Em pleno momento que vivemos, com previsões nada animadoras para a população, como falta de recursos nos hospitais, uma notícia como a compra do álcool gel mais caro do Brasil causa indignação.
Após a denúncia, a prefeitura explicou que o produto não era álcool em gel. Porém, fica claro que a displicência na descrição do produto orçado e a não existência de um escritório no endereço disponibilizado pela empresa são frutos do mesmo problema de sempre: a falta de transparência. A certeza do “faz qualquer coisa aí, que não pega não”.
Não é porque há orçamentos publicados que a prefeitura está sendo transparente. Se o escrito não condiz com a realidade, está incorreto. Se a fornecedora All Labs fornece insumos à prefeitura há 2 anos, para o cidadão, não pode haver dúvidas sobre a idoneidade da empresa. Afinal, é dinheiro público!
Para mim, a transparência é a ferramenta mais importante da gestão pública nos dias atuais e futuros. Num momento de calamidade pública, a flexibilização de licitações pode abrir caminho para uma farra completa. E pagar R$105,00 reais por 800 frascos de “antissépticos higienizantes de uso tópico para mãos” com 500ml cada, como é a descrição nebulosa do produto, pode ser justa ou absurda, pela simples despreocupação em ser claro no que se escreve.
É importante lembrar que há apenas 2 semanas atrás, o RJTV mostrou denúncias sobre o plágio, também conhecido como “copiou colou”, de propostas para construção dos hospitais de campanha do RJ, incluindo o nosso, aqui no Mauá. Na mesma situação, quando se vai aos endereços descritos nas propostas, não há sede das empresas proponentes. E assim como no caso do “álcool gel mais caro do Brasil”, ao chegar nos endereços fornecidos, só encontraram residências. Empresa mesmo, só no papel.
À prefeitura, não basta ser honesta, tem de parecer honesta. E com tantos casos duvidosos no passado recente, como aqueles contratos milionários com parentes de um certo vereador, qualquer fumaça é mais que fogo: é incêndio!