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Yes, nós temos sardinhas! – a fábrica Coqueiro no Porto Velho

Yes, nós temos sardinhas! – a fábrica Coqueiro no Porto Velho

A fábrica da Coqueiro no Porto Velho, enlatadora de Sardinhas, foi criada em 1937 e até hoje está funcionando e presente na história da cidade. Leia e entenda tudo sobre uma das referências da cidade.

Sardinhas e a Manchester Fluminense

Todo gonçalense, independente da idade, se orgulha em dizer que sua cidade já foi apelidada de Manchester Fluminense, comparada à cidade inglesa que também foi um grande pólo fabril na Inglaterra. Manchester foi uma cidade importantíssima na revolução industrial. De lá, o mundo viu as primeiras máquinas industriais a vapor no ramo têxtil e a primeira linha férrea de passageiros. O tempo passou e ela continua como relevante centro industrial e econômico.

Os futebolistas de plantão logo imaginam o Manchester United e Manchester City – atire a primeira pedra quem nunca jogou com um deles no FIFA ou Pro Evolution dois mil e qualquer coisa. Mesmo com a ascensão do São Gonçalo Esporte Clube, garantindo a vaga na segundona do carioca, e o azul da camisa do clube gonçalense, vale lembrar que não é do Manchester City que vem essa comparação.

A nossa Manchester, a fluminense, foi assim batizada entre a década de 20 a 50, quando grandes indústrias se instalaram por aqui, fazendo de São Gonçalo a responsável pela metade da arrecadação de impostos para economia do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, a cidade não conseguiu segurar a peteca até os dias de hoje. Dentre todas as empresas instaladas nos primórdios, uma continua a pleno vapor, ganhando espaço no território nacional até mesmo internacional.

Yes nós temos sardinhas – SIM São Gonçalo

Estado novo e a implantação da fábrica de sardinhas

O couro comia na política nacional. Com o Estado Novo de Getúlio Vargas, através do Decreto 37, todos os partidos políticos foram extintos em 2 de dezembro de 1937. Neste mesmo dia, nem aí para o momento, o gaúcho, José Emílio Tarragó, achava um jeito de ganhar a vida com o sabor meio doce e meio azedo do tamarindo. Fundava em São Gonçalo a Tarragó, Martinez e Cia Ltda que fazia sucos e licores da fruta.

Em pouco tempo de empresa, Tarragó viu que trabalhar com tamarindo não era tão doce assim. Sua lucratividade era baixa. Daí, mudou radicalmente sua atividade para conservas de peixes.

E assim nascia a Indústria de Conservas Coqueiro. A razão social não foi por desgosto com o pobre fruto tamarindo, e sim um jeito de homenagear a Praia do Coqueiro, que ficava no bairro do Porto Velho, onde na época era a sede da empresa.

Fábrica da Coqueiro, Porto Velho, São Gonçalo. Foto: Revista Gaivota, setembro de 1977.
Fábrica da Coqueiro, Porto Velho, São Gonçalo. Foto: Revista Gaivota, setembro de 1977.

Fábrica da Coqueiro e o paladar dos Brasileiros

Não demorou muito para a Coqueiro conquistar a confiança e o paladar dos brasileiros. A qualidade dos produtos foi um pulo para ganhar o mercado exterior, exportando para diversos países. Como sempre acontece, os tubarões do mercado ficam de olho no crescimento de uma empresa. Quando veem nela um potencial concorrente, tratam logo de comprá-la.

Assim aconteceu com a tradicional marca de refrigerante maranhense Jesus, quando comprada pela Coca-Cola, e não foi diferente com a marca Coqueiro, que foi adquirida pela Quaker do Brasil em 1973. Passou a produzir atum, sardinha sem pele e sem espinha e ampliou ainda mais sua liderança no mercado. Com o crescimento, uma fábrica de sardinhas só em São Gonçalo não deu conta. Foi preciso, então, criar em 1982, a fábrica de Itajaí em Santa Catarina.

Coqueiro e o Selo Dolphin Free

Com o passar dos anos, para se manter no mercado, as empresas tiveram que não só se preocupar com a qualidade de seus produtos, mas também com o que fazem pelo meio ambiente e pelo social. Nesse caminho, em 2010, a Coqueiro ganhou o Selo Dolphin Free, atestando que a empresa não usa redes que possam capturar, ferir ou matar golfinhos durante a pesca.

