história de amor com o famoso bordão “E foram felizes para sempre”. Sim, foi assim com Mathilde e Francisco que, até o final de suas vidas, contagiavam a todos com seu amor, cativando a devoção pelo santo que os uniu para eternidade.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Capela de São Pedro construída pela família Rodrigues

Prestes há completar 114 anos, no dia 29 de junho de 2014, a Capelinha de São Pedro é prova viva desse amor e fé. Ela fica na Rua Nova de Azevedo, 421, Neves, São Gonçalo. Atualmente, é mantida pela neta do casal, a senhora Mathildes. É ela quem cuida dessa relíquia junto à família, compartilhando essa linda história por gerações.

Eis aqui a minha verídica história gonçalense de amor e fé. Onde em nenhum lugar deste mundo, nem sobre uma gôndola no cenário de Veneza, bateria o esplendor da nossa história ocorrida no bairro de Neves, em São Gonçalo.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Interior da capela centenária de São Pedro

 

Curiosidades:

O primeiro quadro de São Pedro exposto na primeira ladainha realizada em 29 de junho de 1900 encontra-se em exposição na capela.
A Capelinha não é aberta ao público e quem quiser visita-la deverá solicitar a família Ferreira Rodrigues.

Fontes:

Família Ferreira Rodrigues
Alex Wölbert
Alex Wölberthttp://www.reciclaleitores.com.br
Nascido lá do outro lado da poça no bairro da Penha. Criança começou a se interessar por tecnologia e quando não dava curto na casa dos pais, ajudava a vizinhança e familiares consertando um rádio aqui uma TV ali. Formou-se em tecnologia pela UERJ, casou-se com a guerreira niteroiense Aline Lucas e mudou-se de mala e cuia para São Gonçalo com a sua filha Victoria. Apaixonado por história, ação social e principalmente pela cidade de São Gonçalo, começou a escrever crônicas para diversas mídias. Hoje divide seu tempo entre empresário de Tecnologia da Informação e o Projeto Recicla Leitores (www.reciclaleitores.com.br), um projeto de incentivo a leitura que toca junto com a sua família. Alex Wölbert também faz parte do grupo de colunistas que escrevem sobre Patrimônio Leste Fluminense para o Jornal Extra - Mais São Gonçalo.

Histórias de amor acontecem em todos os lugares do mundo. Mas posso garantir que as que acontecem na nossa cidade são as mais belas.

Quando a linda jovem Mathilde Ferreira cruzou os olhos para o jovem imigrante português Francisco Rodrigues, desabrochou como um botão de rosa o maior de todos os sentimentos.  E nada nesse mundo, nada mesmo, mudaria o rumo dessa história de amor.  Nem mesmo o pior dos desastres separaria o casal. Por pior que fosse, era como uma cabeça de alfinete perto da fé que Mathilde tinha no coração.

Era do pescado que Francisco tirava seu sustento. Quando estava em alto-mar, Mathilde fazia companhia em seus pensamentos. Estava na hora de concretizar a união. Marcaram o casamento para o primeiro dia de junho de 1900.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Francisco e Mathilde Rodrigues

E assim foi feito, naquela primeira sexta-feira do mês de junho. Todavia, por conta do compromisso com seu trabalho, Francisco nem teve tempo de curtir seu primeiro dia de casado ao lado da sua esposa Mathilde. Logo cedo, saiu com a embarcação do cais de Neves e varou mar à dentro com mais 29 tripulantes a bordo.

Ele esperava que o bonito dia de sol e o frescor da brisa do mar fossem abençoar o seu dia. Tão logo a embarcação estivesse lotada de pescado, estaria em casa nos braços da sua amada.

No entanto, Francisco estava enganado. Eis que de repente, mais rápido que um piscar de olhos, o céu se cobrira com um véu negro. O vento começou a assobiar desesperadamente entre as cordas de sustentação da rede. Raios brilhantes como flash varavam o céu. As ondas de 3 metros de altura que batiam violentamente na embarcação, a balançavam como um pêndulo desritmado no meio do oceano. A violência do sacolejo era tamanha que Francisco foi jogado de um lado para outro até bater com a cabeça no mastro e apagar. Acorda com a água gelada e salgada alisando seu rosto. Olha para um lado e para o outro à procura da embarcação e de seus companheiros, mas não vê nada, nem ninguém além de um tronco boiando próximo ao seu corpo. Mesmo cansado, lutando pela sua sobrevivência, Francisco agarra aquele tronco com todas as forças que lhe restavam. Sabia que aquele tronco era único caminho para manter-se vivo.

