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Sem aulas, estudantes estão perdidos

Sem aulas, estudantes estão perdidos

É alarmante a quantidade de estudantes que perambulam nas ruas, uniformizados, em pleno horário escolar. Seja pela ausência de professores ou escassez de merenda, frequentemente eles são liberados mais cedo, ou não têm aula, e ficam pelo caminho, entre a escola e o lar, procurando o que fazer.

Se a sociedade se unir agora em apoio aos profissionais da Educação na luta por melhores condições de trabalho, talvez consiga amenizar os efeitos da crise no ensino municipal. Caso contrário, por falta de educação de qualidade, perderemos mais uma geração de gonçalenses para problemas sociais graves, como pobreza econômica e desemprego.

Na última quinta-feira, às 8h da manhã, conheci um desses estudantes, uniformizado e com mochila nas costas, sentado sozinho na também abandonada Fazenda Colubandê. O nome dele era Fernando e me disse que não estava na escola porque “a professora faltou”. No momento a maior preocupação de Fernando é conseguir R$ 100 para comprar uma bicicleta, algo que nunca teve. Ele e os amigos se acostumaram a ver pessoas usando drogas na sede da Fazenda e se prostituindo; Fernando é um menino de 11 anos, já em contato com o pior que existe em São Gonçalo.

Culpar a greve dos profissionais da Educação pelo abandono de Fernando seria idiota. No protesto em frente a Prefeitura semana passada, uma professora relatou que precisa escorar a porta da sala de aula com cadeiras para evitar que caia sobre os alunos. Como ensinar assim? A crise é tão profunda que os estudantes carecem de habilidades básicas para se expressar. Há alguns dias, em vez de me pedir licença para passar no corredor do ônibus, um aluno da rede municipal, envergonhado, deu dois tapas na minha perna. Ele não era violento, mas não sabia como interagir devidamente em situações cotidianas.

Cheguei a São Gonçalo em 1989 e minha rua não tinha qualquer infraestrutura, apenas um campinho de futebol de várzea improvisado. Minha rua continua sem asfalto e sem saneamento básico, mas agora está pior, o campinho não existe mais. Sem aulas na escola e sem opções de lazer, os estudantes gonçalenses estão perdidos.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
Moro em São Gonçalo e toda semana escrevo sobre minha relação com a cidade.

É alarmante a quantidade de estudantes que perambulam nas ruas, uniformizados, em pleno horário escolar. Seja pela ausência de professores ou escassez de merenda, frequentemente eles são liberados mais cedo, ou não têm aula, e ficam pelo caminho, entre a escola e o lar, procurando o que fazer.

Se a sociedade se unir agora em apoio aos profissionais da Educação na luta por melhores condições de trabalho, talvez consiga amenizar os efeitos da crise no ensino municipal. Caso contrário, por falta de educação de qualidade, perderemos mais uma geração de gonçalenses para problemas sociais graves, como pobreza econômica e desemprego.

Na última quinta-feira, às 8h da manhã, conheci um desses estudantes, uniformizado e com mochila nas costas, sentado sozinho na também abandonada Fazenda Colubandê. O nome dele era Fernando e me disse que não estava na escola porque “a professora faltou”. No momento a maior preocupação de Fernando é conseguir R$ 100 para comprar uma bicicleta, algo que nunca teve. Ele e os amigos se acostumaram a ver pessoas usando drogas na sede da Fazenda e se prostituindo; Fernando é um menino de 11 anos, já em contato com o pior que existe em São Gonçalo.

Culpar a greve dos profissionais da Educação pelo abandono de Fernando seria idiota. No protesto em frente a Prefeitura semana passada, uma professora relatou que precisa escorar a porta da sala de aula com cadeiras para evitar que caia sobre os alunos. Como ensinar assim? A crise é tão profunda que os estudantes carecem de habilidades básicas para se expressar. Há alguns dias, em vez de me pedir licença para passar no corredor do ônibus, um aluno da rede municipal, envergonhado, deu dois tapas na minha perna. Ele não era violento, mas não sabia como interagir devidamente em situações cotidianas.

Cheguei a São Gonçalo em 1989 e minha rua não tinha qualquer infraestrutura, apenas um campinho de futebol de várzea improvisado. Minha rua continua sem asfalto e sem saneamento básico, mas agora está pior, o campinho não existe mais. Sem aulas na escola e sem opções de lazer, os estudantes gonçalenses estão perdidos.

Mário Lima Jr.
Mário Lima Jr.http://mariolimajr.com
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