Em julho, me deparei com uma postagem do canal SGDD onde havia um folheto com o seguinte anúncio: “TV A CABO NO ROCHA – AGORA COM FIBRA ÓTICA”.
A cara-de-pau de divulgar o serviço com panfletos, a princípio, nos fez rir. Afinal, um plano desses, com um imenso pacote de canais a 50 reais, é algo ainda irreal nos planos das operadoras de tv e internet atuais.
Apesar da ilegalidade no serviço, fica a pergunta: em tempos de Netflix, internet ultrarrápida, por que será que os canais a cabo são tão caros? Se eles ganham em escala – quantidade de assinantes – por que ainda são negociados a um preço tão alto no Brasil?
Em 2014, Gatonet já era a 3ª maior operadora do Brasil
Há 3 anos atrás, com a economia brasileira ainda no auge, o Gatonet foi considerado a 3ª maior operadora de serviços telefônicos e internet do país.
Antes de qualquer julgamento, é bom questionar uma coisa: será que essa “operadora” se espalha pela deficiência das outras em prover o serviço ou pela má-fé do cidadão?
Sinto que ambas as hipóteses podem ser questionadas. Entretanto, é fato que em muitos desses lugares, além dos péssimos serviços de telefonia celular (sinal ruim), a oferta de banda larga à fibra ótica é ainda mais rara, o que torna o Gatonet um feito incrível, pela rapidez no cabeamento de territórios onde muitas companhias nem se interessam em implementar serviços.
Gatonet é crime. Mas monopólio também deveria ser
Aparentemente, o que este serviço de Gatonet no Rocha está oferecendo é o que a NET já faz: IPTV. Ou seja, televisão via internet. Na central do Rocha, eles devem rotear o sinal e distribuí-lo sem muita perda de qualidade entre seus assinantes.
Mas o preço cobrado por estes serviços, dada a falta de concorrência (de verdade), faz com que os serviços sejam inviáveis para boa parte da população. Muitos desses planos são mais de 200 reais, cerca de 1/5 de um salário mínimo.
Para você ter como parâmetro de livre mercado, a Romênia, um país ex-socialista no lado pobre da Europa, tem um dos serviços de internet mais rápidos e baratos do mundo. E isso se dá, justamente, pelo nível de concorrência nos mercados locais.
Gatonet e o crime organizado
Um dos complicadores dessa expansão das redes, especialmente no estado do Rio de Janeiro, é o envolvimento dos Gatonets com o crime. Seja ele representado pelas milícias ou tráfico de drogas. Não à toa, sua presença nas comunidades é tão representativa.
Mas é fato que, se os serviços se expandissem dentro da legalidade, com preços acessíveis, certamente não haveria espaço para que o crime financiasse suas estruturas.
Solução irrealista
Sabemos que o sistema Globosat e as outras companhias não darão o braço a torcer tão cedo. Mesmo perdendo um bom dinheiro para o Gatonet, elas ainda lucram bastante com a base fixa de assinantes. Sem falar nos anúncios veiculados em seus canais “qualificados”, com um público segmentado.
Ainda sim, com o avanço do Netflix, entre outros serviços que ainda estão para chegar no mercado brasileiro, é questão de tempo até vermos a deflação começar.
Afinal, um mercado com quase 210 milhões de pessoas não é de se jogar fora. Os Gatonets já perceberam isso há muito tempo.
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[…] Para completar, os serviços não entram. Correios não entregam produtos. Transportadoras precisam fazer acordos com tráfico ou milícia, sem falar no básico, como água, luz, gás e internet. Os dois últimos, em especial, controlados também pelos poderes paralelos locais, como o gatonet. […]
[…] Isso define o ponto exato de uma barricada ou da implantação de serviços ilegais, como internet, gatonet e venda de gás. Sem falar no clássico tráfico de […]