Este post está guardado há alguns anos. O primeiro pensamento veio ainda no início do 2º governo Dilma Rousseff, em 2015, quando a região metropolitana de São Paulo, a maior do Brasil, estava com seus reservatórios de água quase esgotados. Se a chuva não viesse em meses, talvez tivéssemos uma das maiores catástrofes brasileiras. Curiosamente, foi também um período crescimento do desmatamento nos últimos tempos. Aliás, migração por falta de água não é novidade no mundo. O que é novo é ter tanta gente adensada em pequenas regiões, como nós, no RJ. E nesse fluxo, comecei a me perguntar: e se o regime de chuvas alterasse a vida na 2ª maior região metropolitana? Como seria esse caos?
Falar sobre a região amazônica é algo muito distante para todos nós do sudeste. Com tantos problemas urbanos, esquecemos que vivemos num sistema, não numa ilha isolada fora do planeta.
O regime de chuvas do sudeste depende da Amazônia
Antes de tudo, é bem importante ver esse vídeo. Ele dá a explicação sobre como funciona o regime de chuvas, decorrente da circulação das partículas de água chamadas de “Rios Voadores”. Explicando grosseiramente, é o processo de captação de água pela vegetação nos lençóis freáticos que, depois de evaporada, é trazida pela atmosfera para o sul, irrigando o quadrilátero entre os Andes, Buenos Aires, Cuiabá e São Paulo. Nessa região, estima-se que são produzidos 70% do PIB da América do Sul.
Novamente, você deve estar se perguntando: por que nós, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, temos que nos preocupar? E a resposta é que se a mata amazônica for arrasada, o sistema do clima regional vai pro buraco.
Os produtos que chegam até às nossas feiras e prateleiras dos mercados são produzidos também em São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Espírito Santo. Sem falar que boa parte da energia elétrica que nos abastece vem de Itaipu Binacional. E se o Rio Paraná tiver uma escassez, teremos bons problemas a resolver.
E o abastecimento de água no Leste Fluminense?
Fora as relações econômicas com as outras partes da região sudeste, há um outro ponto importante: você já se perguntou de onde vem a água que nos abastece? Como São Gonçalo, Niterói e Itaboraí têm um abastecimento de água com certa regularidade sem represamento de água?
O fato é que dependemos das chuvas. Especialmente as que caem na região de Cachoeiras de Macacu. Mesmo estando próximos ao litoral, é preciso avaliar qual o impacto que um regime de chuvas alterado no Brasil teria em nossa região. Aliás, se algum profissional ou professor de geografia, meteorologia, entre outras ciências relacionadas estiver lendo isso e tenha algum estudo sobre essa relação, fique à vontade para enviar.
Mesmo com nossas enchentes frequentes, não temos sequer um sistema de captação das águas pluviais para aproveitá-las, como acontece em Cingapura, por exemplo. Sem falar na inexistência de um represamento ou algo similar que sirva para armazenar a água para o abastecimento dessas quase 2 milhões de pessoas no Leste Fluminense. Mais um motivo para pressionarmos os mecanismos que podem agilizar as obras de saneamento básico por aqui.
Independente da sua idade, imagine-se idoso em meio à uma crise hídrica. Infelizmente, se não começarmos a pensar em soluções de preservação do meio ambiente e saneamento básico, o abastecimento no Leste Fluminense estará comprometido. E, infelizmente, é possível que vejamos uma catástrofe humanitária por conta de uma grave falta d’água.
Pensemos nisso! O alarmismo só dura até acontecer. Depois que acontece vira desespero.