Enquanto isso Mathilde via o tempo passar olhando para frente da casa na esperança de que seu marido chegasse com o mesmo sorriso que a fez se apaixonar. No íntimo, Mathilde pressentia que ele não voltaria com aquele temporal. Mas, em nenhum momento, perdera a fé, pois desde criança sempre foi católica e muito devota de São Pedro. Então, se ajoelhou e orou com a maior de sua fé, fazendo uma promessa ao santo protetor dos pescadores. Se São Pedro trouxesse seu esposo, Francisco, são e salvo, como prova de sua fé construiria uma capelinha para o santo de devoção, dentro do terreno de sua casa. Mathilde orou, ininterruptamente, durante 3 dias e 3 noites que perduraram a tempestade.

Passados 14 dias, os corpos dos 29 pescadores que estavam na embarcação apareciam um a um, sem vida. Todos, exceto Mathilde, perdiam a esperança de encontrar Francisco vivo. Eis que, naquele mesmo dia, ela teve a certeza de que os anjos existem. e foi através de um deles que recebeu a notícia de que Francisco estava vivo e que teria sido resgatado, em estado gravíssimo, a quilômetros de distância de onde ocorreu o acidente e havia sido levado imediatamente ao Hospital Municipal São João Batista, em Niterói. Mathilde não se conteve e de joelhos levantou as mãos para o céu agradecendo de todo o coração ao santo que confiou a vida de seu amado.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Quadro de São Pedro

No hospital, ainda em estado delicado, Francisco não pôde estar ao lado de Mathilde no dia 29 de junho, quando cumprira a primeira parte da sua promessa, mandando rezar a primeira ladainha para o santo diante de um quadro de São Pedro.

A partir desse dia, a história do casal Ferreira Rodrigues não foi diferente de todas as outras histórias que possuem finais felizes. A recuperação de Francisco foi bem rápida e logo ele estava ao lado da mulher que amou para toda vida.

Mathilde e Francisco tiveram 10 filhos. A nenhum deles foi dado o nome de Pedro. Mas, como forma de agradecimento ao santo e a fé de sua esposa, ele fez um pedido à família para que o primeiro neto fosse batizado como Pedro. E assim foi feito. Hoje, são aproximadamente 20 descendentes em quatro gerações com o nome de Pedro na família.

Nada melhor do que terminar uma feliz história de amor com o famoso bordão “E foram felizes para sempre”. Sim, foi assim com Mathilde e Francisco que, até o final de suas vidas, contagiavam a todos com seu amor, cativando a devoção pelo santo que os uniu para eternidade.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Capela de São Pedro construída pela família Rodrigues

Prestes há completar 114 anos, no dia 29 de junho de 2014, a Capelinha de São Pedro é prova viva desse amor e fé. Ela fica na Rua Nova de Azevedo, 421, Neves, São Gonçalo. Atualmente, é mantida pela neta do casal, a senhora Mathildes. É ela quem cuida dessa relíquia junto à família, compartilhando essa linda história por gerações.

Eis aqui a minha verídica história gonçalense de amor e fé. Onde em nenhum lugar deste mundo, nem sobre uma gôndola no cenário de Veneza, bateria o esplendor da nossa história ocorrida no bairro de Neves, em São Gonçalo.

Uma História Gonçalense de Amor e Fé
Interior da capela centenária de São Pedro

 

Curiosidades:

O primeiro quadro de São Pedro exposto na primeira ladainha realizada em 29 de junho de 1900 encontra-se em exposição na capela.
A Capelinha não é aberta ao público e quem quiser visita-la deverá solicitar a família Ferreira Rodrigues.

Fontes:

Família Ferreira Rodrigues
Alex Wölbert
Alex Wölberthttp://www.reciclaleitores.com.br
Nascido lá do outro lado da poça no bairro da Penha. Criança começou a se interessar por tecnologia e quando não dava curto na casa dos pais, ajudava a vizinhança e familiares consertando um rádio aqui uma TV ali. Formou-se em tecnologia pela UERJ, casou-se com a guerreira niteroiense Aline Lucas e mudou-se de mala e cuia para São Gonçalo com a sua filha Victoria. Apaixonado por história, ação social e principalmente pela cidade de São Gonçalo, começou a escrever crônicas para diversas mídias. Hoje divide seu tempo entre empresário de Tecnologia da Informação e o Projeto Recicla Leitores (www.reciclaleitores.com.br), um projeto de incentivo a leitura que toca junto com a sua família. Alex Wölbert também faz parte do grupo de colunistas que escrevem sobre Patrimônio Leste Fluminense para o Jornal Extra - Mais São Gonçalo.

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