O Pronto Socorro de Alcântara virou maternidade em maio. A princípio, uma ótima alternativa para a região. A anterior Maternidade Luiz Palmier, no Zé Garoto, recebia gestantes de boa parte do Leste Fluminense, como Itaboraí e Maricá. Sobrecarregado, o sistema precisava respirar, especialmente depois das promessas não cumpridas do “Hospital da Mãe”, no Colubandê.
Mas algo não saiu como o esperado.
Com o fechamento do PSA (Pronto Socorro de Alcântara), os cerca de 400 atendimentos por dia, cirurgias eletivas e pequenas operações migraram. Com média complexidade, as UMPAS (upas municipais) de Nova Cidade e Pacheco receberam parte da demanda. Mas quem sentiu mesmo o baque foi o único hospital municipal de grande complexidade do município: o Pronto Socorro do Zé Garoto, o Central.
Com a crise econômica, cresceu a demanda por serviços públicos
Pensando que as UMPAs e UPAs fossem dar conta de todo atendimento que era realizado no PSA, as mudanças foram feitas. Entretanto, não é o que está acontecendo.
Por causa da crise econômica e, consequentemente, desemprego, muitas pessoas que antes tinham planos de saúde, hoje procuram o SUS. Segundo funcionários da rede municipal, o número de atendimento em todas as unidades de emergência aumentou, mostrando que a mudança promovida pelo atual secretário Dimas Gadelha pode ter sido desastrada, não tendo correlacionado o momento econômico às decisões estratégicas municipais.
Outro fato relevante era a localização estratégica do PSA, na rua principal Alfredo Baker, em frente ao 7º Batalhão da PM. Com acesso fácil por ônibus, a unidade drenava boa parte da demanda da parte “Alcântara” de São Gonçalo que, como sabemos, é ainda mais carente.
“O Pronto Socorro do Zé Garoto é que dá voto”
Os postos de saúde têm pouca ou estão sem medicação, segundo funcionários. Aliás, os próprios também revelam que sua remuneração é abaixo de qualquer outro município do estado. O que leva profissionais a trabalharem em outras atividades para pagar suas contas.
A consequência disso é a baixa qualidade e quantidade nos atendimentos. As pessoas, por sua vez, tendem a ir com maior frequência às emergências.
Postos fracos e hospital segurando as demandas é o real ciclo vicioso que políticos fazem questão de não ver. Afinal, como é dito nos corredores da unidade, “o Pronto Socorro do Zé Garoto é o que dá voto”. Ou pior: “isso aqui é hospital de política”.
A demanda do Pronto Socorro de Alcântara sobrecarregou as equipes do PSC que estão sem receber
O fechamento do PSA fez a demanda do Pronto Socorro Central subir em mais de 50% no número de atendimentos. Já o Hospital Luiz Palmier foi ampliado, tornando-se unidade fechada para internação de pacientes.
Há quem pense que os médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem do Alcântara foram todos pro Zé Garoto, certo? Errado. O número de funcionários que já vinha diminuindo a cada ano, devido à crise, continuou o mesmo no PSC.
Já os médicos de Alcântara, alguns até foram remanejados para o Luiz Palmier. Mas outros foram mandados embora mesmo, junto a enfermeiros e técnicos.
Houve dias que os atendimentos chegaram a quase 1000.
As equipes que trabalham no PSC ficaram sobrecarregadas. UMPAs e UPAs aumentaram o número de atendimentos. O resultado para a população foi a queda na qualidade do atendimento de quem mais precisa.
Com salários atrasados, as cobranças continuam as mesmas. Já a estrutura do PSC continua lastimável. Outro detalhe triste são os vencimentos da enfermagem, que estão abaixo do piso da classe.
Os profissionais de saúde que recebem a revolta do cidadão, não os gestores públicos
Os profissionais que estão na “linha de frente” sofrem. São cobrados, ameaçados de forma contínua, obrigados a aceitar a forma desumana que trabalham, pois precisam do seu “ganha-pão”, especialmente nesse difícil momento econômico.
Ainda mais complicado é sofrer com a revolta dos usuários, que muita das vezes não sabem dos problemas internos da gestão pública. Como os gestores não são cobrados diretamente deixam o sistema de saúde agonizar. Seja por incompetência ou conveniência política.
A culpa no final, infelizmente, é jogada no colo do profissional de saúde que trabalha no meio dessa guerra. Afinal, trabalhar no pronto socorro central é viver num cenário de guerra. Literalmente.
Esse Dimas está a 200 anos nesse cargo e não aprendeu nem sequer a ter uma leve afeição pelo povo mais humilde. ABUTRES! Temos que renovar é essa cúpula que entra ano e sai ano, estão sempre lá no poder sabe Deus como!
Oi, Vilma.
O mais complicado disso é promover as mudanças sem dar muitas explicações sobre o processo. Muita das vezes, eles fazem isso para pegar todos de surpresa, dando a impressão de que “o mal já está feito”. Mas não é bem assim.
Hoje a população tem acesso a muitas informações. Explicar o sistema de saúde e os possíveis benefícios não custam nada a ninguém. Mas parece que a boa vontade de comunicar não é talento de governo algum.
Obrigado por estar com a gente no SIM São Gonçalo.