Depois de tantas negociações, no final de 2011, a marca Coqueiro foi adquirida pela Camil, uma cooperativa agrícola mista onde o forte é feijão e arroz. Aquela mesma que tem como garoto propaganda o chef de cozinha e apresentador Edu Guedes.

Fábrica Coqueiro no Porto Velho líder no Brasil

Prestes a completar 76 anos, a Coqueiro tem uma fatia do mercado de 45% e líder absoluta desse segmento no Brasil, com mais de 200 mil pontos de venda em todo território nacional. Só as sardinhas representam 77% do faturamento. O atum e os outros peixes somam 23%. A fábrica da Coqueiro no Porto Velho, São Gonçalo, é hoje a maior unidade de enlatamento de peixes do mundo.

É prazeroso para nós, gonçalenses, acompanhar o sucesso de uma empresa da nossa terra. Gerando empregos para o nosso povo e contribuindo com a arrecadação do nosso município. E que muitas mais apareçam, fazendo valer o bom e velho apelido de Manchester Fluminense.

Post originalmente publicado em Blog do Tafulhar.

Alex Wölbert
Alex Wölberthttp://www.reciclaleitores.com.br
Nascido lá do outro lado da poça no bairro da Penha. Criança começou a se interessar por tecnologia e quando não dava curto na casa dos pais, ajudava a vizinhança e familiares consertando um rádio aqui uma TV ali. Formou-se em tecnologia pela UERJ, casou-se com a guerreira niteroiense Aline Lucas e mudou-se de mala e cuia para São Gonçalo com a sua filha Victoria. Apaixonado por história, ação social e principalmente pela cidade de São Gonçalo, começou a escrever crônicas para diversas mídias. Hoje divide seu tempo entre empresário de Tecnologia da Informação e o Projeto Recicla Leitores (www.reciclaleitores.com.br), um projeto de incentivo a leitura que toca junto com a sua família. Alex Wölbert também faz parte do grupo de colunistas que escrevem sobre Patrimônio Leste Fluminense para o Jornal Extra - Mais São Gonçalo.

A fábrica da Coqueiro no Porto Velho, enlatadora de Sardinhas, foi criada em 1937 e até hoje está funcionando e presente na história da cidade. Leia e entenda tudo sobre uma das referências da cidade.

Sardinhas e a Manchester Fluminense

Todo gonçalense, independente da idade, se orgulha em dizer que sua cidade já foi apelidada de Manchester Fluminense, comparada à cidade inglesa que também foi um grande pólo fabril na Inglaterra. Manchester foi uma cidade importantíssima na revolução industrial. De lá, o mundo viu as primeiras máquinas industriais a vapor no ramo têxtil e a primeira linha férrea de passageiros. O tempo passou e ela continua como relevante centro industrial e econômico.

Os futebolistas de plantão logo imaginam o Manchester United e Manchester City – atire a primeira pedra quem nunca jogou com um deles no FIFA ou Pro Evolution dois mil e qualquer coisa. Mesmo com a ascensão do São Gonçalo Esporte Clube, garantindo a vaga na segundona do carioca, e o azul da camisa do clube gonçalense, vale lembrar que não é do Manchester City que vem essa comparação.

A nossa Manchester, a fluminense, foi assim batizada entre a década de 20 a 50, quando grandes indústrias se instalaram por aqui, fazendo de São Gonçalo a responsável pela metade da arrecadação de impostos para economia do estado do Rio de Janeiro. Entretanto, a cidade não conseguiu segurar a peteca até os dias de hoje. Dentre todas as empresas instaladas nos primórdios, uma continua a pleno vapor, ganhando espaço no território nacional até mesmo internacional.

Yes nós temos sardinhas – SIM São Gonçalo

Estado novo e a implantação da fábrica de sardinhas

O couro comia na política nacional. Com o Estado Novo de Getúlio Vargas, através do Decreto 37, todos os partidos políticos foram extintos em 2 de dezembro de 1937. Neste mesmo dia, nem aí para o momento, o gaúcho, José Emílio Tarragó, achava um jeito de ganhar a vida com o sabor meio doce e meio azedo do tamarindo. Fundava em São Gonçalo a Tarragó, Martinez e Cia Ltda que fazia sucos e licores da fruta.

