Foi pela indignação. Pelo medo, pela vontade de falar, desabafar e até mesmo de gritar sobre o assunto. A vontade de chorar a tristeza, de abraçar e proteger o corpo do outro.
Dia 28 de maio foi feito um Ato chamado 30×1, nome que infelizmente foi retirado do crime que ocorreu contra uma jovem de 16 ou 17 anos por 30 ou 33 homens. Os números tanto da idade da vítima quanto do número de agressores desse crime que aconteceu em uma periferia do Rio de Janeiro são incertos, e não há como negar que é sim por uma banalização do crime. Para a mídia machista e misógina, não interessa a idade e muito menos quantos foram, porque o que eles ressaltam em suas reportagens é que ainda são “suspeitos”, ainda é um crime que precisa de provas.
Vamos agora, nos aprofundar no nosso município. Em 2015, o dossiê da mulher nos traz números alarmantes, sendo São Gonçalo a 2º maior região de números absolutos de estupros (262 vítimas) e a 5ª maior região em tentativas de estupro. Além dos números entristecedores, tenho que frisar que a 1ª região do pódio é um aglomerado de municípios. Ou seja, “ganhamos” o segundo lugar sozinhos.
Por isso, entendemos que o Ato que aconteceu foi apenas o primeiro passo para dizermos juntas, um basta contra essa cultura que respalda esse tipo de prática que mata o indivíduo em todas as suas formas possíveis. Mata sua liberdade, sua alma, seu corpo, seus sonhos.
Cerca de 40 pessoas compareceram a essa manifestação. Mas não é nem de longe o ideal visto que temos mais de 1 milhão de habitantes em São Gonçalo. Precisamos nos mobilizar e comprar essa briga que é de todos nós. Mais do que o medo e a cruel verdade de que um estupro pode acontecer com qualquer uma de nós, precisamos exercitar o nosso amor ao próximo, entendendo que o corpo dela é tão digno de liberdade quanto o nosso.
Por isso, a luta não pode parar. Dia 1 de junho haverá diversas mobilizações no Brasil contra a cultura do estupro e em São Gonçalo não será diferente. Dessa vez, vamos nos concentrar na frente do portal principal da Praça Zé Garoto, para marcharmos unidas até a Praça da Marisa. Às 18 horas, irmãs e irmãos, esperamos a todos para mostrar que essa demanda também é nossa, e que não vamos baixar a cabeça para essa e nem outras formas de violência contra a mulher.