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Nem a morte livra o gonçalense do sofrimento

Nem a morte livra o gonçalense do sofrimento

O morador da cidade de São Gonçalo, em geral, leva uma vida difícil. As condições da maternidade pública são as mesmas de qualquer unidade de saúde pública brasileira, ruins. Quase não existe incentivo à educação durante a infância e a adolescência. A juventude é vivida sem propósito nas ruas, ameaçada pelo crime e pelas drogas. E o restante da vida é marcado por instabilidade profissional e dificuldades financeiras.

Quando a morte chega, o sofrimento continua, não há descanso. O gonçalense leva até 5 dias pra ser enterrado em um cemitério abandonado, tomado pelo mato e pelo lixo, em covas tão rasas que frequentemente os restos mortais de outras pessoas estão expostos ao lado. Caso queira condições fúnebres melhores, a família do falecido, tão pobre quanto ele, precisa gastar suas economias pagando propina.

De acordo com a denúncia de uma ex-funcionária da Prefeitura que coordenava os cemitérios municipais e inúmeros relatos nas redes sociais, denúncia que motivou uma audiência pública na Câmara Municipal, quanto maior o desespero e a urgência para enterrar um parente ou amigo, mais caro será o suborno pago à funerária, ou a algum intermediário do Governo Nanci, e depois repassado à Prefeitura. A propina para agilizar um enterro ficaria entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. Algo cruel até para os padrões de corrupção e criminalidade de São Gonçalo, cidade onde a Justiça e a liberdade de imprensa já sofreram ataques de bandidos.

Requerida pelo vereador Sandro Almeida, a audiência pública resultou em tentativa de abertura de CPI que só não foi possível porque os vereadores Professor Galo (PPS), Natan (PSB) e Cacau (PRTB) assinaram o documento de abertura e depois retiraram suas assinaturas (Jornal Extra).

Vereadores indecisos a respeito da função para a qual foram eleitos fazem parte da origem do sofrimento gonçalense. Diante de uma denúncia grave levada à Câmara e à imprensa, e da situação calamitosa vista nos cemitérios, nada mais racional do que instaurar uma comissão parlamentar para investigar o caso. Só 9 vereadores, de um total de 27, pensam assim.

Oficialmente a Prefeitura disse que a gestão dos quatro cemitérios municipais, São Miguel, São Gonçalo, Pacheco e Ipiíba, está se recuperando de problemas herdados dos governos anteriores, não há desvio de dinheiro e as contas do setor estão no azul. A posição da Prefeitura não encontra amparo na realidade. Há relatos de desaparecimento de ossadas. Equipes de reportagem filmaram restos mortais dentro de sacolas plásticas de supermercado, sem identificação. Após a morte, pra completar seu sofrimento, o passado do gonçalense é apagado e ele deixa de existir.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

O morador da cidade de São Gonçalo, em geral, leva uma vida difícil. As condições da maternidade pública são as mesmas de qualquer unidade de saúde pública brasileira, ruins. Quase não existe incentivo à educação durante a infância e a adolescência. A juventude é vivida sem propósito nas ruas, ameaçada pelo crime e pelas drogas. E o restante da vida é marcado por instabilidade profissional e dificuldades financeiras.

Quando a morte chega, o sofrimento continua, não há descanso. O gonçalense leva até 5 dias pra ser enterrado em um cemitério abandonado, tomado pelo mato e pelo lixo, em covas tão rasas que frequentemente os restos mortais de outras pessoas estão expostos ao lado. Caso queira condições fúnebres melhores, a família do falecido, tão pobre quanto ele, precisa gastar suas economias pagando propina.

De acordo com a denúncia de uma ex-funcionária da Prefeitura que coordenava os cemitérios municipais e inúmeros relatos nas redes sociais, denúncia que motivou uma audiência pública na Câmara Municipal, quanto maior o desespero e a urgência para enterrar um parente ou amigo, mais caro será o suborno pago à funerária, ou a algum intermediário do Governo Nanci, e depois repassado à Prefeitura. A propina para agilizar um enterro ficaria entre R$ 1 mil e R$ 3 mil. Algo cruel até para os padrões de corrupção e criminalidade de São Gonçalo, cidade onde a Justiça e a liberdade de imprensa já sofreram ataques de bandidos.

Requerida pelo vereador Sandro Almeida, a audiência pública resultou em tentativa de abertura de CPI que só não foi possível porque os vereadores Professor Galo (PPS), Natan (PSB) e Cacau (PRTB) assinaram o documento de abertura e depois retiraram suas assinaturas (Jornal Extra).

Vereadores indecisos a respeito da função para a qual foram eleitos fazem parte da origem do sofrimento gonçalense. Diante de uma denúncia grave levada à Câmara e à imprensa, e da situação calamitosa vista nos cemitérios, nada mais racional do que instaurar uma comissão parlamentar para investigar o caso. Só 9 vereadores, de um total de 27, pensam assim.

Oficialmente a Prefeitura disse que a gestão dos quatro cemitérios municipais, São Miguel, São Gonçalo, Pacheco e Ipiíba, está se recuperando de problemas herdados dos governos anteriores, não há desvio de dinheiro e as contas do setor estão no azul. A posição da Prefeitura não encontra amparo na realidade. Há relatos de desaparecimento de ossadas. Equipes de reportagem filmaram restos mortais dentro de sacolas plásticas de supermercado, sem identificação. Após a morte, pra completar seu sofrimento, o passado do gonçalense é apagado e ele deixa de existir.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

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