Em pouco tempo de empresa, Tarragó viu que trabalhar com tamarindo não era tão doce assim. Sua lucratividade era baixa. Daí, mudou radicalmente sua atividade para conservas de peixes.

E assim nascia a Indústria de Conservas Coqueiro. A razão social não foi por desgosto com o pobre fruto tamarindo, e sim um jeito de homenagear a Praia do Coqueiro, que ficava no bairro do Porto Velho, onde na época era a sede da empresa.

Fábrica da Coqueiro, Porto Velho, São Gonçalo. Foto: Revista Gaivota, setembro de 1977.
Fábrica da Coqueiro, Porto Velho, São Gonçalo. Foto: Revista Gaivota, setembro de 1977.

Fábrica da Coqueiro e o paladar dos Brasileiros

Não demorou muito para a Coqueiro conquistar a confiança e o paladar dos brasileiros. A qualidade dos produtos foi um pulo para ganhar o mercado exterior, exportando para diversos países. Como sempre acontece, os tubarões do mercado ficam de olho no crescimento de uma empresa. Quando veem nela um potencial concorrente, tratam logo de comprá-la.

Assim aconteceu com a tradicional marca de refrigerante maranhense Jesus, quando comprada pela Coca-Cola, e não foi diferente com a marca Coqueiro, que foi adquirida pela Quaker do Brasil em 1973. Passou a produzir atum, sardinha sem pele e sem espinha e ampliou ainda mais sua liderança no mercado. Com o crescimento, uma fábrica de sardinhas só em São Gonçalo não deu conta. Foi preciso, então, criar em 1982, a fábrica de Itajaí em Santa Catarina.

Coqueiro e o Selo Dolphin Free

Com o passar dos anos, para se manter no mercado, as empresas tiveram que não só se preocupar com a qualidade de seus produtos, mas também com o que fazem pelo meio ambiente e pelo social. Nesse caminho, em 2010, a Coqueiro ganhou o Selo Dolphin Free, atestando que a empresa não usa redes que possam capturar, ferir ou matar golfinhos durante a pesca.

Depois de tantas negociações, no final de 2011, a marca Coqueiro foi adquirida pela Camil, uma cooperativa agrícola mista onde o forte é feijão e arroz. Aquela mesma que tem como garoto propaganda o chef de cozinha e apresentador Edu Guedes.

Fábrica Coqueiro no Porto Velho líder no Brasil

Prestes a completar 76 anos, a Coqueiro tem uma fatia do mercado de 45% e líder absoluta desse segmento no Brasil, com mais de 200 mil pontos de venda em todo território nacional. Só as sardinhas representam 77% do faturamento. O atum e os outros peixes somam 23%. A fábrica da Coqueiro no Porto Velho, São Gonçalo, é hoje a maior unidade de enlatamento de peixes do mundo.

É prazeroso para nós, gonçalenses, acompanhar o sucesso de uma empresa da nossa terra. Gerando empregos para o nosso povo e contribuindo com a arrecadação do nosso município. E que muitas mais apareçam, fazendo valer o bom e velho apelido de Manchester Fluminense.

Post originalmente publicado em Blog do Tafulhar.

Alex Wölbert
Alex Wölberthttp://www.reciclaleitores.com.br
Nascido lá do outro lado da poça no bairro da Penha. Criança começou a se interessar por tecnologia e quando não dava curto na casa dos pais, ajudava a vizinhança e familiares consertando um rádio aqui uma TV ali. Formou-se em tecnologia pela UERJ, casou-se com a guerreira niteroiense Aline Lucas e mudou-se de mala e cuia para São Gonçalo com a sua filha Victoria. Apaixonado por história, ação social e principalmente pela cidade de São Gonçalo, começou a escrever crônicas para diversas mídias. Hoje divide seu tempo entre empresário de Tecnologia da Informação e o Projeto Recicla Leitores (www.reciclaleitores.com.br), um projeto de incentivo a leitura que toca junto com a sua família. Alex Wölbert também faz parte do grupo de colunistas que escrevem sobre Patrimônio Leste Fluminense para o Jornal Extra - Mais São Gonçalo.

3 COMENTÁRIOS

  1. Show de bola esse texto!!! Adorei. Rápido e cômico ao leitor fornecendo ao leitor não só enxergar o umbigo, mas a barriga… Parabéns

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