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Saudades dos encontros de internet na grama do Shopping São Gonçalo

Saudades dos encontros de internet na grama do Shopping São Gonçalo

Se você tem mais de 20 anos e menos de 30, provavelmente conheceu alguém que ia nos encontros de internet no Shopping São Gonçalo. Lembro como se fosse ontem que todo sábado estávamos todos nós, envolvidos com as brigas, flertes, encontros, desencontros e risadas que aquele pedaço de grama na frente do Shopping trazia para nós.

A internet hoje é popular, mas naquela época não. Foi uma geração de transição. Nossos pontos de encontro que eram as esquinas foram virando a busca eterna por promoções numa lan house qualquer. Aos poucos, o Counter Strike e Warcraft iam virando ICQ e MSN. O cheiro de homens, pão velho e mortadela ia dando espaço para o cheiro do perfume das mulheres que também passavam a frequentar as “Lan house’s”.

Bons tempos. Era época de trocar lista de MSN, de pensar na melhor coloração dos nick’s do chat e escolher as melhores playerlist para aparecer no “o que você está assistindo”. Era tempo de entrar e sair do MSN para fazer com que alguém puxasse assunto e começar o desenrolo para o sábado virar point de encontro.

Cada um com seu bonde, com seu tipo de roupa, com suas roupas de marca da feirinha de Itaipava, com os perfis I, II, II e IV do orkut com alguma foto de uma câmera digital que não era sua ou no máximo, de uma webcam de baixa resolução.

Estamos ficando velhos. O tempo está passando e cada um foi seguir seu rumo. Uns viraram advogados, uns viraram músicos, uns viraram jornalistas, uns viraram maconheiros, uns viraram bandidos, mas todo mundo virou algo. Foi bom compartilhar e fazer parte de uma geração que descobriu junto o potencial da internet.

Fico pensando o que seria da minha vida sem os encontros. Parte da minha formação, personalidade e sagacidade foi desenvolvida lá. Pensar em estratégias para ser mais popular para entrar nas festas de graça, tentar arrumar uma grana para poder comer meu Mc Donald’s aos sábados, poder ir no cinema a tarde já encaminhando a ida para a grama e tentar entrar em contato com o máximo de pessoas possíveis. Resumindo: todo mundo queria um scrapbook lotado.

Para além de um saudosismo, bate uma saudade de querer saber onde todo mundo está. Queria ver o rosto de cada um novamente e poder ouvir o que aconteceu desde então. Saber dos casais e crianças geradas através do G3, de quem brigou e depois virou amigo, de quem emagreceu, de quem engordou, de quem enriqueceu, de quem foi preso, dos puto, das puta, dos feios, dos bonitos, de todos.

Foi triste deixar de frequentar os encontros e depois não ver mais eles existindo. A grama do Shopping São Gonçalo tem história. Mas tem tanta história que, sempre que passo lá, preciso atravessar a rua para relembrar, mesmo que por minutos, de como foi importante para mim fazer parte de uma geração tão potente e inventiva.

Para alguns era baderna, era zoação, era briga, mas para mim foi o momento mais interessante da minha juventude, onde pude conhecer, aceitar e aprender com gente diferente, de tudo que era lugar da cidade e o melhor, fazer amigos que carrego até hoje.

Era do cacete organizar os encontros e as festas. Lembro do período que começamos a tentar colonizar Niterói fazendo encontros no Plaza, Bay Market e até festas em São Francisco. Nossa geração queria ser promoter de choppada. Era o máximo do legal de tirar onda com cordões e anéis de prata, com algum boné de tela da Von Dutch falso.

Quantas vezes passo na rua e lembro dos apelidos das pessoas. Fico andando no ônibus ou em alguma festa e lembro de como a pessoa era e em como está hoje. As maquiagens, os bonés, o jeito de falar, tudo mudou, mas ainda sim, todo mundo ainda se olha e se lembra que já nos vimos em algum lugar pela grama.

Que a gente guarde essas memórias pra sempre.
por Talude

Atual Romario Regis.

Romário Régis
Romário Régishttp://agenciapapagoiaba.com/
Romario Regis é diretor da agência Papagoiaba, dedicada à produção e comunicação de conteúdo que dê visibilidade para as potências socioculturais do Leste Fluminense.

