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Doar 50% do salário só agora, vereadores? Vocês estão aí há 3 anos!

Doar 50% do salário só agora, vereadores? Vocês estão aí há 3 anos!

Eleitos em 2016, os vereadores de São Gonçalo tomaram posse em janeiro de 2017. De lá para cá, foram 40 meses onde um salário líquido de cerca de R$12.000, doze mil reais, caiu ininterruptamente em suas contas. Uma soma total de quase meio milhão de reais em pouco mais de 3 anos. Algo impensável para a maioria das pessoas no município com o mesmo nível de instrução de boa parte dos parlamentares.

Mas aí, chegou a crise do CoronaVírus. E todas as fragilidades da cidade ficaram mais expostas. Das estruturas de saúde que não funcionam ou estão sucateadas, como a Clínica do Vila 3, até a precária guarda municipal, que não tem estrutura para fiscalizar a cidade inteira.

No impulso de mostrar serviço, veio o primeiro absurdo: criar uma lei para doar o salário. E logo as perguntas vieram: afinal, é preciso lei para doar algo de seu próprio bolso?

Semanas depois, talvez vendo o quão ridículo a proposta era, os vereadores formalizaram uma proposta junto a OAB de São Gonçalo para fazer este “grande gesto” durante o atual período. Que também é… um período pré-eleitoral.

Ainda sim, a pergunta principal fica no ar: por que só agora? Será que ninguém da Câmara Municipal de São Gonçalo consegue enxergar o quão absurdo é um salário destas proporções na cidade com menor orçamento per capita do Estado do Rio de Janeiro?

E mais: como sustentar esses valores no futuro, sabendo da recessão – quiçá depressão – econômica que o Brasil viverá nos próximos meses, talvez anos?

Se há uma coisa imperativa para a próxima legislatura municipal é a doação de seus próprios salários para projetos que façam sentido na cidade. Afinal, 4 anos de 50% do salário líquido são quase R$300.000 (trezentos mil reais) retornados para a cidade.

Sei que há políticos que afirmam que “manter um mandato é caro”. Pessoalmente, discordo. É caro para quem deseja fazer a mesma política de sempre, com a velha troca de favores baseada na ineficiência do estado. Que muita das vezes gerada por quem não faz o trabalho de fiscalizar.

Penso que os políticos pós crise do CoronaVírus precisarão se doar e ESTUDAR muito mais que os anteriores. Porque as cobranças só aumentarão. E pagar salários dessa magnitude numa cidade própria, com arrecadação baixa e pouco emprego, será mais que absurdo: será inaceitável.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

Eleitos em 2016, os vereadores de São Gonçalo tomaram posse em janeiro de 2017. De lá para cá, foram 40 meses onde um salário líquido de cerca de R$12.000, doze mil reais, caiu ininterruptamente em suas contas. Uma soma total de quase meio milhão de reais em pouco mais de 3 anos. Algo impensável para a maioria das pessoas no município com o mesmo nível de instrução de boa parte dos parlamentares.

Mas aí, chegou a crise do CoronaVírus. E todas as fragilidades da cidade ficaram mais expostas. Das estruturas de saúde que não funcionam ou estão sucateadas, como a Clínica do Vila 3, até a precária guarda municipal, que não tem estrutura para fiscalizar a cidade inteira.

No impulso de mostrar serviço, veio o primeiro absurdo: criar uma lei para doar o salário. E logo as perguntas vieram: afinal, é preciso lei para doar algo de seu próprio bolso?

Semanas depois, talvez vendo o quão ridículo a proposta era, os vereadores formalizaram uma proposta junto a OAB de São Gonçalo para fazer este “grande gesto” durante o atual período. Que também é… um período pré-eleitoral.

Ainda sim, a pergunta principal fica no ar: por que só agora? Será que ninguém da Câmara Municipal de São Gonçalo consegue enxergar o quão absurdo é um salário destas proporções na cidade com menor orçamento per capita do Estado do Rio de Janeiro?

E mais: como sustentar esses valores no futuro, sabendo da recessão – quiçá depressão – econômica que o Brasil viverá nos próximos meses, talvez anos?

Se há uma coisa imperativa para a próxima legislatura municipal é a doação de seus próprios salários para projetos que façam sentido na cidade. Afinal, 4 anos de 50% do salário líquido são quase R$300.000 (trezentos mil reais) retornados para a cidade.

Sei que há políticos que afirmam que “manter um mandato é caro”. Pessoalmente, discordo. É caro para quem deseja fazer a mesma política de sempre, com a velha troca de favores baseada na ineficiência do estado. Que muita das vezes gerada por quem não faz o trabalho de fiscalizar.

Penso que os políticos pós crise do CoronaVírus precisarão se doar e ESTUDAR muito mais que os anteriores. Porque as cobranças só aumentarão. E pagar salários dessa magnitude numa cidade própria, com arrecadação baixa e pouco emprego, será mais que absurdo: será inaceitável.

Matheus Graciano
Matheus Gracianohttps://www.matheusgraciano.com.br
Matheus Graciano é o criador do SIM São Gonçalo, onde fez o meio de campo da revista eletrônica de 2012 a 2020. É designer que programa, escreve e planeja. Trabalha na Caffifa Agência e Consultoria Digital.

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