Um caminhão tomba na RJ-104. Ali, na altura do Laranjal. O motorista que passa na pista oposta, se entristece com o que vê. Não é o carro dos bombeiros, nem da polícia, que aparece no local primeiro. Quem estão ali são populares, que na primeira oportunidade tornaram-se ladrões, praticando o mesmo roubo de cargas que os marginais armados praticam todos os dias no Rio de Janeiro.
No passado, com um histórico de miséria e esquecimento, o Brasil se habituou a ver saques de caminhões tombados como o desespero de um povo que precisava comer. Mas nos últimos 20 anos, muita coisa mudou. Com programas sociais, melhora da renda, maior acesso à comida, questionamos: por que hoje, em 2018, ainda há quem ache isso normal?
Na foto, é possível ver dois homens bem cuidados e vestidos, carregando seus caixotes recém furtados. E tudo isso, como se fosse a coisa mais normal do mundo saquear um caminhão.
Roubo de cargas, com ou sem armas, legitimam um lugar como perigoso
Saquear um caminhão, por muitos, ainda é visto como algo ingênuo. Até cultural. Mas esses delitos, quando somados a outros, como jogar lixo na rua, quebrar patrimônio público e avançar sinal de trânsito, dão a sensação de “terra de ninguém” que tanto reclamamos por aqui.
E se tem gente que se sente mal vivendo em ambientes assim, o contrário também acontece. Assaltantes e traficantes são exemplo disso. A sensação de insegurança do lugar favorece suas atividades criminosas.
O caso dos Correios em São Gonçalo
Algumas vezes reclamamos sobre diversos pontos da cidade serem considerados “áreas de risco” pelos Correios. Mas alguns dados alarmantes chamam a atenção. Só aqui, em São Gonçalo, o roubo a pequenos veículos dos Correios, aqueles que fazem entregas nas casas, tiveram crescimento de 90% nos primeiros meses de 2018 (Jornal Hoje/Rede Globo).
Este ano, a conta chegou: encomendas enviadas pelos Correios sofreram aumento de 8% no preço total das entregas feitas na região metropolitana do Rio de Janeiro. Só em 2017, tivemos uma média de 6 veículos dos correios roubados por dia no Estado do Rio de Janeiro.
Saques de caminhões tombados e compra de produtos roubados estão no mesmo saco das coisas que, se a população não fizesse, reduziria bastante o número de problemas que temos. Mas talvez, pedir isso seja como dizer a um viciado que ele financia o crime comprando drogas.
Em todos esses casos, o problema é o mesmo: educação, melhora da renda e das condições de vida. Apesar de termos caminhado bastante nas últimas décadas, ainda há muito o que fazer.