Se você tem mais de 20 anos e menos de 30, provavelmente conheceu alguém que ia nos encontros de internet no Shopping São Gonçalo. Lembro como se fosse ontem que todo sábado estávamos todos nós, envolvidos com as brigas, flertes, encontros, desencontros e risadas que aquele pedaço de grama na frente do Shopping trazia para nós.

A internet hoje é popular, mas naquela época não. Foi uma geração de transição. Nossos pontos de encontro que eram as esquinas foram virando a busca eterna por promoções numa lan house qualquer. Aos poucos, o Counter Strike e Warcraft iam virando ICQ e MSN. O cheiro de homens, pão velho e mortadela ia dando espaço para o cheiro do perfume das mulheres que também passavam a frequentar as “Lan house’s”.

Bons tempos. Era época de trocar lista de MSN, de pensar na melhor coloração dos nick’s do chat e escolher as melhores playerlist para aparecer no “o que você está assistindo”. Era tempo de entrar e sair do MSN para fazer com que alguém puxasse assunto e começar o desenrolo para o sábado virar point de encontro.

Cada um com seu bonde, com seu tipo de roupa, com suas roupas de marca da feirinha de Itaipava, com os perfis I, II, II e IV do orkut com alguma foto de uma câmera digital que não era sua ou no máximo, de uma webcam de baixa resolução.

Estamos ficando velhos. O tempo está passando e cada um foi seguir seu rumo. Uns viraram advogados, uns viraram músicos, uns viraram jornalistas, uns viraram maconheiros, uns viraram bandidos, mas todo mundo virou algo. Foi bom compartilhar e fazer parte de uma geração que descobriu junto o potencial da internet.

Fico pensando o que seria da minha vida sem os encontros. Parte da minha formação, personalidade e sagacidade foi desenvolvida lá. Pensar em estratégias para ser mais popular para entrar nas festas de graça, tentar arrumar uma grana para poder comer meu Mc Donald’s aos sábados, poder ir no cinema a tarde já encaminhando a ida para a grama e tentar entrar em contato com o máximo de pessoas possíveis. Resumindo: todo mundo queria um scrapbook lotado.

Para além de um saudosismo, bate uma saudade de querer saber onde todo mundo está. Queria ver o rosto de cada um novamente e poder ouvir o que aconteceu desde então. Saber dos casais e crianças geradas através do G3, de quem brigou e depois virou amigo, de quem emagreceu, de quem engordou, de quem enriqueceu, de quem foi preso, dos puto, das puta, dos feios, dos bonitos, de todos.

Foi triste deixar de frequentar os encontros e depois não ver mais eles existindo. A grama do Shopping São Gonçalo tem história. Mas tem tanta história que, sempre que passo lá, preciso atravessar a rua para relembrar, mesmo que por minutos, de como foi importante para mim fazer parte de uma geração tão potente e inventiva.

Para alguns era baderna, era zoação, era briga, mas para mim foi o momento mais interessante da minha juventude, onde pude conhecer, aceitar e aprender com gente diferente, de tudo que era lugar da cidade e o melhor, fazer amigos que carrego até hoje.

Era do cacete organizar os encontros e as festas. Lembro do período que começamos a tentar colonizar Niterói fazendo encontros no Plaza, Bay Market e até festas em São Francisco. Nossa geração queria ser promoter de choppada. Era o máximo do legal de tirar onda com cordões e anéis de prata, com algum boné de tela da Von Dutch falso.

Quantas vezes passo na rua e lembro dos apelidos das pessoas. Fico andando no ônibus ou em alguma festa e lembro de como a pessoa era e em como está hoje. As maquiagens, os bonés, o jeito de falar, tudo mudou, mas ainda sim, todo mundo ainda se olha e se lembra que já nos vimos em algum lugar pela grama.

Que a gente guarde essas memórias pra sempre.
por Talude

Atual Romario Regis.

Romário Régis
Romário Régishttp://agenciapapagoiaba.com/
Romario Regis é diretor da agência Papagoiaba, dedicada à produção e comunicação de conteúdo que dê visibilidade para as potências socioculturais do Leste Fluminense.

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