A cinco meses do término do seu governo, graças à passagem da Chama Olímpica, a “tocha” do prefeito de São Gonçalo, Neilton Mulim, enfim acendeu. Explico: o município se movimentou como nunca antes nesta gestão, varreu, pintou e asfaltou com velocidade para receber o símbolo que percorreu 329 cidades brasileiras.
Boa parte do povo gonçalense não gostou desta demonstração tardia de virilidade do prefeito. Pudor ofendido, quiseram apagar a tocha, olímpica, esperando reduzir o fogo dele. A Chama, na verdade, poderia ter vindo bem antes e mantido o pacato governo Mulim ativo todos os dias.
A eficiência da organização surpreendeu, foi chamada de “maquiagem” para esconder os problemas de São Gonçalo. Aprovando e discordando, como deve ser numa democracia, o protagonismo assumido pela população presente, estimada em 100 mil pessoas pela Prefeitura, é outro aspecto que tornou o dia dois de agosto especial.
Havia dois tipos de pessoas em Alcântara, ponto de partida da tocha oficial: aqueles que reprovavam aos gritos o evento e os estupefatos. Quem insistia em aprovar era insignificante, pequenos comentários isolados.
Os manifestantes jogaram bolinhas de água nos capacetes negro-foscos da Polícia Militar, que respondeu com bombas de efeito moral, teve empurra-empurra e desespero de crianças e pais (os primeiros a não ver a Chama). Impossível sentir o espírito olímpico acuado pela multidão e por deficiências graves na Saúde, Educação, Infraestrutura, Transporte etc.
Quando o povo sai às ruas em uma cidade definhando sob um governo ruim, o choque entre as forças de segurança e enormes grupos de protesto é inevitável. Felizmente ninguém se feriu gravemente e tivemos aprendizados.
O prefeito Mulim aprendeu a não subestimar o povo. Colocar a Tocha Olímpica para desfilar em um dos trechos mais estreitos e populosos da cidade foi ingenuidade. Os gerentes das lojas de Alcântara aprenderam que centenas de pessoas aglomeradas na frente do estabelecimento nem sempre é positivo. Fecharam as portas por medo de roubos e vandalismo.
Aos trancos e barrancos, literalmente, a Tocha e a Chama passaram mobilizando o gonçalense e o poder público ineficiente que queria fazer uma festa para o povão irritado. Encontro valioso para São Gonçalo.